Resenha: Discurso econômico e condições de possibilidade e definição de economia.
Por: kamys17 • 15/10/2018 • 2.645 Palavras (11 Páginas) • 346 Visualizações
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econômicas (auto-conservação, lucro), desenvolvidas em espaços próprios (mercados). Economias de mercado criam condições objetivas de possibilidade de um discurso positivo sobre o econômico, que se pretende autônomo em relação à ética.
Economia surgiu como um campo separado de saber apenas a partir das economias de mercado. Em 1767, James Steuart (um pouco antes da publicação de "A Riqueza das Nações"), no auge da tradição mercantilista, definiu economia como a arte de prover todas as necessidades de uma família, com prudência e frugalidade, incluindo servos. Tal modelo é transposto para o Estado. Economia vira Economia Política. Como não há servos, todos são “filhos” e o chefe já encontra o modelo família/estado constituído.
Posteriormente, Adam Smith contestou cada item da abordagem de Steuart. E, com a "Riqueza..." estabeleceu um novo arranjo para os conceitos, um novo ponto de vista. Economia ganha a forma de uma disciplina autônoma, de forma tardia, de acordo com Cerqueira.
Backhouse e Medema dão os passos seguintes, norteados pelas definições do que seria economia. No início do século XIX, com surgimento e afirmação do Capitalismo Industrial, economia ultrapassou questão do aumento da riqueza, com ênfase mais ampla na definição da economia política como ciência que trata a produção, distribuição e consumo de riqueza. Os estudos ainda eram filosoficamente mais restritos que o da análise de Smith. Em 1844, Stuart Mill definiu economia política como a ciência que traça leis de fenômenos da sociedade, que surgem de operações combinadas da humanidade para a produção de riqueza. Sua acumulação dependia de leis tidas como verdadeiras, como a dos retornos decrescentes e o “princípio da população” (que se multiplicaria mais rápido que a oferta de alimentos).
Algumas definições do século XIX começaram a trazer o elemento individualista, além do nível nacional, considerando o intercâmbio, e não a riqueza, como fenômeno fundamental.
Em 1832, Richard Whately propôs renomear o assunto como a “ciência das trocas”. O conceito ainda foi discutido na era moderna por Ludwig von Mises (1949), FA Hayek (1976) e James Buchanan (1964).
Em 1871, Carl Menger relacionou economia com as atividades práticas de economizar homens. Para William Stanley Jevons e Alfred Marshall, mudança de foco foi influenciada pela visão de que a psicologia era necessário para entender fenômenos econômicos. Ainda em 1871, Jevons se referiu à economia como cálculo de prazer e dor (com foco na utilidade).
Já em 1890 as mudanças de conceitos serviram de pano de fundo pra Alfred Marshall escrever que Economia Política, ou Economia, seria o estudo da humanidade no "negócio ordinário da vida". Ele examina a parte da ação individual e social ligada à realização e ao uso dos requisitos materiais do bem-estar. Por um lado, um estudo da riqueza; por outro, e mais importante, parte do estudo do homem, com ação dos indivíduos, as escolhas.
No primeiro ano do século XX, Henry Sidgwick mantinha uma definição ainda baseada na riqueza do sujeito. Também usava conceitos de bem-estar relacionados à utilidade em vez da riqueza material.
Entre 1901 e 1910, o elemento individualista apareceu mais claramente no centro da abordagem dos austríacos Knut Wicksell e Philip Wicksteed, que acreditavam que economia era sobre economizar, eliminar resíduos na administração de recursos. Em Wicksell, como decisões são tomadas ´por indivíduos, o termo “economia política” não seria adequado. Wicksteed também argumentou que "política" mbém não se encaixava, pois os economistas examinavam “os princípios gerais de administração dos recursos, seja de um indivíduo, de uma casa, de um negócio ou de um Estado.” Para Marshall, principal defensor do termo “economia”, a renomeação do tema foi parte do estabelecimento da matéria como campo profissional e científico, distanciando da política e do compromisso ideológico.
Entre 1932 e 1935, Lionel Robbins apresentou, talvez, a definição mais aceita de economia, atualmente, como “a ciência que estuda o comportamento humano como uma relação entre fins e meios escassos que têm usos alternativos”. A definição foi criticada por ser muito ampla, por não separar de outras ciências sociais, e muito estreita, por não deixar muita margem para análise empírica e histórica. A definição de Robbins refletia o foco na análise do comportamento individual que acompanhara o desenvolvimento da análise microeconômica marginalista. Robbins insistiu que enquanto houvesse custos de oportunidade impostos pela escassez, não haveria "limitações no assunto da Ciência Econômica".
Nas décadas de 1920 e 1930, os livros didáticos confirmaram que os economistas se recusavam a aceitar definição de Robbins. Na Inglaterra, prevaleceu definição de Marshall. Nos EUA, em 1926 (Aly, Adams, Lorenz e Young), economia era “a obtenção de riqueza e as atividades de uso da riqueza do homem”, ou aceitava-se que nenhuma definição era necessária (Taussig, 1927). No auge do institucionalismo, o movimento enfatizou o trabalho empírico e cético das teorias abstratas sobre maximizar os indivíduos. Em 1931, destaca-se uma típica definição institucionalista, com Summer Slichter: é a indústria, o processo pelo qual os homens ganha, a vida. Ele estuda a indústria, não como processo tecnológico, mas como um complexo de práticas e relações humanas.
Em 1933, Frank Knight (A Organização Econômica) foi, junto de Marshall, a base da teoria de preços de Chicago: economia "lida com a organização social da atividade econômica" através do sistema de preços ou sob livre empreendimento. Considerava as definições dadas por Marshall e Robbins muito amplas e até "inúteis e enganosas", argumentando que o comportamento economizador tem um alcance bastante limitado no espectro mais amplo da ação humana.
Até então, as definições enfatizando riqueza e troca permaneciam dominantes.
Depois da Segunda Guerra Mundial, quatro definições foram dadas pelo jornalismo econômico: a definição atribuída a Jacob Viner, de que a economia é o que a economia faz; outra de estilo Robbins baseada na escassez; uma em termos de riqueza (que foi vista como consistente com uma crença na centralidade da escassez); e uma definição da economia como preocupada com o sujeito da racionalidade.
Em 1948, o economista neokeneysiano Paul Samuelson não ofereceu uma definição. O foco estava mais no social que no comportamento individual. Doze anos depois, Campbell McConnell (assim
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