Fichamento Gabriel Chalita
Por: Kleber.Oliveira • 2/10/2018 • 1.925 Palavras (8 Páginas) • 263 Visualizações
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Esse romance ilustra de uma maneira surpreendente o processo de sedução por meio de palavras. Molina deseja seduzir o companheiro de cela através de narrativas de histórias de cinema. Para Molina a comunicação se dá no plano da sensibilidade, já Valentim busca esquemas analíticos para aplicar a realidade. Molina é coração e corpo representando o estereótipo do universo feminino sendo mais sensível e subjetivo. Valentim é mente e cérebro, representando o universo masculino apresentando-se mais científico e objetivo.
É percebido que inicialmente, ambos têm universos diferentes, mas nos discorrer da história Molina com seu discurso seduz Valentim que ingressa em sua realidade e sofre uma mudança radical em seu comportamento e sua forma de encarar os fatos.
Chalita conclui que muitas vezes, ao se transportar uma pessoa de um ambiente a outro é possível faze-la mudar de opinião. Então pode dizer que “seduzir” é “tirar do caminho”. É o que acontece nos juris, advogados e promotores tenta convencer os jurados a sua tese transportando-os ao seu imaginário fazendo-os enxergarem o que eles querem.
O estimulo dos sentidos
O ponto fundamental do discurso visando à sedução é a comunicação direcionada a estimular os sentidos e desertar sentimentos, muito mais que fala razão. Não precisa respeitar padrões lógicos formais, pois não visa demonstrar alguma coisa e sim influenciar pessoas.
O poder da imaginação
A característica essencial do discurso sedutor é incitar a imaginação do receptor. Quando utiliza palavras com o objetivo de seduzir, o emissor deve ordená-las de forma a fazer com que o receptor recrie em sua mente as imagens e as sensações passadas pela fala.
A Linguagem Kitsch
A Linguagem Kitsch é de certa forma, o ideal para o discurso sedutor porque não busca alimentar a atenção racional do receptor e sim atingir símbolos e referências familiares com elementos identificáveis por parte de quem ouve. São comuns as descrições exageradas e os sentimentalismos baratos nesse tipo de linguagem.
Identificação e Aproximação
Outro elemento importante para o discurso sedutor é a promoção de uma identificação simbólica do receptor com algo ou alguém apresentado na narrativa que o compõe. Em outras palavras dentro do discurso precisa incluir alguma coisa que o ouvinte se identifique, uma situação imaginável a ele.
As mensagens Implícitas
Voltando ao exemplo do romance de Puig, Molina narra uma história que trata o amor entre duas pessoas com ideologias e visões diferentes com o objetivo de mostrar a Valentim que duas pessoas extremamente diferentes, com mundos diferentes podem se envolver e se amar. Essa é uma mensagem implícita e a narrativa é a própria argumentação, uma ferramenta também usada no discurso de sedução.
Conhecimento do universo pessoal do receptor
Para que o discurso seduza deve oferecer a quem ouve alguma coisa diferente do seu repertório. Para que isso aconteça é necessário que o emissor conheça o universo do preceptor.
O desfecho
No transcorrer do romance, Molina e Valentim se unem carnalmente ocorrendo nesse momento uma transformação crucial, uma mudança total no comportamento, pontos de vista, provocadas por Molina através de suas sucessivas narrativas.
Assim como os companheiros de cela foram envolvidos em uma teia de discursos, advogados e promotores no tribunal de júri devem envolver os juris através de uma teia de palavras, gestos e argumentos cuidadosamente construídos.
Capitulo II A vida desfila diante do júri (p. 23-24)
Para deixar mais claro para os leitores o tema abordado nesta obra, o autor se utiliza de vários exemplos de filmes norte-americanos por acreditar que os mesmos utilizam a ferramenta de sedução para trabalhar reforçando a ideia de sedução dentro dos processos penais.
Existem diferenças entre o processo penal brasileiro e o norte-americano, porém essas diferenças são insignificantes para o objetivo do livro, pois a discussão promovida na obra privilegia o aspecto sedutor da linguagem se mostrando bastante visível nos discursos dos advogados e promotores da ficção.
- Tempo de matar (p.24-32)
Filme baseado no livro de John Grisham na década de 1980 ocorrido em uma pequena cidade de Canton Mississipi, EUA. Conta que dois rapazes brancos estupraram e violentaram uma menininha negra. Os rapazes foram presos e no dia do julgamento o pai dessa menina entrou no tribunal e matou os dois rapazes. O exemplo que Chalita mostra são as cenas em que o pai já preso no tribunal estava sendo defendido por um advogado branco que discursou por ultimo pedindo para que os juris fechassem os olhos e imaginassem a historia que iria contar, sendo essa a história da menina negra estuprada. O advogado discursou com a intenção de aproximar paulatinamente a cada jurado, trabalhando o lado emotivo e sentimental de cada um. O desfecho da argumentação com uma pausa intencional estabeleceu um clima emotivo favorável que deixou o júri desprevenido e confundido assim sendo, seduziu e manipulou a cada um.
- Filadélfia (p.32-36)
Filme da década de 1990, ocorrido na cidade de Filadélfia, Pensilvânia EUA. Conta à história de um jovem advogado brilhante que foi demitido de sua empresa por alegação de incompetência, mas a verdadeira razão é porque estava com AIDS. O rapaz contratou um advogado para processar os padrões por demissão injusta. Esse advogado consegue fazer o júri enxergar de uma forma que contribuíram para mascarar ou desmascarar ideias preconcebidas e que poderia atuar como filtros para a decisão imparcial dos jurados. Promotores e advogados conhecendo a fraqueza dos juris podem utilizar dessa ferramenta para seduzir o júri a tomar atitudes na direção que eles querem.
- Questão de Honra (p.36-39)
Filme da década de 1960, ocorrido em Washington, EUA e a base limitar norte-americana de Guantánamo, Cuba. Um soldado americano na base de Guatemala morre durante o turno de vigília a noite. Dois outros soldados foram acusados pela morte e um
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