A IMPORTÂNCIA DA VIDEOAULA NO ENSINO DE MATEMÁTICA
Por: Jose.Nascimento • 4/9/2018 • 3.817 Palavras (16 Páginas) • 301 Visualizações
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A oralidade primária, anterior à escrita, é a primeira grande tecnologia da inteligência criada pelo homem. Apoiava-se basicamente sobre a memória, sendo uma forma de estendê-la e preservá-la. O ensino oral dependia da capacidade de memória dos mais velhos para a transmissão de conhecimentos aos mais novos, e da capacidade auditiva destes.
Com o surgimento da escrita, a ciência e a tecnologia se desenvolveram largamente. O domínio dessa técnica, mesmo que de início restrito a poucos, transferiu a função de suporte do conhecimento para os documentos escritos, o que antes era desempenhada pela mente. A partir daí começam a História e a Ciência como sistematização do conhecimento. Com o desenvolvimento das técnicas de representação e leitura, a própria visão de mundo vai se transformando assim como mudam as relações entre homens, técnicas e o conhecimento. Transforma-se a percepção de tempo, pois emissão e recepção não precisam mais ser simultâneas, o que provoca também um distanciamento entre os interlocutores e sues contextos. O trabalho de interpretação da mensagem torna-se mais complexo. E a invenção da impressão acabou por levar essas transformações a níveis internacionais. Surgem depósitos de documentos, bibliotecas, escolas, universidades e centros culturais pelo mundo e o ensino é cada vez mais pautado em teorias e metodologias científicas.
Mais recentemente, a informática se apresenta como uma nova e poderosa tecnologia da inteligência. Nela, a oralidade e a escrita são potencializadas ao se reconfigurarem diante dos novos formatos de mídia. “Devemos pensar na imbricação, na coexistência e interpretação recíproca dos diversos circuitos de produção e difusão do saber” (Levy, 1993, p.116) O audiovisual, a velocidade quase que instantânea de transferência de dados, as reinvenções e aprimoramentos constantes fazem desta a tecnologia que mais contribui para o
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estabelecimento de uma ecologia cognitiva. Ecologia que engloba homens, técnica e ciência e suas mais diversas relações e transformações. Nessa nova configuração das redes, o pensamento se expande ganha novos suportes técnicos, como a inteligência artificial. A memória e o tempo são pontuais e baseados na experiência comunicativa presente.
E nesse contexto, os processos de ensino-aprendizagem sofrem também graves reformulações. “O hipertexto ou a multimídia interativa adequam-se particularmente aos usos educativos” (Levy, 1993, p.40). Ainda segundo esse autor, nesse novo modelo de comunicação, todos discursam e interagem de forma descentralizada e dessincronizada. Assim, nessa nova geometria da comunicação os papéis de emissor e de receptor se transformam em uma relação de interatividade. Esse ambiente interativo contribui para uma participação mais ativa do estudante na construção do conhecimento compartilhado ao levá-lo para dentro das discussões e estimular a pesquisa e produção de sentido coletivo.
2.2 AS NOVAS TECNOLOGIAS E O ENSINO DE MATEMÁTICA
Apoiando-se sobre o trabalho de Levy, surgem estudos no âmbito da aplicação da informática ao ensino de matemática. No Brasil, universidades e pesquisadores têm realizado diversas experiências visando compreender como essas novas tecnologias se inserem nas rotinas escolares. Não se deve deixar de considerar as limitações econômicas, infraestruturais e formativas, no que dizem respeito à inserção da tecnologia nas escolas. Principalmente quando se trata do ensino público, os computadores e acessórios de informática se tornam obsoletos devido à burocracia que envolve a compra de materiais mais atuais. Muitas escolas não têm estrutura para receber, por exemplo, um laboratório de informática. Em outros casos, os professores é que não possuem conhecimento técnico básico para operar os computadores.
Entretanto, o Ministério da Educação e as Secretarias de Educação têm promovido programas de informatização escolar desde os anos 90. Mesmo enfrentando essas questões, os computadores e a internet chegam às escolas e incentiva-se o professor a fazer uso desses recursos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais afirmam que
A denominada “revolução informática” promove mudanças radicais na área do conhecimento, que passa a ocupar um lugar central nos processos de desenvolvimento, em geral. É possível afirmar que, nas próximas décadas, a educação vá se transformar mais rapidamente do que em muitas outras, em função de uma nova compreensão teórica sobre o papel da escola, estimulada pela incorporação das novas tecnologias. (Brasil, 2000)
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A geração atual de estudantes do ensino básico no Brasil já está bem habituada com o computador e a internet. E sem duvida, esse é um recurso interessante para complementar os estudos em matemática. Os softwares de geometria dinâmica, por exemplo, são um poderoso auxílio ao estudo de funções e de geometria analítica, pois permitem a visualização gráfica detalhada dos objetos de estudo, assim como suas representações algébricas. Permitem ainda que o estudante faça testes e conjecturas a respeito das características e limitações desses objetos (por exemplo, pode-se aplicar um controle deslizante sobre o parâmetro a da função
f(x) = ax, e verificar como a curva exponencial muda conforme a variação do valor desse
parâmetro). Outros recursos interessantes são as calculadoras científicas, que facilitam no cálculo de logaritmos e funções trigonométricas; a internet, que é uma grande fonte de pesquisa e a videoaula, que aproveita o interesse despertado por recursos audiovisuais para estimular a imaginação e novas formas de compreensão dos conceitos abordados. Vamos analisar um pouco mais as possibilidades e trazidas por esse último recurso.
2.3 A VIDEOAULA COMO RECURSO DIDÁTICO COMPLEMENTAR
É certo que os conteúdos audiovisuais têm um apelo significativo, pois “desenvolve múltiplas atitudes perceptivas: solicita constantemente a imaginação e reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial do mundo” (Moran apud Maciel e Cardoso, 2014). Levi (1993) já acreditava que o audiovisual poderia atingir o grau de plasticidade que fez da escrita a principal tecnologia intelectual. Assim, pode-se considerar que a videoaula é um recurso interessante para o ensino da matemática, pois permite diversas visualizações
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