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A Sexualidade Feminina

Por:   •  19/10/2017  •  3.032 Palavras (13 Páginas)  •  524 Visualizações

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Em diversos casos, durara até os quatros anos de idade, em determinado caso, até os cinco, de maneira que abrangera, em muito, a parte mais longa do período da primeira eflorescência sexual. Na verdade, tínhamos de levar em conta a possibilidade de certo número de mulheres permanecerem detidas em sua ligação original à mãe e nunca alcançarem uma verdadeira mudança em direção aos homens. Sendo assim, a fase pré-edipiana nas mulheres obtém uma importância que até agora não lhe havíamos atribuído. De uma vez que essa fase comporta todas as fixações e repressões a que podemos fazer remontar a origem das neuroses, talvez pareça que deveríamos retratar-nos da universalidade da tese segundo a qual o complexo de Édipo é o núcleo das neuroses. Se, contudo, alguém se sentir relutante em efetuar essa correção, não há necessidade de que a faça. Por um lado, podemos ampliar o conteúdo do complexo de Édipo de modo a incluir todas as relações da criança com ambos os genitores, e, por outro, levar na devida conta nossas novas descobertas dizendo que a mulher só atinge a normal situação edipiana positiva depois de ter superado um período anterior que é governado pelo complexo negativo. De fato, durante essa fase, o pai de uma menina não é para ela muito mais do que um rival causador de problemas, embora sua hostilidade para com ele jamais alcance a intensidade característica dos meninos. A muito tempo, afinal de contas, já abandonamos qualquer expectativa quanto a um paralelismo nítido entre o desenvolvimento sexual masculino e feminino. A compreensão interna dessa fase primitiva, pré-edipiana, nas meninas, chega como uma surpresa, tal como a descoberta, em outro campo, da civilização mino-miceniana por detrás da civilização da Grécia.

Tudo na esfera dessa primeira ligação com a mãe me parecia tão difícil de apreender nas análises, tão esmaecido pelo tempo e tão obscuro e quase impossível de revivificar, que era como se houvesse sucumbido a uma repressão especialmente inexorável. Mas talvez tenha ficado com essa impressão porque as mulheres que estavam em análise comigo podiam aferrar-se à própria ligação com o pai em que se tinham refugiado da fase primitiva em questão. Na verdade, parece que as analistas femininas tais como, por exemplo, Jeanne Lampl-de Groot e Helene Deutsch , foram capazes de perceber esses fatos mais fácil e claramente por terem sido auxiliadas, ao lidarem com as que se achavam em tratamento com elas, pela transferência a uma substituta materna adequada. Tampouco se alcançou sucesso em divisar completamente o caminho em qualquer caso; portanto, Freud se limita relatar as descobertas mais gerais e fornece apenas alguns exemplos das novas idéias a que chegou.

Entre estas se acha a suspeita de que essa fase de ligação com a mãe está especialmente relacionada à etiologia da histeria, o que não é de surpreender quando refletimos que tanto a fase quanto a neurose são caracteristicamente femininas, e, ademais, que nessa dependência da mãe encontramos o germe da paranóia posterior nas mulheres, pois esse germe parece ser o surpreendente, embora regular, temor de ser morta ou devorada pela mãe. É plausível presumir que esse temor corresponde a uma hostilidade que se desenvolve na criança, em relação à mãe, em consequência das múltiplas restrições impostas por esta no decorrer do treinamento e do cuidado corporal, e que o mecanismo de projeção é favorecido pela idade precoce da organização psíquica da criança. Freud anuncia os dois fatos que o impressionaram como novos: que a intensa dependência de uma mulher quanto ao pai simplesmente assume a herança de uma ligação igualmente forte com a mãe, e que essa fase primitiva demora um período de tempo inesperadamente longo. Voltando um pouco atrás, a fim de inserir essas novas descobertas no quadro do desenvolvimento sexual feminino com que estamos familiarizados.

Assim, será inevitável certa repetição. Ajudará nossa exposição se, enquanto progredirmos, compararmos o estado de coisas nas mulheres como nos homens. Antes de tudo, não pode haver dúvida de que a bissexualidade, presente, conforme acreditamos, na disposição inata dos seres humanos, vem para o primeiro plano muito mais claramente nas mulheres do que nos homens. Um homem, afinal de contas, possui apenas uma zona sexual principal, um só órgão sexual, ao passo que a mulher tem duas: a vagina, ou seja, o órgão genital propriamente dito, e o clitóris, análogo ao órgão masculino.

Se acreditar que por muitos anos, a vagina é virtualmente inexistente e, possivelmente, não produz sensações até a puberdade. É verdade que recentemente um crescente número de observadores tem comunicado que os impulsos vaginais estão presentes mesmo nesses primeiros anos. Nas mulheres, portanto, as principais ocorrências genitais da infância devem ocorrer em relação ao clitóris. Sua vida sexual é regularmente dividida em duas fases, a primeira das quais possui um caráter masculino, ao passo que apenas a segunda é especificamente feminina. Assim, no desenvolvimento feminino, há um processo de transição de uma fase para a outra, do qual nada existe de análogo no homem.

Outra complicação origina-se do fato de o clitóris, com seu caráter viril, continuar a funcionar na vida sexual feminina posterior, de maneira muito variável e que certamente ainda não é satisfatoriamente entendida. Não se conhece, naturalmente, a base biológica dessas peculiaridades das mulheres e, menos ainda, pode atribuir-lhes qualquer intuito teleológico. Paralela a essa primeira grande diferença existe a outra, relacionada com o encontro do objeto. No caso do homem, a mãe se torna para ele o primeiro objeto amoroso como resultado do fato de alimentá-lo e de tomar conta dele, permanecendo assim até ser substituída por alguém que se lhe assemelhe ou dela se derive. Também o primeiro objeto de uma mulher tem de ser a mãe.

- ALGUMAS CONSEQUENCIAS PSIQUICAS DA DISTINÇÃO ANATOMICA ENTRE OS SEXOS - SEGUNDO FREUD

Segundo Freud “Sabemos menos sobre a vida sexual das meninas que sobre a dos meninos. Mas não precisamos nos envergonhar dessa distinção; afinal de contas, a vida sexual das mulheres adultas constitui em “continente obscuro” para psicologia”, ou seja, Freud tinha plena convicção que até certo ponto o desenvolvimento psicosexual entre meninos e meninas estava direcionado na mesma direção e semelhança, entretanto na sexualidade infantil da menina se tratando de seu desenvolvimento ocasionaria em um “continente obscuro” para psicologia. Que a Mulher seja um enigma, Freud não é o primeiro e nem será o ultimo a dizer isso, contudo ele surge com algumas questões a

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