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A Música como um Discurso Transformador do Olhar sobre a Sociedade

Por:   •  28/2/2018  •  10.761 Palavras (44 Páginas)  •  510 Visualizações

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Essas indagações sobre a sociedade começaram a ser feitas principalmente quando tive que me transferir do ensino particular para o ensino público, pois na escola pública comecei a viver uma realidade que não estava habituado, onde observei uma enorme desigualdade social existente, pois na escola particular grande parte dos meus amigos era de classe média e vivia em boas condições financeiras, enquanto no ensino público havia a predominância de alunos com situação financeira extremamente baixa.

Após esse choque sobre a realidade comecei a contestar a desigualdade existente na nossa sociedade. Todavia não conseguia achar respostas para as minhas perguntas. Então, quando conheci o Punk e Hardcore comecei a compreender porque existia essa desigualdade social.

“O punk podia falar com uma verdade inédita sobre o amor adolescente, sobre o desemprego, sobre os problemas sociais e sobre a estupidez das regras estabelecidas sem repetir clichês dos discursos políticos – ou seja, sem ter como parâmetro positivo o amor livre, a sociedade alternativa, a revolução ou o socialismo” Do punk ao Hardcore: elementos para uma história da música popular no Brasil (ORTELLADO apud OLIVEIRA . 2013 p. 131)

Apesar de sofrer diversas influências do Punk Rock as principais bandas que influenciaram devido às suas batidas e melodias mais rápidas e agressivas foram o Dead Fish, Dance of Days e Colligere. Todas essas bandas são de um movimento que parte de um desdobramento do punk rock - o Hardcore:

“Desdobramento do punk rock caracterizado por tempos acelerados, canções curtas (rompendo com o padrão verso-refrão-verso), performance agressiva, vocais estridentes, uso de notas mais pesadas (recorrendo inclusive a outros tipos de afinação dos instrumentos de corda que não o tradicional, em mi) e letras com abertos protestos políticos e sociais, expressão de angústias, frustrações, descontentamentos e revoltas individuais ou coletivas” (OLIVEIRA, 2013 p 134 )

Uma das principais influências na minha adolescência foi a banda Colligere; algumas das letras dessa banda faz questionamentos sobre a vida, discutindo e refletindo sobre a forma que empurramos a nossa vida sem lutar por nossos ideais, como podemos observar na letra de Glória é um Momento Silencioso.

Experimentar é a única maneira de estar vivo, ou tudo se resumirá a respirar e ver tudo passar. Quero arranhar sua pele e faze-lo sangrar. Faze-lo sangrar! Você sente no ar a tempestade que se aproxima e a eletricidade lhe traz uma sensação agradável. Alguma coisa vai acontecer. Mas e se tudo acabasse por aqui? Viver é encontrar maneiras diferentes de não morrer - e morrer também é aceitar as condições que não nos deixam viver. O problema é não ter escapado vezes o bastante, como se já estivesse enterrado desde o começo. Sem vontade, seu corpo se torna um instrumento, um objeto que não tem razão para existir além do que vem do sentido dado pela vontade exterior. Sem vontade, seu corpo se torna um instrumento. Todo bem e todo mal residem nas sensações. Nas sensações o espírito se realiza. - experimentando a morte, é a única maneira de viver. - Porque um objeto não deseja.

Colligere – Gloria é um momento silencioso

Esta música é um importante instrumento para questionarmos como levamos a nossa vida, pois muitas pessoas aceitam e não lutam para sair do marasmo da sua vida aceitando tudo que é imposto para eles, por isso o compositor diz que “sem vontade seu corpo se torna um instrumento”; isso faz que nos tornemos meros espectadores da nossa vida. Então, para modificarmos isso, devemos agir e sentir todas as sensações e controvérsias da nossa sociedade, pois somente assim poderemos viver.

Todos se prendem a algo e deixam que isto os carregue sem saber porque, nem para onde vão. Mas eu prefiro estar sozinho do que aceitar uma mentira que irá controlar meus passos. Procurando salvação podemos encontrar um caminho, que leva a uma prisão onde os espíritos são trancados. Prefiro não ter nada do que me render. Ser posto à margem não me fará aceitar, eu não vou aceitar. É necessário mais do que conveniência para me guiar. Num caminho feito com mentiras fáceis você fecha os olhos para se sentir melhor. É necessário mais do que conveniência para me guiar. Quanto menos você pergunta, quanto menos você entende, quanto menos se esforça, mais você está morto. O vazio interior mostra a falta de paixão para a vida (eu preferiria ter uma vida de incertezas do que uma pseudo-felicidade baseada na falta de interesse e paixão para entender o porquê).

Colligere – Quando o espirito esta morto

Nesta outra letra, podemos ver a discussão do compositor sobre a alienação, na qual uma parte da sociedade vive, pois aceita diversos olhares sobre a nossa sociedade e não questiona sobre eles, aceitando-os como uma verdade absoluta; por isso às vezes devemos lutar por nossos ideais e sempre questionando e perguntando sobre a nossa sociedade, pois somente assim seremos livres das amarras da nossa sociedade.

A partir da música comecei a transformar meu olhar sobre a sociedade e questionar os valores impostos pela sociedade, questionando muitos valores que tinha sobre o mundo, além dos conflitos de classes existentes.

“Algumas músicas buscam dar visibilidade a uma existência negligenciada e fazer poesia a partir de conflitos experimentada no urbano. Em comum, estas músicas tem a capacidade de criar outro imaginário urbano que revelam múltiplas territorialidades, identidades insurgentes e lugares escondidos. A territorialidades expressas nas ações musicais interessaram particularmente à analise porque revelam o sentido simbólico do poder e, ao serem incorporadas a analise” (OLIVEIRA 2015)

Na música da b Cólera ele questiona sobre a violência existente nas grandes cidades onde existem violência de classe, raça e religiosa, pois esses conflitos tiram vidas diariamente aumentando os problemas sociais, pois muitos vivem na miséria, com fome e pouco é mudado.

Tem violência em Bruxelas,

Tem violência em Moscou,

Tem violência em nova Iorque

E também no Brasil.

Têm vinganças religiosas,

Têm vinganças de raças,

Têm vinganças de governos

Tenho medo da guerra.

Mas quem se importa?

Mas

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