LUTA ANTIMANICOMIAL
Por: Rodrigo.Claudino • 24/1/2018 • 2.172 Palavras (9 Páginas) • 320 Visualizações
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pessoas que tiveram suas vidas destinadas ao
Colônia. Muitos dos pacientes morreram pelos choques elétricos, utilizados como forma de
calmante. Além dos procedimentos de lobotomia, o uso de camisas de força, tratamento
coercitivo como forma de amedrontar os demais pacientes também foram utilizados.
Como se não bastasse conviver com todos esses procedimentos terapêuticos, os pacientes
ainda tinham que enfrentam as más condições de higienização do local, que na verdade, não
existiam. Frequentemente os pacientes por estarem com fome, pois a comida era uma das
escassezes do lugar, se alimentavam de ratos que devido ao esgoto à céu aberto eram
constantes no Colônia. Os pacientes faziam todas as necessidades fisiológicas a céu aberto e
todo esse conteúdo permanecia no local durante dias, sem nenhuma limpeza. Para matar a
cede muitos se viam na alternativa de tomar a própria urina e banhar-se nas águas sujas do
esgoto. As más condições eram tão extremas, que nem mesmo vestimenta os pacientes
possuíam, muitos tiveram que queimar as roupas que tinham para se aquecerem a noite, pois
estes eram colocados para dormir no pátio e devido as baixas temperaturas da cidade de
Barbacena tentavam se aquecer fazendo uma fogueira com suas vestimentas. Os homens e
mulheres passavam os dias nus e com os pés descalços, tendo contato direto com todas as
impurezas do lugar.
O Colônia foi responsável pelo afastamento de famílias, por mortes de pessoas inocentes e por
maus tratos que marcaram para sempre a vida das pessoas que sobreviveram a esse lugar.
Estima-se que 190 pessoas sobreviveram a esse Holocausto, dados referentes ao ano de 2011.
Sabe-se que essas formas de tratamento não foram empregadas somente em Barbacena, mas
em vários manicômios e por isso a luta contra esses lugares se faz tão importante e foi graças
a ela e a várias discussões acerca desse assunto, que hoje foi possível chegarmos aos órgãos
que vieram para substituir esses péssimos modelos de tratamento. No entanto, ainda se faz
importante levarmos informações na tentativa de ampliarmos o olhar da sociedade para o tipo
de tratamento que pessoas com deficiência mental devem realmente ter.
Órgãos substitutivos aos modelos Manicomiais
Como dito no início desse trabalho, graças a reforma psiquiátrica e o Movimento da Luta
Antimanicomial temos hoje os modelos substitutivos dos manicômios, que mudaram
completamente e garantem uma série de direitos aos doentes mentais. Um deles, se não o
primordial, é a garantia ao acesso à cultura, a socialização e um tratamento digno.
Nos dias atuais temos vários centros de referência que dão assistência a pessoas com doenças
mentais, hospitais de internação particulares e aqueles disponibilizados pelo Ministério da
Saúde, como por exemplo, os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e os CERSAMs
(Centros de Referência em Saúde Mental). Esses órgãos podem ser considerados como
sinônimos e não como centros de referência distintos, a forma como são chamados só vão
depender dos municípios e da função que obtém conforme o Projeto de Saúde Mental que
fazem parte.
O funcionamento e a função dos CAPS
OS CAPS atuam de acordo com a portaria GM 336/2002 a qual fornece os critérios mínimos
para defini-los. Seu horário mínimo de funcionamento é das 08 às 18 horas, tendo dois turnos,
durante os 5 dias uteis da semana. Também existem os CAPS que atendem durantes às 24 h
de segunda a segunda. Estes são responsáveis pelos pacientes que obtém a deficiência mental
num grau mais avançado e persistente. Tem seu funcionamento em um ambiente
independente de qualquer estrutura hospitalar, com equipes próprias que trabalham
interdisciplinarmente. Dentre os recursos terapêuticos oferecidos estão: o atendimento
individual e coletivo, atendimento familiar, atividades que proporcionam o convívio social e a
interatividade com a comunidade, oficinas terapêuticas e visitas domiciliares.
Quando o paciente dá entrado ao CAPS tem atendimento individual diário com seu técnico de
referência, com o qual passa a ter um diálogo na busca de um melhor entendimento de si
próprio. Também se faz necessário em casos de crise, o auxílio com a higiene pessoal e os
cuidados com o corpo. A participação em atividades prazerosas e o contato com a família,
aspecto esse que tem grande importância para a reabilitação do paciente, ajudam para um
convívio de harmonia e um tratamento eficaz. O uso de medicamentos
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