VIGIAR E PUNIR – NASCIMENTO DA PRISÃO
Por: Sara • 18/10/2018 • 2.485 Palavras (10 Páginas) • 430 Visualizações
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. As disciplinas se aproximavam do conceito da escravidão, mas, diferentemente da escravidão, não havia aquela coisa de ser totalmente submisso, ou pelo menos, não era explicita. Podemos fazer uma análise dessa situação a partir da relação chefe-empregado: Digamos que o nosso corpo é o empregado, e o chefe é o exército. O nosso chefe nos dá determinadas funções para serem cumpridas em um certo período e com especificações exatas, e o empregador tem que atendê-lo, caso o contrário, somos demitidos. A disciplina não é uma coisa que começou em tal hora e em tal lugar, diferente disso, ela já vinha sido aplicada há muitos anos e de diversos lugares, e em sua maioria, sempre sendo impostas em colégios e no exército. Com técnicas adquiridas ao longo dos anos, a disciplina tornou-se mais eficaz, tais técnicas que não eram percebidas, mas sempre funcionavam. São pequenas espertezas dotadas de um grande poder de difusão, arranjos sutis, de aparência inocente, mas profundamente suspeitos.
No capítulo I da terceira parte, o assunto abordado é o corpo humano. Foucault descreve o corpo humano como uma máquina com determinadas funções e características. Para o corpo funcionar como uma máquina adequada, ele deveria estar em forma e manter um excelentíssimo físico, como os soldados. Antes, somente os soldados tinham previamente um físico e eram usados nas guerras, mas, com o passar do tempo e o aumento da necessidade, tais corpos passaram a serem construídos através de técnicas aplicadas principalmente no exército. Podemos usar como exemplo em uma breve análise o filme "Capitão América" que, apesar de ser um pouco fora do assunto, o protagonista também teve seu corpo modificado, não por meio de técnicas, mas sim de substâncias injetadas diretamente nele, cujo o intuito de melhorar seu físico e assim poderia ser aproveitado em campos de guerras, etc.
E quais eram as técnicas da disciplina? Bom, sabemos que sempre tem uma melhor hora e local para administrar as coisas da vida, certo? Quanto a disciplina não era diferente, visto que, uma de suas técnicas baseava-se em utiliza-las no local certo, e esta técnica chamava-se de "quadriculamento", onde, os administradores trabalhavam melhor o espaço para que pudessem controlar todos. Se cada indivíduo estivesse no seu lugar, ou melhor, no seu “quadrado”, seus superiores conseguiriam ter uma melhor visualização de todos. Esse artifício não era simplesmente colocar x pessoa em y lugar, mas exigia também muito cuidado. Táticas “antivadiagem” e “antiaglomeração” foram postas, contagem de presença/ausência, saber como e onde encontrar cada indivíduo, vigiar o comportamento dos subordinados, sancioná-los e entre outras, eram procedimentos centrados em manter uma boa organização e dominância sobre os outros. Não podemos esquecer que, os "chefes" sempre checavam os "operários" analisando sua eficiência, rapidez, comparando-o com outros, cuidando para que fosse um lugar sem brigas, etc. Essas técnicas eram utilizadas em todos os locais imagináveis: Hospitais, colégios, conventos, internatos, quartéis, oficinas e até porto de navio era desse jeito. Tudo controlado dentro dos parâmetros da disciplina que eles fizeram.
Outra técnica, era o controle da atividade dos subordinados. Para controlá-los, era necessário: Estabelecer as cesuras; obrigar a ocupações determinadas; regulamentar os ciclos de repetição. Todo o horário deles era controlado, eles tinham a hora para cumprir suas obrigações, para começar a trabalhar, para deixar o trabalho, etc. E caso isso não fosse cumprido, eles recebiam punições. Como diz o ditado “Tempo é dinheiro” e, tanto o tempo quanto o dinheiro – salário dos operários – deveriam serem bem aproveitados, afinal, um chefe jamais pagaria o empregado que não cumpre suas obrigações dentro do prazo, com baixa eficiência e outras irregularidades que fugiam do padrão disciplinar. Ainda sobre o tempo, havia uma tática militar de dividi-lo para um melhor aproveitamento e melhoraria da aprendizagem dos soldados, isso chamava-se de “A organização das gêneses. ”
Acreditava-se que, apesar de todas as regras e punições, a disciplina não era só imposição de regras, mas que ela era como “uma ajuda” para o homem. Você tendo uma boa disciplina, bom físico e o controle do tempo, será uma pessoa bem-sucedida. Por exemplo, se você acordar todos os dias cedo, adotar um horário para tudo o que você faz e cuidar do seu corpo, a chance da sua saúde e disposição aumentarem são de 100%. Um corpo disciplinado é a base de um gesto eficiente.
Partindo para o capítulo II, onde, o autor apresenta-nos dispositivos que observariam a disciplina sendo aplicada. Como já sabemos, a disciplina tem como função “adestrar” os indivíduos. Ela fábrica, domina tudo e ainda assim passa despercebida no dia-a-dia. E o funcionamento disso também se tem através do olhar hierárquico, a sanção normalizadora e sua combinação num procedimento que lhe é específico, o exame.
O olhar hierárquico já não é sobre aplicar a disciplina, e sim observa-la. Quando você cria uma teoria e logo em seguida a põe em prática utilizando técnicas, você quer ver o resultado que isso dará, certo? Nesse capítulo é abordado os dispositivos que utilizamos para tal observação e o exemplo dado é o acampamento militar. Para a atuação de tais dispositivos de poder, há toda uma modificação da arquitetura, que passa a ser construída para permitir um controle daqueles que nela estão localizados, tornando-os visíveis.
“O velho esquema simples do encarceramento e do fechamento – do muro espesso, da porta sólida que impedem de entrar ou de sair – começa a ser substituído pelo cálculo das aberturas, dos cheios e dos vazios, das passagens e das transparências”
A partir dessas ideias, criou-se uma pirâmide, de onde cada um sabia sua posição e podia observar o andar de baixo. Além disso, cria-se um sistema de recompensas e penalidades com o intuito de classificar o comportamento dos indivíduos, separando “o bem do mal” e criando uma hierarquia visível. Um exemplo claro de que isso ainda é fenômeno hoje, é na escola. Temos o representante de sala, temos a semana de provas com o intuito de nos examinar e ver quem é melhor em certa matéria e que talvez possa reprovar no final do ano. Tudo isso é utilizado para avaliar, separar e hierarquizar uma massa, mesmo que não pareça.
Como já foi dito antes, temos regras para cumprir e também existe punições caso elas não sejam cumpridas. A sanção normalizadora, como já diz o nome, vem com o intuito de normalizar isso. Penalidades são aplicadas
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