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O Fichamento Estigma

Por:   •  21/5/2018  •  1.708 Palavras (7 Páginas)  •  330 Visualizações

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Posteriormente, ele coloca os conceitos de identidade social real e identidade social virtual, que agregam mais valor ao tema estigma. Até o ser considerado mais normal (comum), pode apresentar uma deficiência que foge por um brecha em uma determinada situação social e isso também seria um desvio, mesmo onde não se espera. Isso cria um pulo da identidade social virtual à identidade social real, apresentando um certo desconforto ao sujeito. É nesse pulo de identidade do que se espera ser e do que se é, que a riqueza do estudo está implícita.

No que se refere às normas, Goffman cita que há a possibilidade de desqualificação de um sujeito, dentro de sua identidade, mesmo naquelas que aparentam ser amplamente realizadas, as implícitas, as comuns. Ou seja, as normas de identidade contribuem tanto para um desvio quanto para conformidade. Um sujeito que não reproduza uma norma de identidade considerada comum, com vários atributos, pode, em algum momento de sua vida, se desqualificar como ser.

Dentro da perspectiva de desvio e do que isso agrega ao estigma, tem-se também a questão do desviante normal. Mesmo uma pessoa considerada anormal, com sentimentos e crenças anormais, é provável que ela se utilize de instrumentos e meios normais para tentar esconder suas anormalidades. Nesse aspecto, Goffman cita o exemplo de um sujeito com idade que está esquecendo os nomes de pessoas específicas e começa a evitar vê-las. Ou seja, a situação anormal “esquecer nomes” é escondida com uma característica normal de evitação, e isso nada tem a ver diretamente com a velhice, apesar de começar a ser estigmatizada. O autor, então, considera que esse tipo de desvio deveria ser considerado um desvio normal, pelo menos da perspectiva que se observa.

Uma outra questão crítica do autor, seria o pulo do desvio que pode ser de um sujeito estigmatizado para um sujeito normal ou de um sujeito normal para um sujeito estigmatizado e como isso funciona no nível de sustentação psicológica. Então, já que tanto o normal quanto o estigmatizado possuem uma junção complementar no mundo social, podendo trocar os papéis facilmente, são parte um do outro de alguma forma.

Dentro do ponto de vista de Goffman, em alguns casos de interação no mundo social, as categorias normais e estigmatizadas podem ser criações dentro de situações sociais. Estigmas étnicos ou religiosos, por exemplo, muitas vezes são criados como forma de tornar esse grupo minoritário ainda mais excluído, assim como estigmas criados diariamente, embasados em situações normativas. Tudo se trata, então, de quem normatiza e de quem estigmatiza.

Portanto, é perceptível que cada estigma que surge através das constantes interações entre os sujeitos tem uma função, um motivo, uma causa implícita, etc, podendo até servir como meio de controle social ou desvalorização, assim como inserção dentro de um determinado grupo. A partir do meio que se insere e com base no que deve-se considerar o normal e a partir de quem deve ser considerado um estigma é uma questão social que Goffman sugere.

4.0 Conclusão

Diante do que foi lido, Goffman deixou bem claro que diante das normas que são estabelecidas na sociedade, tudo que vai de encontro a elas é considerado um estigma. Essa é a condição necessária para que a vida social funcione; todos os atores sociais que possuem papéis diferentes devem antes de tudo compartilhar das normas as quais estão incorporadas, caso contrário surgem medidas coercitivas sutis. Diante disso, para o autor os normais e anormais/estigmatizados aqui, relacionados a uma ampla categoria, não são seres humanos em si, mas sim perspectivas nascidas em situações sociais que não cumprem o que se espera do habitual.

Pontua também que qualquer intitulado “normal” pode passar para a categoria dos anormais, ou excluídos ou especiais,e isso deve ser pensado pois, possibilita uma maior reflexão de como lidar e principalmente reagir a esses sem que preconceitos ou condutas do senso comum sejam disseminadas

O estigmatizado, ou para um autor que cria o termo desviante normal,assim como o “normal” possui as mesmas saídas de caracterização mental para enfrentar os padrões sociais. Preocupações normais, e sentimentos também que os induz a utilizar estratégias bem normais para esconder suas anormalidades, independente do grau, intensidade ou característica.

É interessante também apontar para o fato de que, a dinâmica da diferença que é estabelecida e reproduz-se diariamente sem sentirmos só aumenta a possibilidade de exclusão entre eu e outro, e assim dificulta a percepção de que todos ocupam o mesmo espaço; seria utópico pensar que todos podem de fato ocupar o mesmo espaço algum momento sem que haja estranhamento?

5.0 Comentários

Em seu artigo, Goffman trás exemplos e relatos de indivíduos tidos como estigmatizados que lutam constantemente para construir ou até mesmo fortalecer uma identidade social, que são estigmatizados por possuírem deformações físicas, psíquicas ou qualquer outra característica que os tornam diferentes dos normais. Goffman apresenta durante o artigo as estratégias que estes utilizam para lidar com a rejeição alheia, e segue analisando os sentimentos que eles têm sobre si próprio e a sua relação com os ditos “normais” e ressalta que todos os chamados “normais” podem se tornar um estigmatizado e que todas as pessoas são ao mesmo tempo normais e estigmatizadas. Desta forma está também implícita a noção de que todos nós controlamos

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