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Resumo dos capítulos II, III, IV e V do livro Ensaio Sobre o Entendimento Humano - David Hume.

Por:   •  11/1/2018  •  1.958 Palavras (8 Páginas)  •  620 Visualizações

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Que tal enumeração satisfaça todas dúvidas do público em geral com relação ao assunto tratado o próprio Hume confessa não poder garantir. Porém deixa claro que aquele que pretender tal façanha deve analisar em pormenores os possíveis princípios que possam unir os diversos tipos de pensamentos e não desistir até alcançar os princípios mais gerais possíveis.

O texto segue considerando alguns efeitos que tais conexões entre as ideias possam refletir nas paixões e emoções humanas. Hume nos lembra que dificilmente um sujeito racional (ou que busca continuamente a felicidade) tem por objeto de pensamento ou ação algo que não vise uma finalidade. Também como exemplo podemos citar o escritor ou o historiador, que pela sua técnica de análise e exposição visa sempre a composição de uma unidade que pretende unificar, de maneira geral, todo seu objeto de investigação.

"(...) a espécie mais usual de conexão entre os diferentes acontecimentos que figuram em qualquer composição narrativa é a de causa e efeito (p. 44)". Notamos na figura do historiador um grande esforço no exame da história da humanidade, e pela melhor exposição dos fatos que servirão de elo em sua narrativa. Este também deve sempre levar em mente que quanto mais sentido (coesão) seu texto possuir, mais eficiente será sua absorção pelo seu leitor.

As características da poesia épica e dramática são o próximo tema abordado longamente por Hume. Notamos neste estilo literário, em maior grau do que na narrativa histórica, uma forte tendência em estimular o imaginário de seu público. Muitas vezes ao lermos a história de Aquiles, por exemplo, temos nossos sentimentos levados para lá e para cá juntamente com os sentimentos do herói. Logo, é de responsabilidade daquele que conta a história o objetivo que pretende com sua técnica narrativa.

Tal exposição inicial das técnicas de narrativas literárias foi apenas incitada por Hume com o objetivo de apontar para o enorme campo de estudos que se abre a partir de sua análise. Disto tudo podemos concluir que a mente humana tem um maior interesse e uma maior facilidade em entender os fatos que por semelhança, contiguidade e causação se unem entre si do que aqueles que se apresentam distintamente.

Seção IV: Dúvidas céticas sobre as operações do entendimento

"Todos os objetos da razão ou investigação humanas podem ser naturalmente divididos em dois tipos, a saber, relações de ideias e questões de fato (p. 53)". O conteúdo do primeiro tipo de coisas mentais é constituído das ciências da geometria, como a matemática a física ou a química. São proposições que podem ser demonstradas mesmo sem nenhum dado empírico. As questões de fato, ao contrário, dependem da observação para serem concebidas como verdadeiras. Como exemplo podemos ressaltar o fato habitual de o sol nascer todos os dias. A ideia de um sol nascendo, segundo Hume, não é tão comprovadamente certa quanto o seu contrário, já que não é por meio da demonstração que alguém pode provar que o sol nascerá novamente.

Todas as asserções acerca das questões de fato podem ter como fundamento a noção de causa e efeito. "(...) o conhecimento dessa relação não é, em nenhum caso, alcançado por meio de raciocínio a priori, mas provém inteiramente da experiência (...)". Como exemplo de um produto desta relação e sua ligação com a experiência humana podemos imaginar Adão, o primeiro homem, que de modo algum poderia prever a priori que se afogaria se adentrasse em águas profundas, sem antes ter experimentado tal consequência.

Segundo Hume, se nos perguntarmos "qual é o fundamento de todas as nossas conclusões a partir da experiência?" chegaremos a conclusão de que o produto de tais conclusões não está fundamentado em nenhum processo racional do nosso entendimento. Para defender tal ideia, devemos considerar alguns pontos. Em primeiro, ressaltamos que existem algumas forças naturais que são inexplicáveis, por exemplo, a força que permite que um objeto em movimento permaneça em movimento até que dissipe sua potência de movimento em outros objetos; mas também que de qualidades sensíveis semelhantes esperamos "poderes secretos" semelhantes aos de que tivemos experiência.

Mas não podemos concluir que de qualidades sensíveis semelhantes se siga, em todos os casos, poderes secretos semelhantes. "Requer-se aqui um termo médio que possibilite à mente realizar uma tal inferência, se é que ela é de fato realizada por meio de algum raciocínio ou argumento". Assim, com aparentemente não podemos encontrar tal termo médio, faz-se mister concluirmos que julgamentos futuros com base em dados passados são apenas prováveis.

Seção V: Solução Cética dessas dúvidas

Esta quinta seção começa dizendo que, de certo modo, quando manejamos mal a religião ou a filosofia, apenas estaremos fortalecendo em nossa maneira de interpretação dos fenômenos mundanos aquilo que já desde antes estava participando de nosso próprio temperamento natural.

Há, porém, um tipo de filosofia que consegue escapar de certas paixões naturais: o ceticismo acadêmico. A primeira vista este modelo filosófico pode parecer demasiado frágil, visto sua estrutura interna, porém, ganha força quando pretende em seu método uma suspensão de juízos por parte do pesquisador epistemólogo quando perante seu objeto.

De certa maneira, podemos concluir que, como diz Hume "todas as inferências da experiência são, pois, efeitos do hábito, não do raciocínio". Se voltarmo-nos a vida humana em seu aspecto cultural, veremos que o hábito é aquilo que guia a experiência humana neste mundo. Sem tal hábito, não poderíamos esperar, por exemplo, que o pão nos alimente novamente assim como o fez no passado, e então, não poderíamos criar modos de sobrevivência que suprissem nossas necessidades. Enfim, "jamais saberíamos como adequar meios a fins, nem como empregar nossos poderes naturais para produzir efeito qualquer".

Quando pretendemos acreditar em algum fato particular, nos perguntamos, primeiramente, qual a razão que temos para crer que tal fato é realmente tal fato. Podemos, então, nos basear em relatados de pessoas que possam comprovar tal asserção, e se não nos conformarmos de que esta pessoa nos deu uma razão última, então continuaremos à questionando até que esta nos satisfaça com alguma

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