A Psicologia Organizacional do Trabalho
Por: Amanda Santos • 16/11/2021 • Ensaio • 1.832 Palavras (8 Páginas) • 1.213 Visualizações
A Psicologia Organizacional e do Trabalho teve seu início em meados do século XIX, com a Revolução Industrial passou a construir uma lógica de organização no trabalho, realizando um agrupamento de pessoas, com horários padronizados e transferindo os trabalhos manuais para as máquinas, foram várias mudanças nas formas de produção na sociedade da época.
É importante mencionar três fases importantes da história da POT onde abrange diferentes aspectos no que diz respeito ao homem e seu ambiente de trabalho. A primeira fase aconteceu entre 1924 e 1970 onde era conhecida como Psicologia Industrial onde seu objetivo era aumentar a lucratividade e a produtividade, utilizando como instrumento a Psicometria, seleção e colocação de pessoal. Na segunda fase (1970 a 1990) era denominada como Psicologia Organizacional e o foco de estudo era o clima organizacional, na produtividade das empresas com ênfase na atuação do trabalho com grupos. Era utilizado estudos sobre liderança e desenvolvimento de equipes no ambiente de trabalho e dinâmicas de grupo. Na terceira fase (1990 até os dias atuais) a Psicologia Organizacional e do Trabalho abrange a saúde e o bem-estar do trabalhador; poder, conflito e ergonomia. A POT se concentra nos fenômenos psicológicos do trabalhador e suas vivências, com objetivo de analisar a saúde e segurança do trabalhador, bem-estar e aprimorar as relações de trabalho, tendo uma preocupação para além das organizações. O crescimento da Psicologia Organizacional desde seu surgimento é notável e tem contribuído muito para a área das organizações.
Campos et al, (2011) salientou que “o trabalho é elemento transformador, não apenas da matéria, mas da vida psíquica, social, cultural, política e econômica”. Isto nos leva a reflexão da importância do trabalho do psicólogo organizacional na busca por satisfação do trabalhador para com a instituição ou empresa. O trabalho a ser desenvolvido dentro das organizações envolve a atuação do psicólogo como facilitador do papel dos trabalhadores nos vários setores que a compõem, levando em conta sua subjetividade, saúde e o funcionamento da empresa. Todas as atividades envolvidas trazem benefícios (desenvolvimento) tanto para o trabalhador quanto para a empresa e sociedade.
De acordo com Zanelli et al. (2002), a POT consolidou-se como uma disciplina científica, passando a contribuir para o avanço do conhecimento sobre o comportamento humano, em geral e em contextos específicos de trabalho.
A Psicologia Organizacional do Trabalho avançou para um modelo de atuação que compreende não apenas o indivíduo, mas o todo. As intervenções e ações começaram a expandir e sair dos pequenos grupos.
Segundo Bastos (2003), “O termo Psicologia Organizacional e do Trabalho, empregado desde a década de 90, tem por objetivo contemplar a atual diversidade da área, de modo a propor a existência de dois grandes eixos de fenômenos que envolvem aspectos psicossociais: as organizações, enquanto ferramenta social formadora de coletivos humanos e o trabalho, enquanto atividade básica do ser humano reprodutora de sua própria existência e da sociedade” (apud TONETTO et al, 2008, p. 165-173).
O exercício da Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) tem conquistado um espaço bem importante no contexto profissional do psicólogo.
Assim, como as mudanças na concepção sobre o trabalho refletem o pensamento de cada época, a POT da mesma forma se constrói a partir dessas demandas. O contexto social, o avanço do conhecimento tecnológico e as interações interdisciplinares que surgiram ao longo do tempo traçaram uma identidade dos profissionais da psicologia que se dedicaram a entender como as organizações se estruturam e atuam (ZANELLI, 2014 apud MAPELLI, 2021).
Hoje, damos continuidade a esse propósito, sempre buscando alcançar, eficiência, qualidade e bem-estar do trabalhador no ambiente de trabalho e fora dele; criando possibilidades de crescimento e desenvolvimento e ao mesmo tempo, solucionando questões, se adaptando aos padrões procurando novas formas e ferramentas que proporcionem melhores resultados e benefícios para ambos, “trabalho e trabalhador” nos diversos “sites”. O homem, movido por esse interesse tenta se aprimorar, se desenvolver em seu ofício e ao mesmo tempo participar de forma ativa junto à instituição.
Estávamos até 2019, caminhando nessa trilha, com erros e acertos, procurando exercer nosso papel de forma ética e responsável, até que uma “avalanche”, quer dizer uma pandemia, de dimensões inimagináveis tirou nosso chão, nosso foco, nossa rotina.
A pandemia Covid-19: crise e deterioração do mercado de trabalho no Brasil
A crise pandêmica causada pelo Sars-Cov-2, de fato impactou o mundo, atingindo toda a classe trabalhadora de forma singular; uma parte da população sofre com desemprego, especialmente nas áreas que demandam contato direto e presencial com o cliente. Os setores de turismo, restaurantes, hotelaria, eventos em geral, foram diretamente afetados. Já para outros intensificou o trabalho, como no caso para os profissionais de saúde, entregadores de aplicativo, trabalhos remotos, entre outros.
Antes da pandemia chegar ao Brasil, o país passava por um momento de crise econômica que se arrastava desde 2014, que intensificou após a reforma trabalhista em 2017. A crise sanitária mostrou a fragilidade do mercado de trabalho que já estava em declínio nos últimos quatro anos, e atingiu de várias formas a classe trabalhista.
Parte das pessoas que não perderam a ocupação tiveram diminuição da renda, principalmente os trabalhadores informais que passaram a depender do auxílio emergencial para colocar comida na mesa, uma ajuda mínima oferecida pelo governo para o período.
Estudos apontam ainda para os impactos na saúde mental dos profissionais, principalmente os que estão trabalhando na linha de frente ao combate do Coronavírus e se colocam em maior risco de contágio, profissionais que atuam na área da saúde registraram exaustão, redução de energia, ansiedade, insônia, funções cognitivas prejudicadas e queda no desempenho.
A associação brasileira de psicologia organizacional e do trabalho tem se preocupado em contribuir com informações úteis para o acolhimento dos trabalhadores diante da crise.
A revista rPOT (Revista Psicologia: Organizações & Trabalho), responsável por divulgar artigos científicos, publicou estudos que investigam a saúde mental dos trabalhadores que estão na linha de frente no combate a pandemia e os profissionais cujo trabalho os colocam em maior risco e promove pesquisa sobre o impacto de mudanças do trabalho na saúde e gestão de processos organizacionais com a finalidade de elucidar a respeito dos impactos causados pela pandemia.
A pandemia representa um contexto de colisão dramática (Da Rocha Falcão, 2020; Bonnefond & Scheller, 2015), que ensejará mudança qualitativa em vários ofícios profissionais. Tais mudanças eventualmente provocarão sofrimento, dor e, eventualmente, desenvolvimento pessoal e profissional. O enfrentamento dessas situações não poderá se limitar ao indivíduo-trabalhador, numa estratégia de contenção de sintomas e adaptação (ou sucateamento) de trabalhadores afetados.
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