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Uma Nova Concepção Sobre Interdisciplinaridade e Seus Desafios

Por:   •  11/2/2018  •  2.541 Palavras (11 Páginas)  •  468 Visualizações

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3. Demandas, objetivos e obstáculos de um projeto interdisciplinar.

Indubitavelmente, a interdisciplinaridade nos dias atuais destaca-se por ser um método ou uma forma contraposta a todo um sistema de conhecimento assentado em bases conservadoras e, contudo, nesse contexto vem apresentar propostas de mudança, reflexão, reformulação e ruptura nas conexões e interdependências disciplinares, objetivando, sobretudo, uma censura a compartimentação e o estabelecimento de fronteiras entre as disciplinas, descobrir uma interseção entre as ciências humanas através do confronto dialético, assim como orientar as pesquisas que visam, por vezes, agir ou resolver problemas sociais concretos.

Sendo assim mister se faz que esta elabore e utilize de métodos que visem o atendimento das diversas demandas como informa Japiassu[3]:

a) há uma demanda ligada ao desenvolvimento da ciência: a interdisciplinaridade vem responder à necessidade de criar um fundamento ao surgimento de novas disciplinas;

b) há uma demanda ligada às reivindicações estudantis contra um saber fragmentado, artificialmente cortado, pois a realidade é necessariamente global e multidimensional: a interdisciplinaridade aparece como símbolo da “anticiência”, do retorno ao vivido e às dimensões sócio-históricas da ciência;

c) há uma demanda crescente por parte daqueles que sentem mais de perto a necessidade de uma formação profissional: a interdisciplinaridade responde à necessidade de formar profissionais que não sejam especialistas de uma só especialidade;

d) há uma demanda social crescente fazendo com que as universidades proponham novos temas de estudo que, por definição, não podem ser encerrados nos estreitos compartimentos das disciplinas existentes.

Posto isto, observa-se, a partir dos esclarecimentos do citado autor, que a interdisciplinaridade perante uma realidade globalizada e com várias dimensões tem procurado cada vez mais impor limites a um saber repartido, a criação de novas disciplinas, assim como a formação de profissionais em uma única especialidade, alertando, de certa forma, os centros acadêmicos para uma reflexão a implantação e estudo de novos temas como instrumento de mudança da realidade social. E nesse sentido reforça Gadotti[4] ao sugerir que:

A interdisciplinaridade visa a garantir a construção de um conhecimento globalizante, rompendo com as fronteiras das disciplinas. Para isso, integrar conteúdos não seria suficiente. Seria preciso, como sustenta Ivani Fazenda (1979:8), uma atitude, isto é, postura interdisciplinar.

Ou seja, para este autor é necessário que se tenha atitude de comprometimento, de busca, assim como envolvimento mútuo na construção do conhecimento para que se obtenha uma concepção unitária, para que se tenham conteúdos integralizados, para que sejam superadas as diferenças existentes entre ensino e pesquisa a partir de uma educação contínua.

Entretanto, não é tarefa fácil de ser enfrentada quando se propõe ou tenta-se implantar um projeto de ensino ou de pesquisa interdisciplinar mediante os diversos entraves que por vezes se apresentam, ora observados pela falta de colaboração e troca mútua entre os pesquisadores, como também pela falta de diálogo, integração e estabelecimento de fronteiras pelas disciplinas, ora pelos métodos tradicionais empregados pelos campos do saber. Sendo assim os obstáculos aparecem se instalam e manifestam-se, nos seus mais variados aspectos: sejam os epistemológicos, fundamentados pelo positivismo, sejam os institucionais, os psicossociológicos ou os culturais, ocasionando por conseguinte rachaduras nas estruturas universitárias, e obstruções – por limitações econômicas ou sócio-políticas – ao livre encontro e circulação das idéias, informações e dados dos estudantes e professores.

4. Interdisciplinaridade, Direito e UNEB.

Tendo em vista que nas últimas décadas tem-se proliferado o estabelecimento de investigações e publicações acerca das diversas relações entre as ciências, é perceptível também, que o Direito está sendo influenciado sobre as outras áreas do saber e, como no cerne destas influências e inter-relações se faz presente o homem, é necessário que o direito tenha contato com as outras vertentes do conhecimento como a neurociências, psicologia, dentre outras, para que haja possibilidade de melhor entendimento e compreensão deste ser subjetivo e complexo. Nesse contexto há de se observar as carências por métodos e propostas interdisciplinares que venham efetivamente transformar essa realidade - que é dependente das causas sociais - para que se tenha uma reformulação das bases ontológicas e metodológicas do fenômeno jurídico a partir de uma concepção empírica e consolidada sobre a natureza humana.

Sob esses aspectos o Direito, dentre as ciências sociais, está em atraso na reflexão sobre as propostas e projetos interdisciplinares, como explica Atahualpa Fernandez[5]:

[...] O “atraso”, o “estancamento”, a “imaturidade” – chame-se como queira – das ciências jurídicas é fenômeno inconcusso que o dogmatismo e o isolamento endêmico das ciências sociais normativas deveriam fazer-nos reflexionar vivamente sobre o ponto de estancamento ao que estas chegaram: um conjunto de hipóteses na areia.

E para não continuar nesse estancamento é importante que - como timidamente já se tem observado - o Direito passe não só a dialogar mais interdisciplinarmente com as outras ciências, como também reforme suas estruturas de pensamento concebendo-as como uma conjunção de integração recíproca que enxerga o homem como um ser biológico, cultural, psicológico e social. Já que dentro desse contexto uma proposta interdisciplinar requer que as

várias disciplinas inseridas no âmbito das ciências sociais e do comportamento tornem-se mutuamente coerentes e compatíveis.

Visando resolver a problemática que por hora se coloca nos cursos, assim como atender as exigências necessárias para a implementação de propostas e projetos interdisciplinares como destaca Japiassu[6]:

[...]segurança dos especialistas em seus métodos para o confrontamento de resultados com outras especialidades; o reconhecimento pelos especialistas do caráter parcial de cada disciplina; resolução de problemas sociais ou institucionais com o concurso de várias disciplinas a eles concernentes; além de superação, há necessidade de previsão, de planificação e de controle nos empreendimentos interdisciplinares[...].

É

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