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Fichamento de criações ideologicas e dialogismo

Por:   •  27/5/2018  •  1.227 Palavras (5 Páginas)  •  324 Visualizações

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abstrato, único e temporal, nem pela referência a um mundo dado uniforme e transparentemente, mas são construídas na dinâmica da história e estão marcadas pela diversidade de experiências de grupos humanos, com suas inúmeras contradições e confrontos de valorações a interesses sociais” (p. 51).

“Os signos não podem ser unívocos (monossêmicos); só podem ser plurívocos (o caráter multissêmico) é a condição de funcionamento dos signos nas sociedades humanas.” (p. 51)

“O material semiótico pode ser o mesmo, mas sua significação no ato social concreto de enunciação, dependendo da voz social em que está ancorado, será diferente. Isso faz da semiose humana uma realidade aberta e infinita”. (p. 52)

“Além disso, como os processos semióticos só refletem o mundo reflatando-o, os signos são espaços de encontro e confronto de diferentes índices sociais de valor, plurivalência que lhes dá vida e movimento, caracterizando o universo da criação ideológica como uma realidade infinitamente móvel”. (p. 54)

“Para designar essas múltiplas refrações do objeto (esses múltiplos discursos sociais), Bakhtin introduz, nesse texto, a expressão vozes sociais ou línguas sociais, entendendo-as como complexo semiótico-axiológicos com os quais determinado grupo humano diz o mundo” (p. 56)

“[...] o encontro sociocultural dessas vozes e a dinâmica que aí se estabelece: elas vão se apoiar mutuamente, se interiluminar, se contrapor parcial ou totalmente, se diluir em outras, se parodiar, se arremedar, polemizar velada ou explicitamente e assim por diante” (p. 58).

“[...] é o plurilinguismo dialogizado (são as fronteiras) em que as vozes sociais se entrecruzam continuamente de maneira multifome, processo em que se vão também formando novas vozes sociais.” (p. 58)

“[...] os enunciados, que respondem ao já dito (“não há uma palavra que seja a primeira ou a última”), provocam continuamente as mais diversas respostas (adesões, recusas aplausos incondicionais, críticas, ironias, concordâncias e dissonâncias, revalorizações, etc. – “não há limites para o contexto dialógico”)”. (p. 59)

“[...] cada enunciado é uma resposta, contém sempre, com maior ou menor nitidez a indicação de um acordo ou um desacordo; é um elo da corrente ininterrupta da comunicação sociocultural. [...] espera uma resposta [...] Todo dizer é, assim, parte integrante de uma discussão cultural (axiológica) em grande escala: ele responde ao já dito, reluta, confirma, antecipa respostas e objeções potenciais, procura apoio, etc” (p. 59)

“[...] todo dizer não pode deixar de se orientar para o “já dito”. [...] não se constitui do nada, não se constitui fora daquilo que chamamos hoje de memória discursiva”. (p. 59)

“[...] todo dizer é orientado para a resposta. Nesse sentido, todo enunciado espera uma réplica e – mais – não pode esquivar-se à influência profunda da resposta antecipada.” (p.59)

“[...] todo dizer é internamente dialogizado: é heterogêneo, é uma articulação de múltiplas vozes sociais (no sentido em que hoje dizemos ser todo discurso heterogeneamente constituído), é o ponto de encontro e confronto dessas múltiplas vozes.” (p. 60)

“A palavra diálogo designa, comumente, determinada forma composicional em narrativas escritas, representando a conversa dos personagens. Pode designar também a sequência de fala dos personagens no texto dramático, assim como o desenrolar da conversação na interação face-a-face.” (p. 60)

“Em outras palavras, podemos dizer que, no caso específico da interação face-a-face, o Círculo de Bakhtin se preocupa não com o diálogo em si, mas com o que ocorre nele, isto é, com o complexo de forças que nele atua e condiciona a forma e as significações do que é dito ali”. (p.61).

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