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A Distanciamento entre Educação Permanente e Processos de Trabalho

Por:   •  25/1/2018  •  Resenha  •  4.997 Palavras (20 Páginas)  •  359 Visualizações

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Educação permanente

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Distanciamento entre Educação Permanente

e Processos de Trabalho

Edilson Marçal de Souza

Bacharel em Letras (Português/Inglês), em Serviço Social

Especialista em Comunicação, Gestão Pública, Estratégia Saúde da Família

Especializando em Gestão de Recursos Humanos e Educação em Saúde

RESUMO:

Distinguir educação permanente de educação continuada, bem como consolidar a ideia de que a educação permanente só pode existir e se efetivar integrada aos processos de trabalho é um grande desafio, principalmente na saúde pública do Brasil. Questões conceituais, modelos de formação profissional, metodologias de ensino e modelos de gestão são os principais entraves ao desenvolvimento de um processo estruturado de educação permanente. Afinal, educar conduz a mudanças, que são necessárias nem sempre bem recebidas. A proposta é iniciar o processo educativo, ainda que as bases não estejam bem firmadas, na esperança de que o simples processo de educar de forma permanente já conduz a mudanças.

PALAVRAS CHAVES: Saúde, educação permanente, SUS, humanização.

ABSTRACT:

The distinction between permanent education and continuing education, and also how to consolidate the idea that permanent education can only stand and be effective when integrated in working process, constitutes a major challenge especially in the context of public health in Brazil. Conceptual issues, training models, teaching methodologies, and management models are the main barriers to the development of a structured process of permanent education. After all, education leads to changes that are necessary but not always well accepted. The purpose is to start the educational process, even if the bases are not well established, in the hope that the search of permanent educating, by itself, leads to changes.

KEY WORDS: Health, permanent education, SUS, humanization.

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INTRODUÇÃO

A educação permanente, por conceito, deve ser parte dos processos de trabalho, de forma que não se admite a idéia de educação permanente sem considerar a prática laboral. No entanto, há distanciamento histórico entre a formação, a educação e o exercício profissional. Assim, formação é algo que se processa na escola, enquanto que trabalho se desenvolve na instituição empregadora. Complementar a formação pressupõe afastamento do trabalho para ‘treinamento’. Nessa cultura que dissocia educação e trabalho, dificilmente se observa o ato de aprender como parte do trabalho e o ambiente de trabalho como local de formação permanente.

A educação permanente é o encontro entre o mundo da formação e do trabalho, no qual o aprender e o ensinar incorporam-se ao cotidiano das organizações. Baseia-se na aprendizagem significativa e desenvolve-se a partir dos problemas diários que ocorrem no lócus de atuação profissional, levando em consideração os conhecimentos e as experiências pré-existentes da equipe (LOPES, 2007).

Além disso, observa-se que o senso comum tem divergências de entendimento sobre educação permanente (normalmente confundida com educação continuada). Existe ampla literatura sobre processo de trabalho, mas raramente a educação permanente está contemplada como parte desse processo.

A questão da formação e capacitação de recursos humanos em saúde sempre foi relegada a segundo plano, não se definindo o papel da universidade dentro do novo sistema de saúde. Propõe estratégias globais específicas de mudanças para a graduação e educação continuada (BELACIANO, 1996).

Ribeiro e Motta (1996) alertam para os fundamentos metodológicos que diferenciam educação permanente e educação continuada. A produção teórica sobre o campo da educação permanente permite, ‘a nosso juízo’, que se faça uma distinção clara e inequívoca entre educação continuada e permanente, ‘apesar de ambas conferirem uma dimensão temporal de continuidade ao processo de educação correspondente às necessidades das pessoas durante toda a vida, assentam-se em princípio metodológicos diversos’.

Observa-se na prática diária que a educação e o trabalho são consideradas atividades distintas, como etapas diferentes do desenvolvimento do profissional. Assim, o sujeito estuda, forma-se, habilita-se para o trabalho e, depois disso, inicia suas atividades na área para a qual foi formado. Caso precise de nova formação ou especialização (percepção e decisão que se origina normalmente no sujeito e não em sua equipe), volta à escola (afastando-se do trabalho) e recebe atualizações teóricas, nem sempre agregando os novos saberes ao labor.

Mais recentemente, há um resgate da necessidade de educar permanentemente os profissionais. No entanto, muitas iniciativas de educação estão focadas na escola, com técnicas e métodos especiais, com enfoque tradicional e com uma postura que afasta o trabalhador de seu ambiente, dificultando a aproximação entre a formação e a práxis. Diante disso, o Ministério da Saúde vem propondo modelos e políticas voltadas para a educação permanente, apesar dos desencontros conceituais ainda existentes.

Todo município deve formular e promover a gestão da educação permanente em saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade da atenção à saúde, criando, quando for o caso, estruturas de coordenação e de execução da política de formação e desenvolvimento, participando do seu financiamento (DAVINI, 2009).

Devido a essa percepção, é necessário resgatar e analisar conceitos apresentados na bibliografia e relacionar a educação permanente aos instrumentos de gestão do trabalho.

Para isso, é relevante resgatar e analisar os conceitos apresentados na bibliografia e discuti-los, apontando a educação como parte indissociável da prática de trabalho, inserida nos instrumentos de gestão do trabalho, onde toda a equipe e a instituição participem, com transformação para o processo como um todo e não para atender aos interesses individuais ou de um determinado segmento. A educação permanente, vista por esse outro ângulo, transforma

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