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Depressão pós-parto: fatores de risco e repercussões no desenvolvimento infantil

Por:   •  21/9/2018  •  1.619 Palavras (7 Páginas)  •  349 Visualizações

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A relação entre DPP e parto de emergência foi investigada por Koo, Lynch e Cooper sendo evidenciado um risco relativo de 1,81 de desenvolvimento de DPP em mulheres que tiveram parto de emergência quando comparadas a mulheres que tiveram parto sem alterações clínicas significativas. Por outro lado, Parker não encontrou evidências que relacionem a vivência de um parto traumático e o risco de desenvolvimento de DPP.

O risco para episódios no pós-parto com características psicóticas é particularmente aumentado em mulheres com episódios de humor anteriores ao pós-parto, mas também é elevado entre as que têm um histórico prévio de Transtorno do Humor (especialmente Transtorno do Humor Bipolar do tipo I). Caso uma mulher tenha tido um episódio no pós-parto com características psicóticas, o risco de recorrência a cada parto subseqüente situa-se entre 30 e 50%. Também existem algumas evidências de risco aumentado de episódios psicóticos de humor no pós-parto entre mulheres sem um histórico de Transtornos do Humor, mas com um histórico familiar de Transtornos Bipolares.

Repercussões na relação mãe-bebê e no desenvolvimento infantil

Um número considerável de estudos tem evidenciado que a DPP está associada a resultados cognitivos e socioemocionais adversos em crianças. A duração da depressão relaciona-se com uma redução na afetividade e cuidados direcionados à criança, resultando em prejuízo no desenvolvimento cognitivo e social no primeiro ano de vida. Diante da possibilidade de repercussão negativa do estado depressivo da mãe no desenvolvimento infantil, a influência da depressão materna no primeiro ano do bebê tem sido intensamente investigada.

Existe uma associação entre DPP e problemas posteriores do desenvolvimento das crianças, incluindo transtornos de conduta, comprometimento da saúde física, ligações inseguras e episódios depressivos. Os sintomas de depressão interferem em todas as relações interpessoais, especialmente no desenvolvimento da interação entre a mãe e seu bebê. Tronick e Weinberg relatam que, durante a interação social, as mães com DPP expressavam mais afeto negativo e eram menos envolvidas com seus bebês do que mães que não apresentavam DPP, podendo apresentar um comportamento de retraimento ou de intrusividade na relação com seus bebês. Os filhos de mães deprimidas apresentaram dificuldades para se envolver e manter uma interação social, tendo déficits na regulação dos seus estados afetivos. Os bebês olhavam menos para suas mães e expressavam menos afeto positivo e mais afeto negativo. Aos 12 meses, muitos desses bebês apresentaram baixos desempenhos em testes de desenvolvimento e altos níveis de apego inseguro com a mãe.

Com relação aos companheiros de mulheres que apresentam DPP, estes também podem apresentar depressão após o nascimento do bebê, estando relacionada à depressão materna. A DPP na mulher é identificada como o mais forte preditor de depressão paterna no período pós-parto. Esta forte correlação tem importantes implicações no bem-estar da família.

No que se refere aos aspectos biológicos, este período é singular no que tange ao grau de alterações neuroendócrinas e ajustamentos psicossociais, ao impacto potencial da amamentação, ao planejamento do tratamento e às implicações a longo prazo de um histórico de Transtorno do Humor pós-parto no planejamento familiar subsequente. A desnutrição da criança e a baixa inteligência materna foram significativamente associadas com depressão pós-parto.

A ocorrência da DPP nos primeiros meses de vida do bebê pode estar associada a uma série de dificuldades relacionais na díade, e pode ter importantes conseqüências no desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança. O reconhecimento da DPP é importante não apenas para a compreensão e o tratamento da mãe, mas também por seus efeitos negativos sobre o relacionamento entre a mãe e o bebê, e sobre o aprendizado e desenvolvimento social e emocional da criança. A prevenção da DPP é a melhor forma de evitar tais efeitos, e o apoio social é um dos fatores mais vitais da prevenção.

Considerações finais

Os estudos revisados indicam que a depressão pós-parto tem etiologia multifatorial, atingindo um significativo número de mulheres no pós-parto. A DPP pode se manifestar com intensidade variável, tornando-se um fator que dificulta o estabelecimento de vínculo afetivo favorável entre mãe e filho, podendo interferir na qualidade dos laços emocionais futuros. Há evidências de associação entre a DPP e prejuízo no desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança.

É importante a investigação a respeito das vivências da mulher durante a gravidez e, especialmente, como está se sentindo no pós-parto, bem como se ela conta com uma rede de apoio social que dê sustentação às mudanças psíquicas vividas com o nascimento de um bebê.

O reconhecimento do estado depressivo da mãe é fundamental e, às vezes, difícil em razão das queixas psicossomáticas que podem sugerir somente problemas orgânicos. É necessário que esta experiência, vivida subjetivamente pela mulher, possa ser detectada para ajudá-la no processo de reconstrução.

Pode-se pensar que a detecção precoce dos fatores de risco envolvidos na DPP, realizada mediante o acompanhamento das gestantes, seja um fator im-portante para a prevenção da própria DPP e das repercussões na interação mãe-filho. Com isto abre-se a possibilidade de auxílio à mulher, e a sua família, principalmente durante a gestação e o puerpério.

Na perspectiva da Psicologia da Saúde, considera-se

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