EDUCAÇÃO INDIGENA TRUKA
Por: Juliana2017 • 5/9/2018 • 6.364 Palavras (26 Páginas) • 286 Visualizações
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RESUMO............................................................................................................26
CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES..................................................................27
REFERÊCIAS BIBLIOGRAFICAS....................................................................28
Anexos..............................................................................................................29
INTRODUÇÃO
Os Truká são localizados na Ilha de Assunção, no município de Cabrobó - PE, banhado pelo Rio são Francisco, com aproximadamente 6.200 há na ilha grande e 2.200 há nas ilhotas, com uma população de aproximadamente 6.500 índios de acordo com os dados da Fundação Nacional de Assistência à saúde-FUNASA (2011) e lideranças. Vale frisar que existem dois pequenos grupos de extensão dos Truká: um na Tapera no município de Orocó- PE e outro em sobradinho no estado da Bahia (terras em processo de retomada). Essas aldeias foram sendo formadas em função de migração forçada que, expulsos do território por não índios foram obrigados a se territorializar em outras áreas da região do São Francisco.
O objetivo desse trabalho é mostrar como povo Truká se organiza enquanto instituição de ensino Estadual, com suas especificidades postas e garantidas na constituição e no currículo escolar.
Não é por acaso que nossos parentes estão espalhados pelo São Francisco, pois o povo Truká pertence ao tronco Kariri o qual ocupava todo o sertão do São Francisco desde o tempo da colonização (OPIT,2008).Espalharam-se por Rodelas, Águas Belas, Serra do Umã e outros lugares, apesar de todo o sofrimento no chamado ciclo do gado, algumas famílias permaneceram nas ilhotas do São Francisco, segundos relatórios de Frei Martinho de Nantes, capuchinho francês que atuou nas missões sertanejas e descreveu as batalhas travadas pelos indígenas habitantes das ilhas do São Francisco contra os criadores de gado sustentados pelos Garcia D’Ávila (família de confiança de Dom Pedro II ) (OPIT,2008.)
A história dos Truká é repleta de movimentos de sofrimentos e vitórias. Está alicerçada na luta pela terra e no fortalecimento da nossa cultura e costumes. Segundo os mais velhos, durante muito tempo o nosso povo foi proibido de praticar os seus rituais e as nossas terras foram vendidas pela igreja e invadidas pelos fazendeiros da região. Até que um dia o índio Acilon Ciriaco teve um sonho que foi revelado pelos Encantos de Luz e a partir daí ele deu continuidade aos trabalhos de índios junto com o seu povo e com João Amaro, que no ano de 1949 foi embora para Minas Gerais. Então, Acilon Ciriaco convidou Antônio Cirilo que trabalhava na Ilha da favela para darem seguimento aos trabalhos que deveriam ser feito; a confirmação da identidade e a retomada das nossas terras.
Desde Acilon e Antônio Círilo que o povo Truká vem se organizando e retomando o seu território tradicional. Aluta pela terra é o ator de mobilização do nosso povo e das outras lutas estão atreladas a ela. Um exemplo é a nossa luta pela educação escolar diferenciada.
Há aproximadamente 13 anos, iniciamos o processo de retomada da educação escolar indígena, pois até então, vivíamos sob o regime de imposição do sistema do município, onde o mesmo não respeitava nossa forma de organização e condução das nossas escolas, as crianças não eram respeitadas, nem do ponto de vista da idade do aprendizado, nem do ponto de vista sociocultural, isto é, as crianças de 04 a 06 anos frequentavam a mesma turma de crianças maiores, de 07 a 12. Além disso, não havia uma educação escolar própria para o contexto indígena. Dessa forma, a criança não era entendida como ser capaz de produzir conhecimentos e como ser de uma cultura específica.
No ano de 1999, no contexto da retomada do restante da ilha da Assunção, demos início também a retomada das escolas Truká, em seguida, no ano de 2002 com a estadualização, fortalecemos nossa organização e tomamos força com o apoio das lideranças para conduzir o processo educacional e dizer para o governo estadual que a partir de então, a educação escolar indígena teria outra cara, "a nossa cara" e criou-se um lema que contemplou todos os povos." Educação é um direito mais tem que ser do nosso jeito". Baseado nesse lema, todos os povos se organizaram para refletir e decidir a educação que queríamos. Daí nasceu a Organização dos Professores Indígena Truká-OPIT, e com ela a nossa autonomia para pensar e fazer acontecer a educação que queremos, obviamente, baseada na Constituição Federal de 1988, art. 232 que garante a educação pra os povos indígenas.
Concretizando nossa autonomia, fizemos várias reuniões para acordar o tempo escolar para às criança pequenas de 0 a 03 anos. Foi aí que nasceu a ideia em consenso com as lideranças, professores e comunidade de que o tempo escolar para a nossa educação infantil seria a partir dos 04 anos de idade. Na nossa cultura compreendemos que do nascimento até 04 anos é o tempo onde eles recebem todo carinho e aprendem a se relacionar no meio em que vive, com a família e a comunidade, usufruindo todos os cuidados para uma boa qualidade de vida, com direito a alimentação, moradia, proteção e saúde.
A educação infantil na escola tem sido um grande debate em âmbito nacional. O Movimento Interfórum de Educação Infantil (MIEIB) tem lutado para que seja garantido o cuidar e o educar na escola. Além da especificidade que esta mobilidade de ensino exige, nos povos indígenas ainda se acrescenta o princípio da escola indígena. Isto quer dizer, o cuidar e educar no modo indígena, na cultura Truká.
CAPÍTULO I
1. EDUCAÇÃO É UM DIREITO, MAIS TEM QUE SER DO NOSSO JEITO.
Dentro de perspectiva onde a escola é uma instituição social inserida em uma sociedade capitalista, que nela refletem as interações exercidas por a mesma, acredita-se que o papel fundamental da escola nesse processo é contribuir para a formação de cidadãos críticos e efetivar a implementação de eficazes estratégias no âmbito do ensino e da aprendizagem, orientando da melhor forma os educadores envolvidos nesta construção.
A educação do povo indígena Truká está em processo de construção, e que, existe a necessidade que as políticas respeitem o processo próprio de aprendizagem indígena previsto na legislação,
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