A Prostituição Feminina
Por: Sara • 22/8/2018 • 2.225 Palavras (9 Páginas) • 303 Visualizações
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Há quem diga que a prostituição é uma forma fácil de ganhar dinheiro, porém, é necessário avaliar tal afirmação, pois, várias mulheres vivem nessa vida à margem da sociedade e lidam diretamente com o risco de serem agredidas, de contraírem doenças sexualmente transmissíveis e são humilhadas, julgadas e discriminadas por exercer essa função diariamente.
Prostitutas são exploradas e abusadas de todas as formas possíveis, sem alternativas, milhares de mulheres são submetidas à escravização dos seus próprios
corpos para sobreviver, submetidas à submissão e violência dos “clientes” e aliciadores, vendem o corpo porque, na maioria das vezes, não conseguem mais vender ou reproduzir a sua força de trabalho.
Ou seja, as profissionais do sexo são batalhadoras e estão longe de possuir uma vida fácil, vivendo num mundo invisível aos olhos da sociedade. Muito se sabe delas através de romances, historias de sucesso, porém, pouco se tem notícia da realidade dessas mulheres, de suas dores físicas e morais e dos problemas que enfrentam.
Estas mulheres são ainda, de acordo com o Relatório do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (2010), do Ministério da Justiça, os principais alvos do tráfico humano para exploração sexual.
Nesse contexto é que precisamos desmistificar o preconceito e a discriminação, pois, muito embora o sexo venha sendo desvinculado dos conceitos arcaicos como algo pecaminoso, transgressivo e sujo o tema desperta tanta curiosidade que é o cerne de muitas, se não da maioria, das questões intrínsecas à existência do ser humano.
8 – Referencial Teórico
Meis (2001) argumenta que a prostituição enquanto um trabalho como outro qualquer pressupõe a aceitação da noção de igualdade nas relações de gênero, “na qual à mulher é permitida dissociar sexo do amor e do casamento”.
As "mulheres da vida" sempre tiveram um lugar na história, com o tempo, a prostituição vai se moldando de acordo com as estratégias que lhes são lançadas, nesse viés, a pratica chega à atualidade com o advento da tecnologia, dessa forma como uma nova embalagem, mas com o mesmo produto.
Maria Regina Cândido, professora de graduação e de pós-graduação em História, e coordenadora do Núcleo de Estudos da Antiguidade (NEA), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), explica que a conotação de ser ou não bem-vista pela sociedade é um olhar de nosso tempo sobre as prostitutas.
"Na antiguidade, elas tinham seu lugar social bem definido. Era uma sociedade que determinava a posição de cada um, que precisava cumprir bem o seu papel em seu espaço e não migrar de função", diz Maria Regina.
Segundo Torres et a. (1999):
A prostituição [...] na Idade Média, ela foi oficializada como profissão pelas autoridades, constituindo, assim, uma fonte de renda para o Estado. Durante a Revolução Industrial, a prostituição aumentou em toda a Europa devido ao êxodo rural, às condições de pobreza e a promiscuidade das aglomerações urbanas.
Para Pinheiro (2006), na modernidade,
“[...] a prostituição ocupou novos espaços, antes inviáveis, por meio da utilização de recursos tecnológicos, tais como a internet e o telefone celular [...]” (p. 14).
No entanto, embora a prostituição tenha sempre sido presente, na historia da sociedade brasileira, a mesma não é bem-vista e/ou valorizada. A prostituição é caracterizada para parte da população como pessoas de uma vida “fácil”, que não gostam de trabalhar.
Prostituir-se, na sociedade complexa em que se vive, ainda é sinônimo de vida desregrada, pessoa marginalizada, estigmatizada. É um dos fenômenos sociais fortemente carregado de valores, opiniões, preconceitos e estereótipos. É raro mostrar-se indiferente e, na maioria das vezes, reprova-se a atividade, em que pese grande parte dos formadores de opinião fazer uso clandestino desta. (MARQUES, 2004, p. 68)
Ainda de acordo com a escritora, Simone de Beauvoir, considera que é na prostituição, onde:
“[...] a mulher oprimida sexualmente e economicamente, submetida ao arbítrio da polícia, à uma humilhante vigilância médica, aos caprichos dos clientes, destinada aos micróbios e à doença, é realmente submetida ao nível de uma coisa” (idem,389)
Embora a sociedade muitas vezes ignore a existência e o funcionamento da prostituição, colocando-a em plano secundário, é fato que através dela muitas mulheres sustentam suas famílias, principalmente em uma nação onde há fortes desigualdades, pobreza e miséria social.
Ainda existem mulheres que são vítimas da sua própria família, os pais obrigam as suas filhas a oferecer o seu corpo em troca de alimento ou benefícios que promovam o sustento da casa.
Muitas delas afirmam que a prostituição é um trabalho, mas percebem que têm que escondem sua atuação profissional, para evitarem os preconceitos e os estigmas historicamente construídos em torno do exercício da prostituição.
9 – Metodologia
Utilizaremos como fonte principal de estudo o Projeto Força Feminina, que foi escolhido devido à prática de estágio desenvolvida no referido Projeto pelas três discentes.
Por entender que a realidade não é transparente e se encontra em constante processo de movimento e transformação, optamos por fazer uma pesquisa norteada pela corrente marxista, utilizando o método dialético.
Pois, através dele, podemos pensar a realidade de forma dinâmica, ou seja, é o momento em que o real é mostrado permitindo a superação de visões e análises parciais ou fragmentadas.
Seguimos como trajetória metodológica a abordagem investigação quantitativa, uma vez que:
“[...] métodos quantitativos pressupõem uma população de objetos de estudo comparáveis, que fornecerão dados que podem ser generalizáveis.” (GOLDENBERG, 2002, p. 63).
Para o desenvolvimento desse estudo foi realizada ainda pesquisa de cunho qualitativo, através pesquisa bibliográfica, consultas a diversos sites, artigos, periódicos e monografias corrigidas sobre o assunto.
Concorda-se com Minayo (2004, p. 21), que a pesquisa qualitativa:
“[...] trabalha com os significados de uma realidade social a partir da realidade vivida pelo ser humano”.
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