Resenha do texto “Problemas, Doutrina e Método” do autor Pierre George.
Por: SonSolimar • 28/8/2017 • 1.437 Palavras (6 Páginas) • 777 Visualizações
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numa situação passada, com uma herança de dados concretos.
O geógrafo deve prosseguir os estudos do historiador, caracterizando-se, assim, como o “historiador do atual”. O estudo histórico se baseia no tempo e espaço, fazendo um levantamento de uma região por documentos e arquivos em quanto que o estudo geográfico, principalmente o regional, faz um laço entre o passado e o futuro buscando continuidade, fazendo uso das demais ciências buscando uma pesquisa coletiva. É necessária a utilização dos seus métodos próprios, já que o seu método se difere profundamente dos métodos do historiador. O seu estudo parte para o conhecimento completo de uma porção de espaço escolhida como tema de pesquisa e a carta é essencial nesse aspecto, já que ela serve para mostrar as relações de causalidade comprovadas naquele espaço representado.
O autor afirma que “o objetivo da aplicação dos métodos geográficos é o conhecimento de situações”, situação definida por ele como: “a soma de dados adquiridos, de relações organizadas em ordem sucessiva.”. A situação se explica pela relatividade das relações entre as ações humanas e o meio, algumas dessas relações continuam a ser funcionais enquanto que outras pertencem a uma herança que se degrada progressivamente e deixam de ser funcionais. A situação se define, principalmente, em limites espaciais, mesmo quando a influência do espaço se combina com os efeitos de uma pluralidade espacial, realçando, contudo, que isso não faz do espaço um objeto estático, mas dinâmico, que se configura em função das técnicas, das estruturas econômicas e sociais, dos sistemas de relações, onde o próprio espaço se torna situação..
O estudo de uma situação pode proceder de uma concepção contemplativa ou de uma concepção ativa. Na concepção contemplativa, é necessário analisar primeiro os fatores de uma situação, a partir dos métodos comparativos regional com o objetivo de elabora uma síntese que permita a compreensão racional de uma situação. O trabalho do geógrafo aparece partindo de uma observação espacial, recorrendo ás diversas disciplinas de estudos gerais para chegar à síntese da explicação regional.
Com a evolução técnica e os processos históricos, o espaço se tornou mais dinâmico, o que deixou a concepção contemplativa insuficiente para explicar a relação homem-meio, de maneira que o espaço, especialmente a partir das mudanças ocorridas na primeira metade do século XX, exige uma análise ativa.
A concepção ativa conduz a geografia ativa, que nasceu das circunstancias da extrema mobilidade das situações atuais. Esta geografia ativa caracteriza-se especialmente pela consideração da variabilidade dos dados, resultado das mudanças contínuas e tem como objetivo “perceber as tendências e as perspectivas de evolução a curto prazo, medir em intensidade e em projeção espacial as relações entre as tendências de desenvolvimento e seus antagonistas, definir e avaliar as eficácia dos freios e obstáculos.”
III- Competência e Responsabilidade na Análise e na Síntese.
Nesta terceira parte do texto, Pierre George diz que para o geógrafo ter uma vantagem sobre os especialistas das demais disciplinas, é necessário se especializar, mas esses geógrafos perdem sua personalidade e se comprometem, transformando-se em geólogo, hidrólogo ou pedólogo, quebrando a alma da geografia de sintetizar para então analisar os fluxos que constituem o espaço.
Os demais elementos indicados pelo autor pretendendo definir as competências do geógrafo ativo demarcam as preocupações inerentes ao mundo a partir da segunda metade do século XX, onde o geógrafo tem como papel principal no trabalho de planejamento do espaço urbano, buscando em conjunto com a economia e as demais ciências sociais elaborar o diagnóstico sobre as grandes questões que se imprimem na dinâmica do espaço geográfico.
E finaliza indicando a função do ensino e da pesquisa geográfica demarcando uma nítida separação entre o conhecimento voltado para a pesquisa cientifica e o trabalho técnico e aquele que deve ser obtido para transmissão através do ensino. De maneira que a forma como esse conhecimento é transmitido na esfera do ensino acaba contribuindo para que se tenha a impressão de que os conhecimentos geográficos não são aplicáveis na prática, denunciando a tensão existente no interior da geografia.
Conclusão
Nesta obra podemos ver marcas profundas que o caracterizam em um processo de transição entre a dita Geografia Tradicional e a Geografia Crítica, pois é possível ver a tentativa de romper com a Geografia Tradicional mas ainda se nota presença de elementos da geografia tradicional francesa.
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