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Embargo de Cuba

Por:   •  28/2/2018  •  2.420 Palavras (10 Páginas)  •  429 Visualizações

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Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005, estima-se que desde a criação do embargo até o mesmo ano, houve um prejuízo superior a 89 bilhões de dólares para o país Caribenho. Para a ONU, que condenou inúmeras vezes o bloqueio caracterizando-o como ato de guerra não civil, mas econômica, o fim ao bloqueio econômico representaria uma nova abertura comercial para os Estados Unidos em relação a toda América latina, e para Cuba possibilitaria um novo caminho para a construção de uma economia mais diversificada e globalizada, melhorando o desenvolvimento socioeconômico do país. Já segundo o jornal Adital, o custo passa da casa de 1 quatrilhão de dólares em prejuízos para os cofres da ilha.

Ainda muito se questiona por qual razão esse embargo continua em vigor por tanto tempo, o qual perdura por mais de 50 anos. E mesmo sendo condenado e repudiado por 99% da comunidade internacional, ainda não perdeu a sua veracidade.

Fernando Morais, em seu livro “Os últimos soldados da Guerra Fria” explica as razões:

Nenhum presidente americano havia chegado à Casa Branca sem antes se submeter ao beija-mão dos chefões da diáspora cubana em Miami. A cada quatro anos, um Comitê de Ação Política […] irrigava com doações que chegavam a 10 milhões de dólares as campanhas eleitorais de cerca de 400 candidatos a deputado federal e senador […]. Bastava que defendessem os pontos de vista da diáspora cubana, que fossem comprometidos com a manutenção do bloqueio a Cuba e com todas as formas de luta para pôr fim ao regime comunista que imperava na ilha. Segundo a unanimidade dos observadores políticos, o poder do lobby cubano no congresso só perdia para o multimilionário AIPAC [lobby pró-Israel].

Os discursos usados pelos norte-americanos já não convencem mais, e se repetem ano após ano afirmando que não podem por fim ao embargo de Cuba enquanto uma ditadura estiver alavancada ao poder, porém essa justificativa se contradiz quando observamos outros países que também vivem um regime semelhante ao Cubano, e mesmo assim os EUA mantem relações comerciais com eles sem nenhum ressentimento. Todavia, a partir da eleição do atual presidente norte-americano Barack Obama, as coisas começaram a seguir outros rumos, sinalizando para um possível fim a um dos maiores embargos econômico, comercial e financeiro da história, iniciando o fim de um dos últimos símbolos da Guerra Fria.

O Brasil tem um importante papel diplomático nesse processo de reaproximação entre Estados Unidos e Cuba, que desde o governo Lula foram inúmeras negociações com a ilha caribenha e o governo brasileiro tem mantido uma relação bem próxima ao governo cubano. Em janeiro de 2008, o então presidente Luís Inácio Lula da Silva fez uma visita a Fidel Castro e afirmou que ‘’a relação politica do Brasil com Cuba sempre foi excelente, mas talvez tivesse menos substância econômica que hoje’’, Lula aproveitou o momento para anunciar o financiamento de 1 bilhão de dólares para empreendimentos hoteleiros, construção de rodovias, produção agrícola, produção de vacinas e importações de alimentos. Outro investimento em Cuba foi a construção do porto de Mariel e a ampliação do aeroporto de Havana financiado com capital brasileiro por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES).

Figura 02: Foto do Porto de Mariel em Cuba.

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Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/164121/Porto-de-MarielCuba-o-que-tucanos-e-aliados-t%C3%AAm-a-dizer-sobre-isso.htm>. Acesso em: 08 Mai. 2016.

Apesar do investimento na construção do porto de Mariel, terem divergido opiniões de especialistas em todo o país e os benefícios que o fim do embargo poderá trazer ao Brasil ainda serem desconhecidos, podemos acreditar que o fim do bloqueio econômico pode representar novas oportunidades de negócios, visto que, a ilha caribenha tende a se desenvolver economicamente e abrir espaço em outros campos de sua economia. Com isso, empresas brasileiras podem largar na frente em busca de espaço no mercado local, pois já existe um número considerável das mesmas instaladas na ilha, como é o caso da Metalurgia Martinazzo, de Garibaldi, no Rio Grande do Sul.

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo Vizentini. (Autor: Cleidi Pereira em 17/12/2014 - 20h26min).

“Com a possibilidade de aumento no volume de negócios, o investimento será mais realista, terá mais razão de ser."

Ou seja, não será mais um salto no escuro investir em Cuba quando esse embargo perder a veracidade. Durante a inauguração do porto, a presidente Dilma Rousseff, afirmou que, Mariel representa uma ‘’amizade duradoura’’ entre Brasil e Cuba. Nesse raciocínio podemos ressaltar que futuramente com o provável fim do embargo o Brasil poderá largar a frente em relação a outras nações no sentido de alianças comercias com a ilha. O porto de Mariel possui proporções gigantescas. A obra foi erguida pela Odebrecht, empresa investigada na operação Lava-Jato da policia federal, em parceria com a empresa cubana Quality, o custo ficou em torno 957 milhões de dólares, sendo 682 milhões de dólares financiados pelo BNDES. Em contrapartida, 802 milhões de dólares investidos na obra foram gastos no Brasil, na compra de bens e serviços comprovadamente brasileiros. Pelos cálculos da Odebrecht, este valor gerou 156 mil empregos diretos, indiretos e induzidos no país.

Com base nos interesses brasileiros que vão bem além da construção de um porto ou da reforma de um aeroporto em Cuba, podemos ter como base alguns pontos principais.

O Brasil quer, afirmou a presidente Dilma Rousseff, se tornar ‘’parceiro econômico de primeira ordem’’ de Cuba. Nas últimas décadas as exportações brasileiras para a ilha caribenha quadruplicaram, passando de 450 milhões de dólares, dando ao Brasil o terceiro lugar na lista de parceiros da mesma. Acredita-se que se Cuba, hoje distante da economia internacional, for considerada um mercado em potencial para as empresas brasileiras, a tendência é obter inúmeros ganhos, porém, isso só será possível com o fim do bloqueio.

O porto de Mariel é essencial para isso, pois será acompanhado de uma Zona Especial de Desenvolvimento Econômico inspirados nos existentes na China. Ali, ao contrário do que ocorre no resto do país, as empresas poderão ter capital 100% estrangeiro. Possuindo uma relação favorável com Cuba, o Itamaraty está buscando, assim,

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