Violência Doméstica: Violência: Breve teoria e história
Por: Salezio.Francisco • 9/10/2017 • 10.027 Palavras (41 Páginas) • 527 Visualizações
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e mesmo quando reconhecem existe temor em mudá-la. Paulo Freire diz que os oprimidos introjetam a "sombra” dos opressores e temem a liberdade, pois, essa se trata da expulsão desta sombra. Com essa expulsão será necessário preencher o vazio que restará. Dessa forma, para que haja mudança e para que esse vazio seja preenchido, o oprimido teria que desenvolver sua autonomia e responsabilidade, trazendo como consequência a liberdade. A liberdade é uma condição indispensável para humanização, trata-se de uma conquista e exige uma permanente busca e luta pela mesma. (FREIRE, 1987)
II - Violência Doméstica: Do que se trata?
Segundo Day et al (2003) a visão de que o ambiente familiar e as ligações afetivas protegem seus membros tem se mostrado equivocada e falha, a violência doméstica atinge todas as classes sociais, econômica e cultural. Entre os tipos de violência intrafamiliar podemos citar a violência psicológica e a violência física. Na violência psicológica, é toda ação ou omissão que tem por objetivo causar danos a auto-estima, a identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. Na violência física, alguém tenta causar danos físicos por meio da força, utilizando instrumentos que podem causar lesões internas e externas.
Ainda de acordo com o autor, em todo o mundo, pelo menos uma em cada três mulheres já sofreu algum tipo de abuso, forçada ao sexo ou espancada, e o agressor frequentemente é alguém da família. A violência doméstica na maioria das vezes é acompanhada de agressões psicológicas e também de sexo forçado, foi comprovado que de 40% a 70% dos homicídios femininos no mundo foram cometidos pelos parceiros das mesmas, além de se saber que a pobreza é um fator a mais para as mulheres serem vítimas de violência. (DAY ET ALL, 2003)
Para Day et al (2003), a violência contra a mulher tem um padrão repetitivo e de controle, e não único, e podem surgir de várias formas como tapas, golpes, chutes, estrangulamento e queimaduras, abuso psicológico, vigilância constante, entre outros. A interação de diferentes fatores pode explicar o que provoca a violência doméstica, com relação aos fatores pessoais do agressor podemos citar: ser homem ter presenciado quando criança violência conjugal, ter sofrido abuso quando criança, consumo de bebidas e drogas, ausência do pai; os fatores de risco da relação temos o conflito conjugal, controle masculino; como fatores da comunidade temos a pobreza, desemprego, amigos delinquentes; fatores da sociedade temos normas socioculturais de que o homem possui controle sobre a mulher, conceito da masculinidade ligado a honra, dominação.
Ainda de acordo com o autor, as reações das mulheres que sofrem violência doméstica são de diversas maneiras: algumas fogem, outras resistem, algumas se submetem às exigências dos maridos, o fato é que as que continuam no relacionamento é porque tem medo de represália, perda do suporte financeiro, dependência emocional, medo e preocupação pelos filhos, esperança de que o companheiro vai mudar algum dia, perda do suporte da família e amigos. Alguns fatores contribuem para a manutenção na relação conflitiva, como por exemplo, repetição do modelo parental violento, casamento como forma de fugir da sua situação de origem, ausência de uma rede de apoio (creches, escola, casa, justiça). Porém, apesar dessas dificuldades, muitas mulheres abandonam seus parceiros violentos, principalmente as mais jovens abandonam esse tipo de relacionamento mais cedo. Fatores como aumento no nível da agressão, violência que afeta os filhos e apoio sócio familiar contribuem para que a mulher decida sair desse tipo de relacionamento (DAY ETT ALL, 2003).
Segundo Day et all (2003), nesse momento a mulher entra em um processo de quebra de sua negação, racionalização, culpa e submissão, e passa a se identificar com outras pessoas que estão passando pela mesma situação, sendo comum nesse momento o retorno ao relacionamento várias vezes até o abandono definitivo. Porém a separação não faz com que a violência acabe, pois o maior risco de ser assassinada ocorre exatamente após a separação.
Para o autor, as consequências dessa agressão são profundas e atingem a saúde física e emocional da mulher, o bem-estar de seus filhos, seja imediatamente ou em longo prazo. No quadro orgânico, podemos citar lesões, obesidade, invalidez, distúrbios ginecológicos, morte. Na maioria das vezes as sequelas psicológicas são piores do que as físicas, destruindo a autoestima das mulheres, risco de desenvolver problemas mentais, como fobia, depressão, estresse pós-traumático, inclusive este último a paciente experimenta a sensação de estar revivendo o evento traumático, tendo dificuldades para dormir, se concentrar, entre outros. Muitas vezes, a mulher que sofre esse tipo de agressão sente a situação tão intolerável que pode leva-la ao suicídio, e as crianças que presenciam essa situação tem maior probabilidade de sofrer depressão, ansiedade, baixo rendimento escolar, pesadelos e maiores chances de sofrer abuso sexual, físico e emocional. (DAY ETT ALL, 2003)
Segundo Day et all (2003), o estudo sobre a violência doméstica exige muita tolerância e sensibilidade das pessoas, pois despertam emoções como raiva, medo, tristeza, impotência, e a atitude de cautela e respeito pela equipe de saúde é muito importante nesse momento, pois toda a situação de violência doméstica é difícil de ser diagnosticada, somente 10% dos casos as vítimas apresentam lesões evidentes, a grande maioria não é denunciada e muitas vezes a queixa é retirada depois a pedido da família por diversos motivos, entre eles, para proteger o agressor.
III - Uma visão fatalista da violência doméstica
Segundo Baró (1986) o conceito de fatalismo é de um destino inevitável, desgraçado e fatal, ou seja, sua vida já está pré-definida e nada mais se pode fazer para evitar as tragédias que irão lhe acontecer, no qual a pessoa rejeita o seu futuro, pois dele nada se espera, nega o passado e vive na fixação do presente, ou seja, no aqui agora.
Ainda segundo Baró (1986) a maioria da população sofre com o fatalismo, não tendo mais esperança em nada, sendo assim excluído da sociedade em muitas das vezes.
Segundo Fonseca et all (2012) a violência doméstica se inicia geralmente com a agressão psicológica ou emocional, no qual a vitima é desprezada e passa por um processo de humilhação. Com o tempo, esta violência tende a agrupar-se à outros tipos de violência, como a violências
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