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Fichamento Palavras para Nascer

Por:   •  3/4/2018  •  1.752 Palavras (8 Páginas)  •  339 Visualizações

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- Segundo a autora, a fusão da vida pré-natal não existe. Portanto, “o problema do baby blues não é desfazer a fusão entre mãe e filho” (p. 152).

- Sobre essa cisão afirma: “desde o momento em que a placenta assume a manutenção da gravidez pelos hormônios placentários, a fusão entre mãe e filho já se desfez. Ou seja, no quarto mês depois da concepção. [...] Se há intermediário, é porque há troca entre a mãe e a criança: em nenhum caso há fundamento para dizer que eles fazem apenas um”. (p. 153).

- “O baby blues aí está para permitir que afirmemos que são as palavras pronunciadas ao bebê que lhe são autonomia. Dando sentido às suas emoções, essas palavras e os desejos que elas veiculam permitem que ele as ‘pense’. Dessa forma, instauram a criança na sua dimensão de sujeito desejante autônomo, decido a enfrentar seu próprio futuro”. (p. 153).

- Ao contrário dos adultos, em que as “camadas a atravessar são inúmeras”, os recém-nascidos são mais acessíveis “pois os estratos não são tão numerosos”: “o recém nascido entende mais rápido o que lhe permite ingressar na vida simbólica (p. 154-155).

- O exemplo de Gerard – um recém-nascido enlutado (p. 155): passara suas primeiras 48 horas de vida chorando na sua incubadora da unidade canguru.

- “Que Gérard chore a sua irmã é algo concebível, mas que ele esteja inconsolável só se explica se imaginarmos que a tristeza vem de outro lugar e espera ser nomeada” (p. 156).

- “pergunto-me se a gêmea não morreu pela enormidade desse peso que pesava sobre ela: terá ela se sacrificado no altar da neurose familiar? Que desejo de vida do feto, submetido aos significantes da história materna, foi afetado ao ponto de não conseguir nem crescer suficientemente nem nascer? Se a ética do feto é viver, o que acontece com aqueles que renunciam no meio do caminho?” (p. 158).

- “Do nascimento à vida simbólica, um passo tem de ser dado, e esse passo tem de vir acompanhado de palavras. [...]. O momento de o recém-nascido se tornar sujeito depende certamente dele. Mas também depende de seus pais e do momento em que eles podem autorizá-lo a ser ele mesmo”. (p. 158).

Baby blues, mummy blues, daddy blues

- baby blues e a castração umbilical/fetal: “A ação que vem consagrar o baby blues é da ordem da castração” (p. 159).

- Castração fetal [corte simbólico]: “É na medida em que essa castração umbilical se inscreveu para eles [pais], na medida em que eles possam reconhecer o recém nascido como alguém que não se reduz a ser apenas o fruto de sua carne, que eles possibilitam a essa criança o acesso à metáfora paterna [existência simbólica]. (p. 159).

- “É uma castração simbolígena. É um esforço de nomeação e ao mesmo tempo o reconhecimento do singular da criança numa linhagem que vai além de seus pais.” (p. 160).

- “O começo da utilização da voz com fins de comunicação é uma simbolização, uma realização”. “O lactente, filho da linguagem, é um pensador: ele reage em função do modo como as coisas reagem em torno dele. Suas emoções-sensações não são simplesmente afetos, mas as primeiras modalidades de suas capacidades de pensar” (p. 161).

Castração da mãe

- “Do lado da mãe, a castração consiste em aperceber-se de que ela tem diante de si um verdadeiro ser humano, um sujeito bebê. [...]. O corpo do filho era locatário seu, mas nem por isso ela é sua proprietária” (p. 162).

- o caso de Anne (p. 164): fruto de uma gestão de trigêmeos. Com pouco peso segue para a incubadora onde é entubada – “Era preciso que Anne pelo menos escutasse da mãe que o luto e a depressão do começo da gravidez não correspondiam ao desejo de seus pais de livrar-se de um de seus filhos; que ela soubesse que ele não exigiam que ela ocupasse o lugar da vítima de um sacrifício não desejado por eles”. (p. 165).

- “aconselho essa mãe a contar tudo isso para sua filha Anne, que também parece estar se apagando para não incomodar [era assim que a mãe se sentia no seio familiar: apagada]: dizer-lhe quem ela é na sua fratria e na sua linhagem, qual o lugar dela” (p. 166).

- Apesar dos esforços/intervenções, “Anne parou de lutar no fim de seu primeiro ano de vida” (p. 167).

- “A criança é a realização concreta das linhagens tanto paternas quanto maternas da mãe (e também do pai, aliás). Na lembrança de seus ascendentes figuram, em filigrana, os vivos e os desaparecidos, o que deles se diz e o que é omitido, a homenagem prestada ou não aos mortos da família. A criança presentifica tudo isso de forma abreviada. Ela é o resultado tanto da potencialidade dessa mulher para ser mãe no âmbito dessas linhagens, como de sua aliança com um homem-pai e sua própria linhagem. Cabe a ela renunciar pela castração a considerar o filho apenas como fruto de suas entranhas. É essa castração da mãe que torna possível a castração simbolígena da criança. [...]. É nesse sentido que o baby blues, [...] tem por efeito libertador aspirar a criança para a vida (p. 167-168).

Castração do pai

- angina [dor no peito]

- “Um pai pode fazer uma angina, mas ele também pode chegar a fazer um baby blues, do jeito dele”. (p. 169).

- “O problema desses “acidentes” é que eles levam esses pais a uma autêntica regressão infantil em seus corpos. [...] qualquer coisa serve para coloca-los numa posição de criança de quem é preciso cuidar, num momento em que uma outra criança real absorve a atenção da mulher. A castração consiste

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