Resenha crítica do texto Mocambos e Quilombos - uma história do campesinato negro no Brasil
Por: Ednelso245 • 24/8/2018 • 1.221 Palavras (5 Páginas) • 475 Visualizações
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Segundo o autor, em 1659 surgem denúncias de continuadas fugas e estabelecimentos de quilombos nas margens dos rio Paraíba. Há uma contradição do autor, ao dizer “o problema dos mocambos”, pois estes ja haviam assaltado nos bairros de Inhaúma e São Cristovão. O problema não era os mocambos, mas sim toda a repressão e violência institucionalizada a que estes foram submetidos. Afinal, a repressão foi autorizada pelo governador do Rio de Janeiro, que reuniu tropas das vilas de Maricá, Saquarema e Santo Antônio de Sá.
Em São paulo, há notícias de quilombos desde o final do século XVII. Já as capitanias de Minas gerais e Bahia foram regiões coloniais com o maior número de quilombos/mocambos; em parte devido às suas características como área de plantation açucareira e economia mineradora desenvolvido pela entrada de milhares e milhares de africanos escravizados via o tráfico atlântico.
Era nas áreas de fronteiras abertas – para onde partiam expedições de bandeirantes à procura de ouro e também visando capturar indígenas para serem escravizados – que os quilombolas buscavam refúgio e proteção.
Em Minas Gerais, havia o Ambrósio, depois de Palmares, um dos maiores quilombos do Brasil, sendo atacado sistematicamente. Há indicações de que o uso sistemático da violência promovida pelos capitães do mato surgiram com força. Inicialmente era preciso perseguir os fugitivos e combater os pequenos quilombos recém formados para impedir que eles se transformassem em grandes quilombos. Houve quem defendesse que os capturados nos quilombos tivessem suas orelhas cortadas ou tendões do calcanhar. Centenas de quilombolas capturados foram marcados a ferro com letra F nas costas e ombros: a marca do fugitivo.
Como coloca o autor José Murilo de Carvalho : “A escravidão não formava cidadãos, os escravos não tinham direitos civis básicos, eram tratados como animais, dependiam dos grandes proprietários para comer, se defender etc. Mulheres e escravos estavam sob a jurisdição privada dos senhores, não tinham acesso à justiça para se defenderem. Aos escravos só restava o recurso da fuga e da formação de quilombos” (2002,p. 22).
É muito triste pensar que toda essa intimidação, toda essa violência é institucionalizada, desde a colonização, se expandiu às camadas pobres, em geral aos negros e, se estende até os dias de hoje; não mais com açoites, mas com a mesma psicopatia: torturas, espancamentos, tiros etc... Ainda podendo contar com todo o aparato público para legitimar tamanha barbárie; o próprio Estado é inerte em relação a isso. Diante de todo esse histórico criminoso que reflete no presente podemos falar em democracia racial? Como disse Luis Felipe de Alencastro, há um quadro legal discriminatório e a população afro-brasileira é discriminada nos dias de hoje: basta olhar nas creches, nas ruas, nas escolas, nas universidades, nas cadeias, nos Laudos do IML de todo Brasil.
Referências Bibliográficas:
RAMOS, Arthur. O negro brasileiro.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala.
MURILO DE CARVALHO, José. Cidadania no Brasil, o longo caminho, 2002.
ALENCASTRO, Felipe. O pecado original da sociedade e da ordem jurídica brasileira,2010.
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