Educação: Entre o ideal e o possível
Por: SonSolimar • 23/2/2018 • 1.299 Palavras (6 Páginas) • 350 Visualizações
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os problemas da escola se configuram na figura do aluno que não possui base familiar, são mal educados e sem vontade, segundo palavra dos próprios professores.
O último grupo, sendo este minoria, se configura de professores que têm consciência dos problemas que envolvem a escola pública, demonstram entender o meio social do aluno buscando uma relação mais próxima com o mundo deles.
Neste contexto do último grupo, tivemos o prazer de conhecer a professora Denízia, que dá aula para seis turmas do 1º e 2º ano do ensino médio, e que apesar de gostar muito do que faz, ela estava um pouco desanimada com o novo método de ensino que o governo implantou através das apostilas, cadernos; que segundo ela não está de acordo com o que os alunos realmente estão aprendendo e o grau de conhecimento deles, está aquém da realidade exigida. “Há temas que eles nunca aprenderam ainda por vários motivos, sendo um dos motivos: o descaso pela educação”.
A educadora contou-nos que havia se formado em 2002 numa universidade do interior de São Paulo, e no ano seguinte já começou a lecionar e está nessa área há seis anos. Disse que em relação à escola privada, a cobrança é maior da parte da instituição, o professor tem que viver somente para aquilo. Já na pública, não se exige tanto, mas o que ainda a motiva é o apoio que ela tem da direção do Magalhães. Fora isto, a professora se sente desvalorizada, afinal para ela no final do mês não é compensador.
Quanto aos alunos, o ambiente escolar se configura de diferentes maneiras. Para alguns se traduz numa rotina diária de insatisfação onde o momento mais feliz se realiza nos intervalos e no final do turno de aula. Para outros era um local que se mostrava até mesmo de forma agradável onde preferem o convívio neste ambiente ao ambiente familiar. O que todos pareciam concordar era que a escola se configurava como uma imposição que não absorvia suas expectativas, principalmente no que tange ao interesse pelas aulas.
Não há interesse em questionamentos, resultado da falta de atenção dos alunos e falta de opções que este método de ensino propicia. Conversando com a professora, percebi nela um ar de impotência com relação à situação. Dizia se sentir sem ação diante de um quadro de alunos sem as mínimas condições de terem chegado ao Ensino Médio. Comentava de alunos que não sabiam juntar letras para formar uma palavra, ou até mesmo alguns que chegavam a formar a palavra, mas não entendia o significado da mesma. Era claro para a professora que a culpa da situação era da progressão continuada implantada no ensino em São Paulo, o que segundo ela, tira qualquer possibilidade do professor tentar exercer as disciplinas de forma ideal.
De modo geral, este problema a cerca da progressão continuada era consenso entre os professores, sendo que o diferencial entre eles se dava na forma como lidavam com a situação. A grande maioria justificava o descaso pelo ato de lecionar baseado na progressão continuada, outros, no caso da Profª Denízia, tentavam suprir a deficiência dos alunos mesmo que para isso deixassem de lado, a grade de suas disciplinas para contornar a defasagem. Em meio a estas análises, observei que a professora buscava entender as condições sócio-culturais dos alunos e se aproximar deles com base no diálogo, na conversa e acima de tudo se comunicando de forma que os alunos a compreendessem.
Ao indagarmos a professora a cerca da situação que se encontrava a escola pública, ela aparentava ter plena consciência da precariedade e dos problemas que a envolvia, mas ao contrário de outros colegas de trabalho, esta procurava contornar as dificuldades pautando-se no diálogo e atividades com fins didáticos, fazendo com que os alunos mudassem o comportamento em suas aulas. Mostrava ter consciência do contexto socioeconômico dos alunos, dizendo que a maioria dessas crianças e adolescentes não tem a presença do pai e da mãe durante grande parte do dia, isso quando estes têm pai e mãe. Nesse sentido percebi que ela se sentia responsável pela formação desses jovens argumentando que antes mesmo de lecionar sua disciplina pretendia passar caráter e responsabilidade para eles, pois se não aprendessem isso nessa fase da vida nunca iriam aprender.
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