Carne e osso Disciplina: Direito do Trabalho II

...

A jornada normal de trabalho já é, por si só, extremamente exaustiva, não tendo, como relatado no documentário, tempo apropriado, o trabalhador, de se recuperar da jornada anterior, e já deve estar pronto para mais uma jornada. Considerando o exposto, muito menos apropriado é o caso das horas-extras, praticadas sob a mesma inquietação de perder o trabalho e na tentativa de auferir mais valores para seu sustento.

A pausa no trabalho tem como intento evitar doenças oriundas da própria lida, como nos casos de esforços repetitivos, destacadas no vídeo. Essa pausa deve ser considerada como tempo eficaz de serviço e não como um intervalo entre suas jornadas. A demanda é justificada pela repetição exaustiva de movimentos, como na sequência mostrada no início do vídeo onde se observa uma funcionária praticando dezoito movimentos para desossar uma coxa e sobrecoxa de frango em apenas quinze segundos.

Prestigiados pela Constituição Federal, os direitos fundamentais, garantidores da equipolência entre todos em face da lei, tem como pilar a dignidade da pessoa humana. A relação de emprego é marcada por dois polos opostos, o empregador e o empregado. Pela eficácia dos diplomas legais, existe a imposição de determinar limites ao controle diretivo, haja vista ser o empregado a parte mais frágil dessa relação. O poder diretivo, competência do empregador, deve ser praticado com prudência, sem excessos, a fim de respeitar o trabalhador e fomentar, impulsionar e incrementar sua dignidade como cidadão. Estima-se, ao analisarmos os fatos narrados no documentário, que não há cautela, por parte da ponta mais vigorosa dessa relação, em seguir os ditames da lei.

Enfim, o que se constata no registro “Carne e osso”, é a total falta de respeito e consideração, por parte do empregador, com os trabalhadores de suas unidades, demonstrando, portanto, total desrespeito a dignidade humana e aos dispositivos legais em vigência no país.