Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

Capitulo 1 livro psiquiatria Dinâmica

Por:   •  18/12/2018  •  3.208 Palavras (13 Páginas)  •  343 Visualizações

Página 1 de 13

...

Apesar da aparência de que o ego é apenas um resultado das forças do id e do superego, essa instância tem suas próprias características adaptativas e autonômicas. O ego desempenha varias funções sem influência das outras instâncias, essas incluem o pensamento, aprendizado, percepção, controle motor, linguagem e etc. Hartmann diz que há a existência de uma área egóica livre de conflitos, e, é por meio dessa neutralização de energias sexuais e agressivas que é possível a adaptação de mecanismos que são primariamente instintivos e do id, para tornarem-se secundariamente autônomos ou adaptativos de forma consciente e, logo, do ego. Integrando mais ainda essa autonomia do ego, David Rapaport (1951) e Edith Jacbson, aperfeiçoaram essa proposta de Hartmann, incluindo essa perspectiva para a própria análise clínica, dizendo que também é necessário um aprofundamento das funções, forças e fragilidades egóicas. Ballack e colaboradores (1973) sistematizaram as funções do ego, de forma que pode ser usada tanto em pesquisas quanto na avaliação clínica.

TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO:

“O ponto de vista da psicologia do ego é que os impulsos (sexuais e agressivos) são primários, enquanto as relações de objeto são secundárias” (p, 37/39). Vale lembrar que o termo objeto não está apenas se referindo a apenas itens físicos, mas também há a adição de pessoas e até todo o conjunto de relações interpessoais. A teoria das relações de objeto defende outra perspectiva, propondo que o impulso surge no contexto de uma relação, e não propriamente apenas de uma maneira interior. Nessa perspectiva é possível analisar que há uma transformação das relações interpessoais em representações internalizadas das mesmas.

As representações internas são separadas de dois modos: self (a pessoa) e o objeto (o mundo externo). Dessa forma, também há uma perspectiva antagônica de positividade ou negatividade, de modo que o individuo irá fazer essa classificação de acordo com a própria relação entre as duas partes (self-objeto). Exemplos: amor e experiência positiva são formados nos períodos em que a criança está sendo amamentada. Há uma internalização dessa experiência, de forma que o self (a criança sendo saciada pela amamentação) seria bom, e há uma experiência também positiva do objeto que está dando contexto a essa situação (a mãe atenta e que a cuida) gerando, por fim, prazer e

---------------------------------------------------------------

saciedade. De forma contrária, também é possível exemplificar que, no caso da mãe não estar disponível, ela irá gerar uma experiência negativa, tanto do self (a criança frustrada e solicitando o alimento) quanto do objeto (a mãe não disponível), gerando então fome e raiva.

É importante ressaltar que o objeto que foi internalizado (introjetado) não necessariamente é, de fato, o que ele representa na realidade, podendo haver então uma criação de preconceitos ou até conceitos fantasiosos que, por fim, serão introjetados como uma verdade. O conflito inconsciente também não funciona da mesma forma da psicologia do ego. Nessa perspectiva relação-objeto o conflito não é apenas uma luta constante entre o impulso e as defesas morais, “ele também é um choque entre partes opostas de unidades de relações de objeto internas” (Kernberg, 1983; Ogden, 1983;

Rinsley 1977 apud p,38/40), ou seja, além do conflito id-superego, haverá uma internalização de experiências (positivas ou negativas) do self e também de experiências com os objetos do mundo externo.

Com essa proposição de relações objetais influenciando ou até desenvolvendo a psique humana, foram criados vários conceitos importantes que agregam valor a psicodinâmica:

Conceitos de Melaine Klein: Posição esquizoparanóide e depressiva (Criação e uso dos mecanismos de dissociação do ego, projeção, cisão e identificação, a partir das primeiras relações que um individuo tem).

Conceitos de Winnicott: Mãe suficientemente boa (Caracteriza as exigências mínimas ambientais necessárias para a criança ter um desenvolvimento normal – lembrando que a palavra mãe está relacionada a um significado de papeis parentais, e não, necessariamente, um fator feminino e biológico ligado à pessoa).

Conceitos de Balint: Falha básica (Caracteriza o sentimento de que „algo está faltando‟ como uma falta de uma mãe suficientemente boa, ou até que a mãe tivesse falhado em proporcionar experiências de afeto e amor).

Conceitos de Fairbairn: De forma mais crítica, este autor irá se afastar mais ainda da teoria dos impulsos, considerando então que a “etiologia das dificuldades de seus pacientes esquizoides” não vem das frustrações de suas pulsões, mas sim de uma “falha de suas mães em proporcionar experiências que lhe dessem a certeza de que eram amados pelo que eram” (p,40/42). Ele acreditava que “os instintos ou os impulsos não buscavam prazer, mas sim um objeto” (p,40/42).

PSICOLOGIA DO SELF

“Enquanto a teoria das relações de objeto enfatiza as relações internalizadas entre representações do self e do objeto, a psicologia do self enfatiza como as relações externas ajudam a manter a auto-estima e a coesão do self” (p, 45/47). O principal autor dessa linha teórica será Heinz Kohut (1971, 1977, 1984), em sua teoria ele relaciona o paciente com um estado de necessidade desesperada de certas respostas das outras pessoas que irão servir para a manutenção de um sentido de bem-estar e integração do self.

---------------------------------------------------------------

Após ter verificado que alguns pacientes com traços narcísicos não poderiam ser encaixados no modelo estrutural da psicologia do ego, Kohut irá observar e desenvolver dois tipos de transferência, que os seus próprios pacientes utilizam: a especular e a idealizadora.

Na transferência especular, o paciente transfere para um objeto externo uma busca de respostas de confirmação ou validação. Nesse fenômeno também pode ser observado um aspecto de self grandioso ou exibicionista.

Na transferência idealizadora, o paciente atribui uma perfeição a algum objeto/imago, cuja presença e a transferência do afeto protegem o self de desfragmentação.

Portanto na perspectiva de Kohut, um estado narcisista do self é algo que irá integrar a construção e desenvolvimento do self. Ao contrário do que Freud aborda, teorizando que há uma necessidade

...

Baixar como  txt (23.2 Kb)   pdf (152.6 Kb)   docx (26.1 Kb)  
Continuar por mais 12 páginas »
Disponível apenas no Essays.club