Educação indígena
Por: kamys17 • 24/2/2018 • 2.631 Palavras (11 Páginas) • 294 Visualizações
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4. O Jesuíta e o ofício da catequese
A catequização dos povos indígenas não se constituiu em tarefa fácil para os jesuítas. Havia dificuldades de toda ordem, mas os padres souberam driblar as adversidades através da persistência e do domínio da língua nativa. Branco (2000, p. 3) assim se refere às estratégias adotadas pelos padres: "Os jesuítas tomam conhecimento da situação real do território, logo após a sua chegada. Antes de ensinar, querem aprender, e, imediatamente, um deles trata de aprender o idioma dos índios". Essa estratégia foi decisiva para desacreditar a tradição tribal amparada no pagé e convencê-los da conversão para o catolicismo. Além dessa estratégia trouxeram órfãos de Portugal com o intuito de atrair os curumins já que havia a resistência dos índios mais velhos para suas pregações religiosas.
Com o domínio da língua utilizada pelos indígenas, o processo de aculturação vai se tornando mais intenso e determinante para o sucesso da catequização em território brasileiro. Nesse processo, praticas como pregação e batismo, com vistas a incutir em suas mentes, os ensinamentos bíblicos, a disciplina e a obediência, contribuíram gradualmente para minar a resistência ao conquistador, persuadindo-os a abandonar suas crenças e assumindo em definitivo a fé cristã.
Outra estratégia de grande utilidade para a conversão em massa dos gentios foi à disseminação das missões jesuíticas. Os jesuítas perceberam que o sucesso da sua empreitada exigia mais tempo entre os povos a serem evangelizados. Desta iniciativa surgiram os aldeamentos indígenas para assegurar permanentemente a pregação e o controle das tribos catequizadas.
Embora, houvesse transferido para as missões as populações indígenas, não havia a garantia de que tais aldeamentos se mantivessem livres da cobiça dos bandeirantes havidos por capturar e escravizar mais facilmente os gentios. Apesar de todas as dificuldades para a manutenção do projeto evangelizador, as missões jesuíticas foram fundamentais para o processo civilizatório gestado, por Portugal, para a conquista do Brasil.
5.Os colégios Jesuítas e o Ratio Studiorum
Ratio Studiorum
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Ratio Studiorum
Ratio Studiorum é uma espécie de coletânea privada, fundamentada em experiências vivenciadas no Colégio Romano, a que foram adicionadas observações pedagógicas de diversos outros colégios, cujo objetivo era instruir rapidamente todo o jesuíta docente sobre a natureza, a extensão e as obrigações do seu cargo. A Ratio ( pronuncia-se rácio, palavra feminina latina da terceira declinação) surgiu com a necessidade de unificar o procedimento pedagógico dos jesuítas diante da explosão do número de colégios confiados à Companhia de Jesus como base de uma expansão em sua totalidade missionária. Constituiu-se numa sistematização da pedagogia jesuítica contendo 467 regras cobrindo todas as atividades dos agentes diretamente ligados ao ensino e recomendava que o professor nunca se afastasse do estilo filosófico de Aristóteles, e da teologia de Santo Tomás de Aquino.
Em 1584, o Padre Aquaviva, novo superior geral da Ordem jesuíta, nomeia uma comissão encarregada de codificar as observações que foram reunidas em Roma. O anteprojeto motivado, redigido em 1586, depois de haver sido submetido às críticas dos executores e de haver sido remanejado por nova comissão, torna-se o texto de 1591 e toma forma definitiva na famosa Ratio Studiorum, promulgada em 8 de janeiro de 1599. Segundo Maria Luisa Santos Ribeiro (História da Educação Brasileira- A Organização Escolar 17ª ed), em 1599 foi o ano em que se publicou o programa do Ratio. Fica evidente que o objetivo era instruir o silvícola à moda européia, promovendo a sua civilização. Além disso a elite colonial seria instruída em valores morais cristãos, bem dentro da lógica da Reforma Católica do Século XVI. Assim, teríamos a mesma escola, mas com objetivos bem diferentes: para a elite, a instrução moral e administrativa; para os nativos a catequese. A estrutura pedagógica das escolas do Ratio Studiorum era idêntica à das nossas escolas do Brasil contemporâneo, já que os alunos aprendiam em salas de aulas, divididos em níveis (classes) e realizavam provas, geralmente orais. Em 1759, com a expulsão dos Jesuítas do Brasil, houve a paralisação dos trabalhos que estes desenvolviam na colonia. Na época da sua expulsão existiam no país vinte colégios, doze seminários, além de um colégio e um recolhimento femininos.
6. A era Pombalina : desmantelamento do sistema colonial de ensino
Durante aproximadamente dois séculos, os jesuítas mantiveram sob seu controle a educação na colônia. Já não se ocupavam apenas da evangelização dos indígenas, agora, também da administração do patrimônio jesuítico, da instrução dos portugueses, das populações mestiças e dos escravos negros. Detinham considerável poder político e econômico que incomodava as autoridades portuguesas e até religiosas.
Enquanto, o trabalho dos jesuítas se mostrava útil a pacificação das tribos locais, pois os custos do enfrentamento eram enormes para Portugal, o empreendimento da Companhia de Jesus, mostrava-se adequado aos interesses da coroa portuguesa de subjugar e conquistar as terras dos povos indígenas.
A partir do momento que a tarefa já se mostrava mais favorável ao poder local e a missão jesuítica entrava em choque com os novos interesses do governo colonial, houve, então, mudança de rumo nas relações entre Estado e Companhia de Jesus. É neste momento que entra em cena a nova política colonial conduzida pelo Marquês de Pombal. Segundo Santos (2005, p. 1),
Em 1759, depois de anos de perseguições e campanhas difamatórias, os jesuítas são expulsos do Brasil por determinação do primeiro-ministro português, o marquês de Pombal. Dos 670 missionários que se encontravam no país, 417 são deportados para os territórios pontifícios (Itália) onde permanecem até o banimento da Companhia também naquele país. Em 1773, vítima do enorme poder que acumulara rapidamente, passando a representar uma ameaça aos poderes estabelecidos da época, a Companhia foi suprimida em todo o mundo.
Com a expulsão dos jesuítas houve a desestruturação do sistema educacional sob a orientação da Companhia de Jesus. Portanto, "[...] não é sem razão, é quase (im)possível pensar uma história da educação brasileira sem colônia
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