A PROJETO DE PESQUISA
Por: kamys17 • 5/8/2018 • 3.896 Palavras (16 Páginas) • 325 Visualizações
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Segundo Gugel (2007 apud FERNANDES; SCHLESENER; MOSQUERA, 2011, p. 134).:
há relatos de pais que abandonavam as crianças dentro de cestos ou outros lugares considerados sagrados. Os que sobreviviam eram explorados nas cidades ou tornavam-se atrações de circos. O nascimento de indivíduos com deficiência era encarado como castigo de Deus; eles eram vistos como feiticeiros ou como bruxos. Eram seres diabólicos que deveriam ser castigados para poderem se purificar. Nesse período, a Igreja se constitui como um grande aliado dos deficientes, pois os acolhiam.
Como não se entendia o porquê as crianças nasciam com deficiências, as explicações mais aceitas eram associadas a questões religiosas, como castigos e misticismos.
Na idade média os religiosos entendiam que os deficientes eram pessoas sagradas, suas marcas eram sinais de suas diferenças. Algo sagrado cercava a pessoa com deficiência de acordo com os pensamentos da época. A pessoa cega, por exemplo, podia ser tomada como adivinho. (INSTITUTO BRASILEITO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, 2008, p.28).
No Império Romano, com o surgimento do cristianismo, adota-se a doutrina da caridade e amor. Assim, a Igreja buscou combater a eliminação dos filhos nascidos com deficiência. (GUGEL,2007 apud FERNANDES;SCHLESENER; MOSQUERA, 2011,p.135). Sendo que no século IV, os primeiros hospitais de caridade surgiram e neles se abrigavam os indigentes e as pessoas com deficiências físicas e mentais.
No Brasil, existia a prática do abandono, como em várias culturas. Em 1726, surge a roda dos expostos, as crianças eram deixadas em locais de caridade religiosa, o anonimato de quem abandonava era preservado. Eram abandonadas as crianças rejeitadas, bastardas e ou com deficiência. (FERNANDES; SCHLESENER; MOSQUERA, 2011,p.135).
Esses abrigos acolhiam as pessoas desprotegidas, abandonadas e com diversos tipos de doenças. Mesmo com a criação de hospitais e o aumento na atenção aos deficientes o caráter humanitário e de igualdade social não existiam. Essas pessoas continuavam a margem da sociedade (PACHECO; ALVES,2007,p.243).
No século XIX, começou um maior interesse de profissionais e estudiosos em se dedicar ao estudo das deficiências, principalmente, a mental. Assim, a visão da deficiência passa a ser mais abrangente, percebe-se não mais como castigo divino, passa para uma visão da condição daquele indivíduo. Entretanto, ainda existiam estudiosos que mantinham a ideia de que os deficientes representavam a degeneração da espécie e faziam correlações morais, o que evidencia que os conceitos, visões e posturas encontram-se em constante movimento ao longo da história, existem influências políticas, sociais, culturais de cada época que vão modificando, reforçando ou eliminando algumas formas de agir e enxergar os fenômenos. (PACHECO; ALVES,2007,p.248).
Com a Revolução Industrial, segundo Aranha (1995 apud PACHECO; ALVES, 2007.p. 244):
O modo de produção capitalista, que valorizava o potencial produtivo das pessoas, que houve a necessidade de estruturação de sistemas nacionais de ensino e escolarização para a população potencialmente produtiva da época, o que podemos chamar de ‘momento da educação’.
Esse contexto social, político e cultural do capitalismo proporcionou uma nova forma de se perceber o deficiente, este poderia se tornar mão de obra produtiva. A importância da educação para essas pessoas com deficiência, neste período gerou uma positiva valorização.
Assim, observa-se um período voltado para a educação da pessoa com deficiência em que novas técnicas, adaptações e programas de ensino foram estabelecidos e mantidos até os tempos atuais, embora em processos de aperfeiçoamento e/ou reformulação. (PACHECO; ALVES, 2007.p.244)
No Brasil, segundo Mazzotta (1999 apud PACHECO; ALVES, 2007.p. 244) essa preocupação e atenção para a educação dos deficientes se iniciou no século XIX. Pelas influências da Europa e dos Estados Unidos da América. A inclusão da educação para deficientes na política educacional brasileira só ocorreu efetivamente no fim da década de 1950.
Na década de 1960, surgiram muitas instituições especializadas. A pessoa com deficiência começava a ter acesso ao trabalho, educação, mas precisava se adaptar, assim era responsável por sua inserção na sociedade. (SOUZA; KAMIMURA, 2009,p.4).
Na década de 1970, o indivíduo era aceito se conseguisse se adequar aos padrões da sociedade, ou seja, a inserção social era para as pessoas que conseguissem superar as barreiras físicas de suas deficiências, cabendo a ele buscar isso. (SOUZA; KAMIMURA,2009,p.4). Nesse sentido, percebe-se que não existe uma postura real de inserção social, onde o sujeito tem direito a estudar, trabalhar, mas está sujeito a suas limitações físicas decorrente de sua deficiência.
Já na década de 1980, houve significativas transformações sociais em todo o mundo, ocasionando um avanço nas políticas sociais. Segundo Almeida (1997 apud SOUZA; KAMIMURA,2009,p.4): “Foi nos anos 80, na chamada “década perdida”, que os brasileiros mais tomaram consciência das profundas desigualdades sociais que entre eles existiam”
A Constituição Federal de 1988, norteada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, representou um grande avanço na garantia dos direitos das minorias. As pessoas com deficiência passam, assim, a serem reconhecidas perante a lei como cidadãos de pleno direitos. (SOUZA; KAMIMURA, 2009, p.6). O caráter assistencialista dá lugar a uma postura de promoção de inclusão social, no qual as pessoas, independentes de suas condições físicas tem todos seus direitos garantidos como cidadãos.
Baseado nessa concepção de que os deficientes físicos são cidadãos de pleno direito, uma nova postura começa a ser adotada na promoção da adaptação das pessoas com deficiência junto a sociedade, para que haja mais acesso a possibilidades de inclusão e desenvolvimento. A inclusão social passa a ser uma questão política e social e são elaboradas e implantadas novas leis e políticas públicas baseados na inclusão social. Ressalta-se que mesmo diante dessas mudanças, as dificuldades e preconceitos são grandes barreiras para que a inclusão realmente aconteça.
Segundo Pacheco e Alves (2007, p. 244), “vislumbra-se a possibilidade de que, através do aumento de práticas inclusivas em diversos setores, possamos modificar esta realidade, promovendo gradativamente mudanças nos valores, visando uma sociedade inclusiva.” Na atualidade, houve
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