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A Educação Física no Ensino Médio: Relatos de uma experiência vivencial

Por:   •  17/5/2018  •  3.943 Palavras (16 Páginas)  •  340 Visualizações

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Assim, os PCNEM (2000) são orientações importantíssimas para a condução do processo educativo dos professores que atuam com um público muito heterogêneo, seja no aspecto etário ou comportamental, ainda mais em Educação Física, que apresenta dificuldades ainda maiores quanto à imagem esportivista criada ao longo dos anos da ainda jovem história educacional brasileira e a falta de estrutura física escolar que possibilite uma nova e adequada ação pedagógica.

Para isso é preciso pensar em uma proposta curricular pedagógica abrangente às inúmeras especificidades apresentadas por essa demanda educacional, pois um currículo enrijecido e pautado em um modelo de ensino autoritário e descontextualizado com as mudanças do presente são motivos fundamentais para o fracasso escolar brasileiro.

No entanto, o fator de estrutura e espaço teve de ser considerado e solucionado com estratégias adaptativas que se tornaram em proposta de intervenção pedagógica, cuja proposição será apresentada neste trabalho como experiência exitosa desenvolvida no contato direto com a docência da Educação Física no Ensino Médio.

Portanto pensamos as práticas educativas além dos conteúdos específicos da disciplina escolar, para garantir, de acordo com a Lei de Diretrizes e Base 9394/96, Art. 27, Inciso IV, a promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais. Com isso oportunizamos aos alunos da turma escolhida a vivência escolar com os esportes coletivos lúdicos e competitivos como parte da sua formação corporal, motora, psíquica e social.

Contudo, o presente trabalho tem a finalidade de apresentar as experiências vividas nessa modalidade de ensino, relatando as dificuldades encontradas e os pontos positivos observados, de forma crítica e construtiva, além do apontamento de desafios a serem enfrentados.

1.2 COMPREENDENDO A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO

A Educação Física no Ensino Médio enfrenta desde sempre obstáculos ainda maiores que os das etapas escolares anteriores, visto que as escolas da rede pública não dispõem de elementos muito importantes para atrair os alunos dessa faixa etária, como espaços adequados às atividades práticas, equipamentos esportivos e, principalmente, profissionais habilitados para a docência. É comum encontrarmos professores das mais variadas formações e/ou até leigos lecionando essa disciplina como complemento da carga horária ou preenchendo essa lacuna por falta de docentes. Com isso, o prejuízo educativo aos alunos faz com que estes não reconheçam a importância da disciplina.

De acordo com Santin (1987, p.46):

A Educação Física nem sempre foi considerada de capital importância, nem mesmo por alguns de seus profissionais, porque não é posta como uma real educação humana, mas apenas como suporte para atividades esportivas, acabou sendo uma disciplina dispensável. “SANTIN, 1987, p. 46”

Contudo, sabemos que essa visão não é privilégio negativo do presente, e sim, o resultado de um processo histórico de entendimento da Educação Física Escolar como mero componente para preenchimento da carga horária semanal e objeto de interesses muitas vezes impróprios ao sentido educacional. Tal afirmação pode ser corroborada por Gonçalves (1997, p.135) ao colocar que:

Ao longo da história, a Educação Física como instituição, do mesmo modo que a Educação, representou diferentes papeis, adquiriu diferentes significados, conforme o momento histórico, e tem sido utilizada, muitas vezes, como instrumento do poder, para veiculação de ideologias dominantes e preservação do status quo. [...] na sociedade brasileira, por exemplo, a Educação Física escolar assumiu funções com tendências militaristas, higienistas, de biologização e de psicopedagozização, tendências ligadas a momentos históricos e que, ainda hoje permeiam sua prática. “GONÇALVES,1997, p.135”

Como consequência, estamos presenciando uma grave preocupação na saúde pública com um grande número de doenças desenvolvidas pela população devido à vida sedentária que leva. Contudo, não afirmamos que este problema tenha-se dado pela falta da educação física escolar, mas certamente esta seria uma importante ferramenta de incentivo à práticas saudáveis dentro e fora da escola.

Os alunos do Ensino Médio são os que mais sofrem com a precariedade educacional ligada à Educação Física, principalmente os que estudam no turno noturno, como é o caso da turma relatada neste trabalho, pois além da falta de estrutura física, a grade curricular desta modalidade só contempla 01 (uma) aula por semana. Por mais que se tente contornar os problemas, há outros que inviabilizam a mudança desejada.

Com isso, aqueles que ainda estão estimulados a praticar algum esporte, seja por prazer ou por competição, são obrigados a encarar uma realidade muito aquém dos seus sonhos. Daí ao sedentarismo é um passo muito rápido, pois logo perderão o tempo livre e a vitalidade para a obrigação do trabalho diário. Portanto, este é o cenário encontrado em uma realidade específica, mas que normalmente se repete na maioria dos casos.

1.3 A EDUCAÇÃO FÍSICA E A ESCOLA ESTADUAL RUI BARBOSA

Assim como grande parte das pequenas escolas públicas do Estado do Rio Grande do Norte, a Escola Estadual Rui Barbosa apresenta o mesmo problema histórico quanto à Educação Física como componente da grade curricular obrigatória.

Na prática, esse histórico se reflete em alguns pontos percebidos durante o período de investigação para este trabalho, a começar pela ausência de formação acadêmica apropriada do professor titular de educação física, que leciona a disciplina para completar a sua carga horária. Tal fato é facilmente comprovado em muitas outras escolas brasileiras, justificável pela falta de profissionais dessa área de ensino, o que demonstra uma lacuna de políticas públicas para formação e capacitação de professores, haja vista que, segundo o Coletivo de Autores,

Todo educador deve ter definido seu projeto político pedagógico...É preciso que tenha bem claro: Qual o projeto de sociedade e de homem que persegue? Quais os interesses de classe que defende? Quais os valores, a ética e a moral que elege para consolidar através de sua prática? Como articula suas aulas com este projeto maior de homem e de sociedade? (1992, p.26)

Outro ponto importante detectado é a ausência de livros didáticos de Educação Física para os alunos, dificultando o acesso aos conteúdos

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