EFEITO DA PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS POR SEIS SEMANAS SOBRE O ESCORE DO INVENTÁRIO DE DEPRESSÃO DE BECK - BDI
Por: Sara • 19/4/2018 • 4.422 Palavras (18 Páginas) • 485 Visualizações
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Palavras-chave: Atividade Física. Depressão. Psicologia do Esporte
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a partir de um apanhado histórico sobre a industrialização e automatização das atividades laborais e até mesmo as de lazer, o homem moderno tem trabalhado e vivido de forma que se realizem cada vez menos suas tarefas de modo manual, afastando-o de esforços físicos, riscos por exposição a situações de periculosidade e acesso a ambientes insalubres, o que contribui deforma muito expressiva para o aumento da qualidade de vida e longevidade, por exemplo.
Em contrapartida, toda essa revolução tecnológica terminou por isentar, quase que por completo, o esforço físico para realização de diversas atividades, de forma mais intensa no âmbito profissional, mas também no tempo que deveria ser dedicado ao lazer, já que as atividades recreativas estão sendo substituídas cada vez mais pela tecnologia, contribuindo para um aumento considerável de indivíduos sedentários e, por sua vez, expondo o homem a riscos de saúde desencadeados por hábitos não saudáveis de vida.
Ao passo que os avanços tecnológicos possibilitaram um avanço, por exemplo, na medicina, dando condições para uma melhor qualidade de vida a partir de exames preventivos assertivos e tratamentos e medicamentos de grande eficácia, os indivíduos que eram fisicamente ativos e psicologicamente saudáveis hoje entram para a estatística de pessoas que apresentam quadro de sedentarismo, depressão, ansiedade e stress.
No que tange a depressão, que é foco deste estudo, diversas pesquisas apontam que a exposição a fatores estressantes contribui para o desenvolvimento de sintomas depressivos e que estes comprometem a realização de, até mesmo, tarefas simples do cotidiano.
De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization – WHO), a depressão está entre as principais doenças mundiais e estará em segundo lugar até o ano de 2020. No Brasil as pesquisas foram realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e divulgados pela Pesquisa Nacional de Saúde (2013), e indicaram que mais de 11 milhões de brasileiros foram diagnosticados com depressão por profissionais de saúde.
Conceituar depressão tem sido um desafio até mesmo para autores especialistas no assunto (GONGORRA, 1981). A tradução desta palavra em latim significa abatimento, porém, de forma geral, este termo tem sido utilizado para descrever um estado físico-cognitivo anormal de um ser, normalmente caracterizado por profunda tristeza. Contudo, Del Porto (1999, p. 7) contrapõe que:
Embora a característica mais típica dos estados depressivos seja a proeminência dos sentimentos de tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam a sensação subjetiva de tristeza. Muitos referem, sobretudo, a perda da capacidade de experimentar prazeres nas atividades em geral e a redução do interesse pelo ambiente.
Diante do exposto, fica sugestivo assumir que a intervenção farmacológica seria a mais apropriada, pois o sujeito não precisaria se submeter a esforços físicos ou se expor a experiências novas ou modificar, de forma importante, seu estilo de vida. Por outro lado, tendo em vista que o tratamento farmacológico não pode ser feito sem acompanhamento pelo terapeuta para avaliar a eficácia da droga, considera-se também a intensidade dos efeitos colaterais associados e dos altoscustos que envolvem este tipo de tratamento (MATTOS, 2004), face ao poder aquisitivo da maior parte da população. Outro fator a considerar é a falta de entendimento dapopulação em geral acerca do mecanismo de ação destas drogas e da importância de não interromper bruscamente o tratamento (SOUZA, 1999), tais condições fazem com que muitos pacientes descontinuem o tratamento.
Em um estudo comparando custo-benefício, Chisholm (2016) afirma que, tendo em vista que o paciente depressivo reduz exponencialmente suas atividades laborais, o gasto com programas de tratamento e prevenção de recaídas seria vantajoso do ponto de vista da economia do país, pois pessoas mentalmente saudáveis e ativas produziriam mais.
No entanto, afirma Chisholm (2016, p. 415):
Como resultado deste investimento limitado em saúde mental pública, existe uma diferença substancial entre a necessidade de tratamento e a sua disponibilidade . Esta [...] lacuna de tratamento [...] também tem consequências inevitáveis para os empregadores e governos, como resultado da diminuição da produtividade em trabalho, taxas reduzidas de participação trabalhista[...].
Portanto, pessoas que apresentam os sintomas de depressão acabam prejudicadas por seus efeitos em vários aspectos da vida como trabalho e sociabilização.
A partir dos dados apresentados e considerando a baixa adesão aos tratamentos farmacológicos conforme sugerem estudos realizados sobre o assunto, é compreensível que aumente a procura por tratamentos alternativos não farmacológicos e de baixo custo, como a atividade física (SILVEIRA, 2004).
Como conceito, Caspersen (1985, apud GUEDES, 1995) contribui que atividade física é todo e qualquer movimento dos músculos esqueléticos com um gasto energético maior que o de repouso. Da Silva Reis (2012) traz que Franz e Hamilton foram os pioneiros nos estudos que correlacionam atividade física no tratamento clínico de depressão e verificaram uma evolução nos pacientes deprimidos.
[...] evidências crescentes sugerem que a inatividade física constitui um fator de risco para o desenvolvimento de um quadro depressivo e, do mesmo modo, a promoção de uma vida ativa constitui um método preventivo no aparecimento de sintomas depressivos [...] (GALPER, D.I., 2006 apud DA SILVA REIS, A.S., 2012, p. 24).
Os mecanismos pelos quais as práticas regulares de exercícios e atividades físicas afetam o humor ainda não são claros. As hipóteses encontradas na maioria dos estudos realizados apontam que há uma liberação maior de serotonina, dopamina e noradrenalina durante e após a atividade física e que o aumento da síntese desses neurotransmissores sugere que seus efeitos amenizem os sintomas depressivos (GUERRA, 2012).
A relação do tratamento da depressão e transtornos de comportamento com prática de atividades físicas e esportivas tem sido muito estudada, para que seja possível identificar seus efeitos nos aspectos sociais e psicológicos de seus praticantes, assim sendo, a atividade física tem sido utilizada como ferramenta para redução desses sintomas. Carron (2003) contribui
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