INCLUSÃO DE ESTUDANTES SURDOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE CATU/BA
Por: Jose.Nascimento • 7/1/2018 • 4.316 Palavras (18 Páginas) • 490 Visualizações
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Bianchetti (1992) discorre de maneira cronológica num contexto histórico, a maneira como a sociedade via e tratava as pessoas com deficiência, desde a sociedade primitiva que abandonava ou deixava para trás as pessoas que não tinham como sobreviver por si só, ou, não tinham como colaborar com a sobrevivência do grupo, passando pelas sociedades da Idade Média até a Sociedade Capitalista.
Durante toda a Antiguidade e quase toda a Idade Média, os surdos foram considerados ineducáveis, incapazes de adquirir a fala, portanto, estúpidos ou mudos, privados de alfabetização e instrução, confinados a uns poucos sinais e gestos rudimentares, isolados até mesmo da comunidade de seus iguais e incapazes de desfrutar a livre comunicação com seus pais e família (SACKS, 1990).
Sá (2004), numa reflexão a respeito da história de surdos diz que:
“Em síntese”, a história dos surdos, contada pelos não surdos, é mais ou menos assim: primeiramente os surdos foram descobertos pelos ouvintes, depois eles foram isolados da sociedade para serem educados e afinal conseguirem ser como os ouvintes; quando não mais se pôde isolá-los, porque eles começaram a formar grupos que se fortaleciam, tentou-se dispersá-los, para que não criassem guetos (SÁ 2004, p.3).
Na história ficam evidentes as situações em que as pessoas surdas conviviam em que lhes negavam seus direitos. As mudanças que ocorreram ao longo dos anos é que contribuíram para que estes sujeitos fossem vistos como pessoas de direitos.
2 A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL
Antes de adentrar na gênese da educação inclusiva no Brasil, é importante conhecermos um pouco, sobre o que é educação e suas intenções para com o indivíduo e a sociedade como todo, desde o início da humanidade. Segundo Lopes (1992),
A educação qualifica os indivíduos à sua ação do presente e projeta, conjuntamente com outras instituições sociais, um ideal de sociedade a ser alcançado ou preservado. Portanto, a educação é exercida como parte integrante das diversas atividades empreendidas pelos homens socialmente organizados, organização esta marcada pelas diferentes formas que os homens encontram para produzirem os bens materiais necessários à sua sobrevivência (LOPES, 1992, p. 189).
As formas particulares das manifestações da educação numa sociedade estão profundamente marcadas pelas concepções filosóficas dominantes nas mesmas. Podemos dizer que, no geral, a educação produz nos estudantes a ideologia dominante. Esta reprodução, entretanto, não se dá de forma linear. Os mesmos conhecimentos que poderão servir de suporte para o exercício da dominação de uma classe, poderão estar a um só tempo, possibilitando a tomada de consciência de elementos das classes dominadas, pondo assim, em questionamento a própria lógica de dominação. “A educação é uma continuidade de práticas e saberes, transmitidos por suas identidades e que se transforma no decorrer do tempo” (LIMA, 2010 p.8).
Deste modo então, podemos observar que o cerceamento do conhecimento, através da educação, é uma ferramenta aplicada para a submissão de classes inferiores através dessas civilizações, implicando por muitos séculos a transmissão da educação como direito de poucos, onde a mesma só poderia ser passada apenas aos filhos da alta sociedade, para que pudessem dar continuação ao sistema que foi criado pelos seus descendentes, e a exclusão dos pobres perdurava e o conhecimento se tornava cada vez mais restrito a classe dominante.
Não é de se negar que muitos avanços tem se feito na educação brasileira, contudo, muita coisa precisa ser melhorada e uma delas é a garantia ao acesso a uma escola de fato inclusiva.
3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL:PERSPECTIVA DE INCLUSÃO
O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, está pautada na busca da defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação.
A educação inclusiva é constituída por um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que promove a igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas de exclusão no âmbito escolar e/ou fora dela. Para NÁPOLIS (2007) ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las, e é neste contexto que a escola busca suprir os desafios.
A partir dos referenciais para a construção de sistemas educacionais inclusivos, a organização de escolas e classes especiais passa a ser repensada, implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas.
O contexto da educação especial no Brasil, expressa um movimento de integração/inclusão de práticas sociais para a inserção das pessoas consideradas com deficiência. As sociedades componentes de diversas culturas atravessaram períodos distintos no que se refere às práticas sociais para as pessoas consideradas com deficiência.
Em sua origem (século XIX), a educação especial sustentava-se no paradigma segundo o qual a formação das pessoas com alguma “enfermidade” deveria se orientar no sentido de prepará-las para a sociedade, o que exigia uma concepção de ensino que propiciasse a sua adaptação aos padrões sociais já estabelecidos pelos grupos majoritários.
De acordo com Fernandes (2006), a escola historicamente se caracterizou pela visão da educação que delimita a escolarização como privilégio de um grupo, uma exclusão que foi legitimada nas políticas e práticas educacionais reprodutoras da ordem social. A partir do processo de democratização da escola, evidencia-se o paradoxo inclusão/ exclusão quando os sistemas de ensino universalizam o acesso, mas continuam excluindo indivíduos e grupos considerados fora dos padrões homogeneizadores da escola. A partir da visão dos direitos humanos e do conceito de cidadania fundamentado no reconhecimento das diferenças e na participação plena dos sujeitos, busca uma identificação de mecanismos e processos de hierarquização que operam na regulação e produção das desigualdades.
Essa problematização explicita os processos normativos de distinção dos alunos em razão de características intelectuais, físicas, culturais, sociais e linguísticas, entre
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