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A Psicologia hospitalar

Por:   •  3/12/2018  •  7.567 Palavras (31 Páginas)  •  328 Visualizações

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Ao elegermos como objeto de pesquisa a preparação que os graduandos em Psicologia recebem em sua formação, nos questionamos sobre como se dá o estágio prático. Faz se necessário indagar se os psicólogos recém formados estariam capacitados para atuar nas estruturas hospitalares disponíveis em território nacional.

1.2 Percursos Históricos Traçados pela Psicologia Hospitalar

Segundo Salto (2007) a origem dos hospitais ocorreu no período histórico chamado de Idade Média de acordo com a cronologia ocidental. A prática hospitalar era diferente da realizada na atualidade, devido ao fato de que os hospitais eram responsáveis por alojar pobres e pessoas portadoras de doenças contagiosas. Essas instituições tinham como filosofia proteger a sociedade, por conta do contexto histórico hostil próprio desse período. Os hospitais da época eram conhecidos como ambientes sem esperança, destinados às pessoas no fim de suas vidas. É interessante ressaltar que não havia a figura do médico, implícito nas atividades hospitalares, fato que se deu após a reforma médica.

De acordo com Salto (2007), o ambiente dos hospitais marítimos foi propício para que ocorresse a reforma médica, devido ao fato de ser um local onde reuniam-se diversos problemas como epidemias e tráfico de mercadorias. Foi necessária a imposição de diversas regras para que houvesse a mudança de hábitos em relação aos procedimentos e finalidades destinadas a imagem dos hospitais. De ambiente pouco convidativo tornou-se um ambiente propício à cura. Mello (2008) reconhece que:

Os hospitais, a partir do final do século XIX, com o aparecimento da medicina científica, da tecnologia e da infraestrutura mais sofisticadas, deixaram de ser espaços para abrigarem pobres e doentes e passaram a proporcionar tratamentos que não tinham indicação de serem realizados em casas. É importante observar que ele tornou-se hegemônico na área da saúde no Brasil, com assistência predominantemente curativa, dentro do modelo médico, ou seja, de enfoque biológico, técnico e positivista (p.18).

Segundo Mello (2008), hoje os hospitais tornaram-se lugares de tratamento, porque a internação hospitalar básica tornou-se uma das modalidades disponíveis para este fim. Atualmente o atendimento ambulatorial é bastante valorizado porque tem contribuído a melhorar a qualidade do atendimento, bem como diminuir riscos para o usuário e também diminuir custos. (Moreto, 2004 apud Mello, 2008) afirma que:

A especialidade Medicina da Família surge como um caminho para humanizar a medicina, pois os componentes básicos da referida especialidade são a educação médica, a atenção primária à saúde, o humanismo e a formação de lideranças. Em relação ao humanismo, ressalta a importância de oferecer experiências, tais como, literatura, poesia e teatro, além de utilizar o cinema como estratégia metodológica para ajudar na formação profissional (p.8).

1.3 Inserção de Psicólogos em hospitais no Brasil

O conselho Federal de Psicologia - CFP (2003) define

que o psicólogo especialista em psicologia hospitalar tem sua função centrada nos âmbitos secundários e terciários de atenção à saúde, atuando em instituições de saúde e realizando atividades como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatórios e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria.

Como sublinha Tonetto e Gomes (2007), o psicólogo possui autonomia em uma instituição hospitalar em relação ao poder de avaliação da demanda existente. Do mesmo modo se a necessidade de trabalho parte dos pacientes, por exemplo, deverá verificar se existe interesse por parte da clientela em abordar determinados assuntos, também verificar a necessidade da continuidade de um tratamento psicológico junto ao paciente em situações de alta hospitalar. Quando provem da equipe que compõe o quadro de colaboradores sua atuação é voltada a orientação procurando sempre resultados em um curto espaço de tempo. Tonetto e Gomes (2007) salientam que:

O hospital contemporâneo pode ser caracterizado pelas interações interprofissionais e pelo trabalho em equipes multidisciplinares. Em equipes multidisciplinares, compete ao psicólogo: esclarecer sobre acontecimentos biológicos que provocam mudanças significativas na vida das pessoas; informar sobre causas, consequências e tratamento de doenças que os pacientes apresentam; assegurar a adesão ao tratamento; auxiliar na adaptação à nova condição de saúde; propiciar trocas de experiência entre pessoas que enfrentam situações semelhantes; criar oportunidades de contato com a equipe para esclarecer dúvidas, comunicar normas e rotinas de determinada unidade, e avaliar a qualidade dos serviços oferecidos pela instituição(p.44).

Salto (2007), salienta que o cotidiano de um psicólogo hospitalar é lidar com a fragilidade de pacientes e familiares tendo como uma de suas metas a redução do sofrimento psíquico que envolve a hospitalização e as causas dela, uma vez que são fatores que influem nos quadros clínicos.

Tonetto e Gomes (2007), reconhecem que o profissional de psicologia também atende à demanda de treinamentos internos; pode exercer o cargo de supervisor, tendo como características primordiais: a) a flexibilidade com relação às funções que deve exercer, b) a capacidade de lidar com frustrações e perdas c) entendimento e compreensão para lidar com situações não verbais, d) a capacidade de utilizar os recursos que a instituição dispõe as necessidades inerentes a cada caso, pois o dia a dia do ambiente hospitalar requer esta aptidão.

Na maioria das vezes os indivíduos que estão passando por um processo de hospitalização carregam sentimentos negativos, incertezas na recuperação e no prognóstico de suas doenças, momentos sempre vividos com muita tensão, marcados por uma desestabilização entre a rotina dos familiares e de sua própria rotina. Segundo Stenzel, Paranhos e Ferreira, (2012):

A doença é uma causa relevante de sofrimento e pode desordenar significativamente a vida de uma pessoa. Assim, a atuação de um profissional da psicologia se torna indispensável no cenário hospitalar, pois o impacto da doença diagnosticada e da hospitalização altera o modo de viver tanto do paciente quanto de sua família (p.39).

Uma das principais funções do psicólogo no âmbito hospitalar

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