A INFLUÊNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Juliana2017 • 24/10/2018 • 3.737 Palavras (15 Páginas) • 283 Visualizações
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Assumindo a identidade de educadores/as no caminhar da nossa formação vimos que nossos estudos e pesquisas devem se estender cada vez mais à busca de compreender assuntos que abrangem todos os aspectos do desenvolvimento humano. A sexualidade e o gênero são assuntos que envolvem a realidade da educação humana e está presente no contexto escolar.
Para que aconteça uma educação saudável nada pode ser vergonhoso ou censurável, mas sim estudado, compreendido, para ser aceito ou negado, sugerindo formas de transformação social. Com a mudança de postura ao discutir sexualidade e gênero assumindo-a como parte intrínseca na aprendizagem alcançaríamos mudanças, amadurecimento, consciência sobre o mundo, desde a infância até a vida adulta.
Com a intenção de uma educação plena na qual lance um olhar para a criança em seu desenvolvimento integral, por que não discutir e aprofundar-se sobre o gênero e a influencia que as literaturas infantis na construção da identidade da criança na educação infantil? Seria como iniciar a aceitação de que a sexualidade está presente na criança e é fator motivador nas suas atividades sociais e físicas devendo ser compreendida no processo de ensino e aprendizagem.
Buscamos através de esse estudo estimular a reflexão critica sobre a construção e a reconstrução de saberes constituídos historicamente em nosso fazer pedagógico, reconhecendo a criança como sujeito ativo da criação do seu próprio pensamento, e nas influencias na construção das identidades e nas formas de como entendemos e expressamos o gênero dentro das literaturas infantis.
São muitos os exemplos e as situações conflituosas que ocorrem na escola sobre a descoberta da sexualidade e do gênero na infância, a busca de metodologias e estudos, deve ser maior que todas essas situações interpretadas como problemas educacionais, assim, devendo superar os preconceitos sobre o assunto.
Neste artigo, abordamos a influência da literatura infantil na construção da identidade de gênero da criança na educação infantil, através da analise do livro “Porque meninos têm pés grandes e meninas têm pés pequenos?” da autora Sandra Branco questionando os possíveis fatores que têm contribuído para as dificuldades de professore/as em lidar e trabalhar com o tema.
Dessa forma o presente artigo tem o objetivo de analisar como a literatura infantil influencia na construção na identidade de gênero no desenvolvimento da criança na Educação Infantil, assim, propiciando o debate sobre gênero e sexualidade na educação infantil através da literatura infantil. Para isto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, utilizando como principais autores para o embasamento teórico: Freud (1996), Louro (2014), Foucault (2011), Teles (2001), Stoller (1978), Scott (1995), coelho (2008) e Aguiar (2001). Acreditamos que se os/as educadores/as não reconhecerem seus impulsos sexuais como também a diversidade que se constitui a identidade de gênero, negarão assim os de seus filhos e filhas ou alunos e alunas e toda uma posição madura e segura, esperada de um indivíduo professor/a estará comprometida, dando lugar a censuras, preconceitos e tabus.
O comportamento social para com o gênero tem seus momentos de aceitação e negação da sua presença nos sujeitos. Encontrá-la em nós mesmos como um fator natural do ser humano, remete a mudança de reconhecê-la em si mesmo/a para entendê-la nos outros sujeitos, observando assim, suas diferenças e promovendo uma interação e integração social madura e segura.
1. SEXUALIDADE, QUE BICHO É ESSE?
Quando falamos sobre o desenvolvimento humano, logo pensamos no crescimento cognitivo e biológico do nosso organismo e por muitas vezes esquecemos-nos do nosso desenvolvimento psicológico, afetivo e social. Apesar de vivermos em um tempo flexível onde se tem acesso a informação e a liberdade de expressão, não encontramos tantos espaços na área de educação que desenvolvam de uma forma educativa e livre o estudo sobre a sexualidade humana.
Como ressalta Teles (2001, p. 95):
A sexualidade não é algo que desabrocha subitamente na adolescência, quando a função reprodutiva se estabelece. É uma força-motriz, uma energia vital que impregna todo o organismo e toda a personalidade; força com a qual o indivíduo já nasce e que se desenvolve, pouco a pouco, como qualquer outro aspecto desta realidade biopsicossocial que é o homem. Negar a importância deste fato é querer mutilar o ser humano, fazendo-o palco dos mais tristes conflitos.
Compreendemos que, quando a sexualidade é reconhecida, a liberdade em expressar e realizar atividades no mundo se torna mais segura, pois descobrimos que a sexualidade que reprimimos é a natureza que clama em se expressar, é a energia que quer se expandir. Segundo Freud (1996) tudo que vivemos positivamente ou negativamente, em relação ao desenvolvimento psicossexual, influi na construção de nossa personalidade, da maneira como faremos nossas escolhas, do que pode e do que não pode ser feito.
Um dos objetivos traçados por pesquisadores quando começam a estudar sobre o tema sexualidade e gênero, era/é procurar espaços virtuais e reais para abertura de um debate sobre esse tema que no decorrer dos séculos foi censurado e omitido, seja pela igreja ou pelo Estado, que deveras oprime para sustentar um estilo de vida de bom grado a alguns que fazem de tudo para manter-se no poder sobre os demais, em nome da moral ou dos bons costumes.
Tornado ciente que falar sobre sexualidade é falar sobre um aspecto da natureza humana e que o debate e a reflexão sobre este tema pode superar pré-conceitos estabelecidos, é que ampliamos a nossa visão, de que sexualidade não se resume a sexo, é algo muito maior que está intrinsecamente ligado ao nosso ser e estar no mundo, com o mundo e com os outros, não apenas em um estado biológico, mas social cultural e também político, e a construção da nossa identidade perante tudo isso.
Esta afirmação individual de estar e de ser algo ou alguém nos faz pensar sobre personalidade (opção, influenciada), atitude (conseqüência da influencia) o que nos leva a educação (orientação), então começamos a falar sobre gênero, em como o masculino e o feminino vem sendo emoldurados em papeis sociais pré estabelecidos através de varias formas culturais de expressão, que convivem no ambiente escolar e como a literatura e a educação infantil podem influenciar no processo de construção de nossa identidade.
1.1 IDENTIDADE DE GÊNERO, UMA CONSTRUÇÃO
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