A Ética e o desenvolvimento sustentável
Por: Lidieisa • 12/3/2018 • 1.350 Palavras (6 Páginas) • 288 Visualizações
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Mereceu certa preferência em nossa literatura ecológica a expressão desenvolvimento sustentável. Não é incomum encontrar-se a locução desenvolvimento durável. Na verdade, "o termo 'desenvolvimento durável' é uma tradução pouco satisfatória do termo inglês 'sustainable development', que é, às vezes, traduzido também como 'desenvolvimento viável'. Esse conceito é uma fórmula de compromisso que emergiu gradualmente entre os militantes ecologistas e os partidários do desenvolvimento".20
O importante é evidenciar que progresso, desenvolvimento e tutela da natureza não são coisas inconciliáveis.
Esse o sentido a ser perseguido pelos desenvolvimentistas da sustentabilidade. Já "que os seres humanos constituem o centro e a razão de ser do processo de desenvolvimento - o novo estilo de desenvolvimento se pretende que seja ambientalmente sustentável no acesso e uso dos recursos naturais e na preservação da biodiversidade; que seja socialmente sustentável na redução da pobreza e das desigualdades sociais e que promova a justiça e a equidade; que seja culturalmente sustentável na preservação do sistema de valores, práticas e símbolos de identidade que determinam a integração nacional através dos tempos; e que seja politicamente sustentável ao aprofundar a democracia e garantir o acesso e a participação de todos na tomada de decisões" .21
Sem uma verdadeira conversão das atuais gerações não se alcançará esse patamar. Pois "este novo estilo de desenvolvimento terá que ter como norte uma nova ética de crescimento, uma ética na qual os objetivos econômicos de progresso estejam subordinados às leis de funcionamento dos sistemas naturais e aos critérios de respeito à dignidade humana e de melhoria da qualidade de vida das pessoas". 22
Imerso na cultura de possuir sempre mais, iludido pela premência na satisfação de necessidades cada vez mais falaciosas e artificialmente criadas pelo consumismo, o ser humano afasta de si pensamentos que tenderiam a torná-lo uma criatura mais tranquila, pois desprendida da matéria.
A ascese não está na ordem do dia. Importa é consumir, pois o lema contemporâneo é eu consumo, logo existo. Engana-se a civilização ao pregar o antropocentrismo perverso, pois deságua na desconsideração da própria humanidade. Acredita que a natureza deve estar a serviço do homem, como se para isso fosse lícito fazê-la perecer.
Não atentou para a lição contida na constatação de Clive Lewis: "O que nós chamamos de poder do Homem sobre a Natureza é o poder de alguns homens sobre outros homens, utilizando a natureza como seu instrumento". 23
É a cobiça humana droga mais nociva do que o próprio estupefaciente. Cega pessoas escolarizadas, corrompe as elites e priva de acesso ao mínimo necessário para assegurar a vida humana digna a uma legião cada vez maior de semelhantes. O desenvolvimento sustentável é uma ideia saudável que só pode transformar o mundo se vier a ser assimilada por todo aquele que dispuser de condições-ainda que mínimas - de alterar o seu entorno. Ele passa pela educação integral, que ensinará os homens se autor respeitarem, para só então saberem respeitar seu próximo e a natureza. Para isso, é mister eliminar o fosso intransponível entre os que possuem demais e aqueles que não dispõem do mínimo. Pois "convém ter sempre presente que, em situações de extrema pobreza, os indivíduos excluídos da sociedade não possuem compromisso algum para evitar a degradação ambiental, se a sociedade não é capaz de impedir sua própria degradação como seres humanos".24
O pior é que a estrada para a degradação já está aberta e sua pavimentação avança de maneira célere. Queira Deus e a sensatez humana não se cumpra a profecia de Clive Lewis: "A natureza humana será a última parte da Natureza a render-se ao homem (...)e os submetidos ao seu poder já não serão seres humanos: serão artefatos. A conquista última do Homem será de fato a abolição do homem". 25
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