A classe trabalhadora urbana
Por: YdecRupolo • 17/4/2018 • 1.493 Palavras (6 Páginas) • 561 Visualizações
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Hall aponta que ao contrario do que se esperava, os imigrantes europeus vieram com pouca tradição política para organizar a sua classe trabalhadora. Isso se dava devido a dois principais fatores. O primeiro ocorria porque parte desses imigrantes era abrigada por outros imigrantes do mesmo país que cresceram de certa forma na América Latina, isso acabou por desenvolver uma relação paternalista que dificultava qualquer organização de resistência. O segundo motivo foi o individualismo de obter o reterno econômico o mais breve possível para voltar a sua terra natal. Além disso, as leis que foram institucionalizadas pelos Estados de expulsão sumária de estrangeiros que estivessem envolvidos em manifestações trabalhistas ou greves foram significativas para as dificuldades de desenvolver uma forte e integrada classe trabalhadora.
Entretanto, mesmo com tantas dificuldades, até a década de 30, as condições de vida do trabalhador não melhoraram, ficaram cada vez mais degradantes. Os salários continuavam baixíssimos, “muitos observadores descreveram essas fábricas como verdadeiras prisões ou senzalas” (p.295). As jornadas de trabalho poderiam ir até 16 horas e além das agressões físicas muitas mulheres sofriam violência sexual.
Diante de tal situação insustentável, artesãos e outros trabalhadores, inicialmente criaram as “sociedades de auxílio mútuo” para se protegerem das péssimas condições de vida. Em troca de pagamentos regulares, tais sociedades ofereciam benefícios e apoio em caso de doenças, mortes, dentre outros.
No final do século XIX, os movimentos trabalhistas começaram a ganhar força na América Latina, até por parte de contatos fugazes com a primeira Internacional e ideais socialistas e anarquistas. Essa incorporação ideológica proporcionada pelo contato com alguns europeus se deu deforma variada e complexa na América Latina. Dentre elas torna-se inegável a forte presença do anarco-sindicalismo na maioria dos países latino-americanos. Mesmo com muitas divergências, Hall indica que:
“Os anarco-sindicalistas esperavam destruir a ordem existente por meio de uma greve geral revolucionária. Essa assumiu, em algumas formulações, o aspecto de um levante armado em massa, mas em outras foi considerada um fenômeno relativamente pacífico. No entanto, as greves com objetivos econômicos limitados suscitavam uma questão estratégica e complexa, ale de contribuir para uma ‘ginástica revolucionária’.” (p.301)
Miguel
Sobre o estudo deste movimento sindical na Amécia Latina, com destque para a Argentina, podemos ressaltar o capítulo de Renato Falcón “Políticas laborales y relación Estado-sindicatos em el gobierno de Hipólito Yrigoyen” onde o autor faz um pequeno balanço historiográfico sobre o governo de Hipólito Yrigoyen. O enfoque se dá na relação entre estre Estado radical e os sindicatos trabalhistas, tratando também dos limites e resistências à este governo.
Ricardo Falcon ao analisar o tema expõe algumas problemáticas historiográficas em diversas obras que abordam desde a história política até a social-cultural. A questão da consciência popular no governo radical gerou divergências entre os historiadores. Falcon cita nomes como Felix Luna e José Luís Romero. O primeiro diz que a falta de consciência popular isolou o Caudilhismo o segundo faz oposição dizendo que foi justamente esta falta de consciência que permitiu o fortalecimento do mesmo.
O governo radical foi responsável por intermediar os conflitos entre os trabalhadores e os empresários. Pogglos discorda desta afirmativa considerando a política do Estado liberal onde o governo adotou uma posição defensiva em relação à mediação de alguns conflitos. Isto resultou numa diminuição da repressão policial nestes conflitos.
Na relação Estado-sindicatos há uma dicotomia. Em alguns momentos o Estado, que não era a maioria no legislativo e que carecia de um programa de governo específico, faz coligações com setores trabalhistas. Esta ligação inusitada se dá por interesses elitorais e também por possuírem inimigos em comum, como os anarquistas e o partido socialista. Este suposto caráter assistêncialista por parte do governo acabou fortalecendo laços paternalistas entre a figura do presidente e a população, previnindo qualquer tipo de rebelião radical.
O principal objetivo do autor no texto é apresentar diferentes correntes historiográficas que tratam desta relação Estado-sindicatos na Argentina, sendo que alguns autores dizem que ela se deu apenas por interesses eleitorais e outros citam este interesse em suprimir o movimento anarquista e socialista.
Tendo em vista a dicotomia do Estado por ora assitêncialista e por ora opressor torna-se possível observar o oportunismo de uma classe dominante para embarreirar qualquer manifestação revolucionária que possa prejudicar o projeto político liberal.
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