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PRIMEIRA EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA COMO PROFESSORA DE GEOGRAFIA: SUPERANDO EXPECTATIVAS RUINS

Por:   •  11/5/2018  •  3.065 Palavras (13 Páginas)  •  416 Visualizações

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exigia ordem naquele instante. Eles todos se espantaram e se calaram. E já comecei ditando as regras: disse que eu era a nova professora de Geografia, que ia ficar somente uma semana, mas que não era porque eu ia permanecer por pouco tempo que as coisas seriam diferentes, que eu exigiria respeito máximo e que ia passar conteúdo de prova bimestral, inclusive valendo visto (que foi uma estratégia para dar mais seriedade ainda às aulas). Só depois disso falei meu nome e disse que meu intuito é que eles colaborassem para que tudo fosse harmônico, porque se o contrário acontecesse tudo seria pior e eu não mediria esforços para erradicar os maus comportamentos. Feito isso, iniciei a escrita do texto no quadro e toda hora que via que o nível de conversa ia se elevando, virava-me, olhava com cara de má e eles ficavam quietos. Porém, notei que passar textos no quadro pode ser cansativo e não muito eficaz, o que não o exclui do planejamento docente quando necessário.

Nas outras salas apliquei o mesmo método. Deu super certo! Assim, coloquei disciplina nas turmas e, depois disso, era só aplicar os conteúdos da melhor maneira possível de acordo com o que havia elaborado! Com isso, fui além do livro, pude levar revistas ilustrativas, explicar a matéria com poucas interrupções e fazer aquilo que eu sempre pretendi, que era exercitar a reflexão sobre a realidade e a cidadania com criticidade, apropriando em

minha fala dos “ganchos” e brechas do conteúdo. Conteúdo este que se fosse tratado apenas pelo livro seria muito limitado e enfadonho. Procurei então outra forma para abordar os temas e correlacioná-los com a realidade, buscando esclarecê-la e chamando a atenção dos alunos para papel de cada um no rumo das coisas. Usando uma linguagem jovem, algumas vezes com gírias e expressões populares, fiz com que os alunos se interessarem e tivessem curiosidade sobre os assuntos em pauta.

Vi que a linguagem é uma chave que pode abrir grandes portões, mas que é algo sempre em aperfeiçoamento, que devemos a cada dia melhorar, e que se mal usada, pode ser fatal, levando ao insucesso causado por um erro mínimo. Alunos estão cansados de professores com práticas velhas. Na contemporaneidade já não se sustenta mais a docência

tradicional com verbalismos muito formais e desprovidos de articulações (não que ele não deva ser usado em certos momentos, afinal nada na docência pode ser negligenciado!), mas os jovens hoje, permeados pelo universo da comunicação, gostam, pelo que percebi, de diálogos, músicas, vídeos, revistas, explicações com experiências do próprio professor (eles são muito curiosos com a nossa vida pessoal!), informações relacionadas com o que eles assistem, viveram, sentiram e um pouco de linguagem informal, que vi que aproxima mais também.

Todavia, deve-se tomar cuidado com posicionamentos ideológicos, muito polêmicos e palavrões, pois às vezes no desenrolar do pensamento nem vemos o que fazemos, por isso somos obrigados a pensar muitíssimo bem no que expor. Ao professor se permite muito pouco errar e as cobranças sempre são múltiplas.

A atitude de um pouco tirana me ajudou a controlar as turmas para as quais dei aulas. Alguns alunos mais rebeldes, puni para dar o exemplo e mostrar que estava falando sério. O fato de a escola disponibilizar o livro de registro de ocorrências dentro de sala de aula ajuda muito a controlar as transgressões. Gritos, às vezes são impossíveis de não se soltar, infelizmente. Olhar os alunos como pessoas que estão subordinadas a você e que devem te respeitar é importante para não titubear na hora que se precisa ter pulso mais firme.

Para dissipar um pouco a imagem de brava e muito rígida, procurei ir para o pátio em alguns momentos para observar e interagir com os alunos. Isso me ajudou muito na obtenção de alianças e amizades com eles, o que foi meio que inédito para muitos, pois os professores não se “misturam” com as crianças.

Aquela escola oferece uma estrutura peculiar que ajuda muito no sucesso do docente.

O fato de toda a equipe ser bastante amiga e unida permite muito diálogo e apoio mútuo, e isso é o que eu achei de mais eficaz dentro da escola. Os alunos são predominantemente de classe média, com boa estrutura familiar e material, e a instituição é muito bem organizada, com excelente conservação e limpeza, demonstrando muito empenho de todos que trabalham ali.

Fiquei um pouco decepcionada com a invasão da vida pessoal que a profissão causa.

Quando nos tornamos professor, temos que ter cuidado com a roupa que vestimos, com os

lugares que freqüentamos, com as atitudes que temos, pois não bastam todas essas

observações dentro da escola, porque se algum aluno vir o docente fora da instituição fazendo

qualquer coisa digna de controvérsia, seja um “amasso com o namorado(a) na praça, ou um

bar que você frequenta”, pode comprometer sua reputação e a carreira, porque espera-se do

professor quase que atitudes sobre-humanas, totalmente exemplares, assertivas em tudo o que

se faz e fala.

Ser docente é muito mais do que ir à sala e passar o conteúdo. É tirar horas para

estudar, ler, fazer planos de aula, pesquisar, estar atento ao mundo, observar bastante, e

mesmo na hora que está exercendo a profissão, raciocinar freneticamente, pois estar atento a

como e o que se fala, controlando os alunos e a si mesmo a um só tempo é muito difícil. Sem

contar que, fora ao que é intrínseco à nossa profissão, temos que nos posicionar atentos longe

da escola, em nossos atos cotidianos, lutar por melhores salários, reconhecimento da escola e

da docência, evolução na carreira, visando sempre o bem máximo que é a educação, a

cidadania, o respeito dos nossos alunos e da classe trabalhadora.

Considerei positiva essa minha primeira experiência como professora de Geografia.

Proporcionou-me reflexões próprias e comuns que muitos docentes enfrentaram ou

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