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Noções Introdutórias de Psicologia. Psicologia Jurídica. Interdisciplinaridade

Por:   •  2/11/2018  •  16.065 Palavras (65 Páginas)  •  440 Visualizações

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Atores importantes da historia da humanidade são os filósofos, que nas suas respectivas épocas buscavam dimensionar as múltiplas facetas do homem. Temos assim, os primeiros pensadores de idéias úteis à Psicologia. Alcméon de Crotona (520 – 450 a.C), médico que viveu por volta do século V a.C. ao praticar a dissecação de animais estabelece a existência de nervos e formula um esboço da fisiologia dos sentidos e sugere ainda que o cérebro fosse o centro da alma. Sugeria ainda que a saúde do indivíduo esta no equilíbrio dos contrários onde a supremacia de um deles resulta em doença.

Ainda entre os pré – socráticos (nome dado aos pensadores que viveram antes de Sócrates, entre 469 – 399 a.C.), são merecedores de destaque Anaximandro e Anaxímenes (século VI a.C.) os quais afirmavam ser a alma o ar, o sopro da vida, o hálito vital ou a psyché.

Mas foi com Sócrates que a filosofia se dedicou ao estudo da consciência humana e direcionou ao homem o seu objeto de estudo. Seu método esta ligada a introspecção, ou seja, procurar dentro de si, a verdade que lá se encontra (conhecer a si mesmo), configurando assim a consciência como um dos objetos de estudo da Psicologia.

Outros pensadores contribuíram ao longo da história para a consolidação da Ciência Psicológica. Vejamos a seguir:

Contribuições para a Formação da Ciência Psicológica através da História

Filósofo

Contribuições

Sócrates (469 -399 a.C)

Postula que a principal característica do homem é a razão e que esta o diferencia de outros animais.

Platão (427 – 347 a.C)

Concebe a razão (alma) separada do corpo, tendo como elemento de ligações a medula. A razão se localizaria na cabeça. Para ele, as idéias/características humanas eram geradas a partir do próprio interior do homem.

Aristóteles (384 – 322 a.C)

Alma e corpo não podem ser dissociados. Para ele, a psyché seria o princípio ativo da vida. O homem possuiria a alma racional, com a função pensante, Estuda os fenômenos de sensação e percepção (órgão dos sentidos). Reconhece a importância dos fatores externos que são percebidos pelos órgãos sensoriais. Considerado o pai da Psicologia por ter escrito o tratado Da Anima.

Santo Agostinho (354 – 430)

Defende a cisão entre homem e corpo. Alma como prova da manifestação divina no homem.

São Tomás de Aquino (1225 -1274)

Discussão entre essência e existência. O homem, na sua essência, busca a perfeição através da existência, que seriam unidas pelo encontro com Deus.

Quadro da apostila Psicologia nas Instituições Jurídicas (Bastos, 2009)

Tal retorno ao passado é necessário para entendermos os fundamentos da Ciência Psicológica. Porém as ideias dos gregos de mortalidade e imortalidade ainda impregna algumas posturas atuais, como a concepção de que os “homens” carregam conhecimentos de outras vidas, isso não encontra amparo na Ciência Psicológica, embora permaneça no senso comum e no conhecimento místico, tais condutas não precisam demonstrar base teórico-experimental, ou seja, pesquisa científica, o que os libera para afirmar essas questões sem os rigores que a ciência preconiza.

Assim, para a Psicologia se firmar como ciência precisou afastar-se do mundo místico/metafísico e enraizar-se no mundo científico.

1.1. Do Objeto/objetos de Estudo da Ciência Psicológica

Ao longo da historia da Psicologia, até ser aceita como ciência esta precisou galgar e delimitar o seu próprio objeto de estudo, formular um método de pesquisa e propor um corpo teórico e coeso capaz de explicitar a sua hipótese. A Ciência Psicológica percorreu os mesmos caminhos de outros conhecimentos que foram reconhecidos como ciência, para ser aceita como ciência.

Sobre o aspecto etimológico a palavra método em português tem origem grega = méthodos, que significa: caminho para chegar a um fim, no dicionário Aurélio, esta assim descrita: “programa que regula previamente uma série de operações que se deve realizar, apontando erros evitáveis, em vista de um resultado determinado”. Ainda em pesquisa no dicionário de filosofia de Abbagnano (2000, p.668), fica assim determinado: “indica um procedimento de investigação organizado, repetível e autocorrigível, que garanta a obtenção de resultados válidos”.

Quando se tem um objeto de estudo é necessário delimitar o método de estudo que será utilizado para que se fundamente o processo de pesquisa e sustente as suas conclusões. Delimitemos alguns princípios norteadores.

Temos o Idealismo de Platão, que acredita que a verdade reside fora do mundo empírico, ou seja, no mundo das idéias. Assim pode-se dizer que a materialidade das coisas (visíveis aos olhos e demais sentidos), gera impressões duvidosas e devem ser desprezadas neste processo de busca pela verdade. Seguindo este raciocínio encontramos o Materialismo de Karl Marx, o qual crê, que a causa de todas as coisas esta na matéria. Aqui interessa-nos o Materialismo histórico, que propõe um pressuposto antropológico para a formação da personalidade a qual é constituída por suas relações de trabalho e produção, então, a consciência do homem, suas crenças religiosas, morais, políticas, etc., são resultado dessas interações. Porém, não se pode seguir este caminho de separação/dualidade, pois considerando o Idealismo temos que a consciência humana é resultado das relações sociais, da sua condição social histórica, cultural, que o mundo lhe possibilita. Já no Materialismo observam-se formas concretas, todavia, a Ciência Psicológica abole a separação e define seu campo de atuação pesquisando tanto aspectos observáveis, quanto os aspectos subjetivos (universo afetivo = sentimentos emoções, universo cognitivo= pensamento, reflexão, razão e universo comportamental= ações e atitudes), sejam eles individuais ou coletivos.

- Constituição Social do Homem

Advindo da filosofia existem alguns “mitos” sobre o homem e sua formação:

- Mitologia do homem natural: esta idéia concebe

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