Serviço social: fundamentos “científicos” e estatuto profissional
Por: Jose.Nascimento • 1/11/2018 • 1.758 Palavras (8 Páginas) • 491 Visualizações
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A estrutura sincrética do Serviço Social encontra-se no sistema de saber que ancora – embasando, enformando e legitimando – as suas praticas e igualmente as suas representações. A analise do sincretismo teórico ou, como quer a tradição, “cientifico”, que articula o sistema de saber em que gravita o Serviço Social é uma operação que, no plano expositivo, deve contemplar três segmentos argumentativos diferentes: as possibilidades do conhecimento teórico (cientifico) do ser social, a filiação teórica do Serviço Social e as suas próprias pretensões a erigir um saber especifico.
Em suma, José Paulo coloca que um conhecimento teórico do ser social só é viável quando as relações sociais apresentam-se como produtos distintos da natureza e próprios da pratica humana, e alem disso somente quando as relações sociais estão saturadas de socialidade é que elas podem se colocar como objeto especifico e pertinente para uma reflexão teórica que também se especifica no seu tratamento.
O autor cita alguns autores que retratam tal questão como Smith e Ricardo (construtores da economia política clássica), e Marx e Engels (fazedores da critica a econômica política clássica).
Fazendo ligação a tais autores, Netto ressalta a filiação teórica do Serviço Social, advinda da consolidação das ciências sociais, sendo a subalternidade técnica derivada da marginalidade teórica.
José Paulo Netto pontua porém que essa condição de receptáculo dos produtores das ciências sociais era insuficiente, havia a necessidade de uma espécie de saber de segundo grau, obtido pela acumulação seletiva dos subsídios das ciências sociais conforme as necessidades da própria profissão, e eminentemente sincrético, pois na elaboração do saber o sincretismo é a face viável do ecletismo, ou também, o ecletismo é o sincretismo do Serviço Social no nível do seu sistema de saber (de segundo grau).
Outro ponto pertinente a este debate é determinar se o sincretismo teórico do Serviço Social é um dado permanente a que a profissão estaria condenada, ou se poderia ser ultrapassado.
Este problema veio a tona a partir dos anos sessenta, quando tendências criticas e renovadoras ganharam corpo no bojo da profissão (destaque para o movimento de reconceituação).
Passando por algumas teses e opiniões o autor finaliza com conclusões para o passado mais distante e o mais próximo.
Para o mais distante, indica que “postas as condições do exercício profissional, do arcabouço ideológico e da filiação teórica, o ecletismo era inevitável”.
Para o mais recente, indica que a superação do sincretismo ideológico e teórico seria uma alternativa viável se, alem de cortar com o seu travejamento original e tradicional, cancela-se uma pretensão teórico metodológica própria, autônoma, reiterando assim o ecletismo.
“A alternativa de um Serviço Social profissional liberado de tradição positivista e do pensamento conservador não lhe retirará o seu estatuto fundamental: o de uma atividade que responde, no quadro da divisão social (e técnica) do trabalho da sociedade burguesa. [...](Netto, 2011 ,p.149)
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