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RESENHA CRÍTICA PARTE 2 DO LIVRO DE MANUEL DULTRA: Pará Dividido Discurso e Construção do Estado do Tapajós

Por:   •  30/3/2018  •  1.848 Palavras (8 Páginas)  •  513 Visualizações

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conseguirem e muitas vezes nem tentam amenizar o sofrimentos das pessoas que estão à margem do rio Amazonas, acabam que culpando as enchentes como as responsáveis pelo sofrimento dos varjeiros ou ribeirinhos.

Devido as frequentes enchentes, as imagens de povo que do Baixo Amazonas, que apresentado nos centros nacionais de decisões é de um povo sofrido e flagelado que habitam o exótico de rios e lagos piscosos. Mas longe da concepção desses centros, as enchentes periodicamente fertilizam a terra, assim a região não transforma seus recursos em riquezas por falta de investimentos dos que estão no poder.

Os problemas das enchentes só vão ser resolvidos ou pelo menos amenizados se houver investimentos do poder público atendendo aos apelos dos grupos tradicionais de poder locais. Mas para que isso aconteça é preciso à criação do Estado do Tapajós, pois somente assim as dificuldades encontradas pelos varjeiros seriam acompanhadas mais de perto pelos governantes.

O varjeiro, que em determinado momento é apresentado como vítima maior da cheia, em outro momento aparece como espécie de “ocorrência”, tal como os grupos indígenas são mostrados, em 1986, no relatório da Eletrobrás, interessada na construção de novas hidrelétricas (Altamira, 1989: 9). Aqui os varjeiros são visto apenas como instrumentos de interesses no mercado capitalista. Esse varjeiro aparece como o flagelado que vive e conhece os ciclos das cheias.

A enchente é utilizada como rico propiciador de barganha, por um lado para que o poder público local se manifeste e se torne presente e assim seus representantes façam suas campanhas eleitorais, ou por outro, como espécie de moeda de troca junto a instancias superiores de poder, nas quais se envolvem prefeitos de municípios que vivem as “emergências” as “dramáticas situações” do ciclo das águas.

Dutra nos mostra duas vertentes, os inúmeros teóricos e políticos que são a favor da criação do Estado do Tapajós, mas também, apresenta os que são a contra a construção. Mas nessa briga o que prevalece e o quem vence são as ideologias apresentadas pelo grupo que está no poder. É a própria lei política que comanda e não as necessidades e os sofrimentos temporários dos ribeirinhos, que se processa a cada ano.

A identidade do povo do povo da região do oeste do Pará de fato é uma identidade que vem se construindo desde princípios da história do povo amazônico. Assim, para conhecer a fundo a identidade desse povo é preciso mergulhar na história. A identidade do povo do Baixo Amazonas é baseada nos costumes, na tradição, na cultura, nos modos de se relacionarem. Podemos dizer ainda, que ela esta ligada as próprias condições que a natureza oferece ao homem. Nesse sentido, a identidade não é algo estanque, mas algo que está aberto e que é construído de acordo com o contexto histórico, abarcando aqui, a realidade política, ideológica, religiosa, cultural e social.

Os ribeirinhos são entendidos aqui, segundo Ivair Costa como pessoas que habitam o Baixo Amazonas, no oeste do estado do Pará, essa expressão cultural demonstra homogeneidade, que embora esses habitantes sejam descendentes de povos diversos que, à época das missões, foram colocados em reduções e com e com a reforma de Pombal e o processo de aculturação realizado ao longo da história, passaram a formar pequenas comunidades e nelas começaram a viver de forma comunitária (COSTA, 2006 – p. 46)

Na lei política, ganha o grupo que possuem o melhor discurso e o poder capital em mão. Os elementos que são apresentados podem até serem condizentes para a o “melhomento” da massa do Baixo Amazonas, mas se não forem de acordo com os planos da elite dominante, estes de nada valerão. Assim, o que observamos é jogo político, no qual a elite que visa a qualquer custo permanecer no poder e os seus oponentes buscando chegar a ser dominante, enquanto que a “política de melhoramento” para o povo sofrido é posta de lado.

O planejamento de criação do Estado do Tapajós teve o seu primeiro deslize já no próprio Plebiscito, pois se o Baixo Amazonas é a região interessada, logo, somente as pessoas do Oeste do Pará devem ir às urnas para votarem. Ao contrario, jamais se conseguirá a criação do Estado, porque somos menos. Outra questão parte do próprio governo dominante, uma vez que se construa o Estado do Tapajós diminuirá as verbas externas que entra.

A construção do Estado do Tapajós poderá selecionar os problemas de alguns ribeirinhos. Pois as enchentes são fenômenos naturais e diante desses não há investimentos o suficiente para resolver definitivamente os problemas dos varjeiros, uma vez que até mesmo ciência se perde e não tem explicação para tudo que existe no universo. Vemos aqui, que diante das enchentes, o governo deve apoiar os ribeirinhos, procurando tira-lo de sua ária alagada e oferecer a este moradia e segurança, não procurar identificar um culpado.

Dentro de uma abordagem fenomenológica o homem o varjeiro deve ser visto a partir da sua própria realidade, a mesma ponto de vista tem que aplicado às enchentes, pois a fenomenologia analisa cada realidade a partir da própria realidade. Assim, os governantes não perderiam tempo tentando encontrar um culpado pelo sofrimento dos ribeiros e procuravam verdadeiramente ajuda-los.

Se levarmos em conta o “abandono” do poder público para com o varjeiro, vemos que, o que acontece foi o que aconteceu, segundo a concepção Flores, na qual, o homem latino-americano, que visto como o “não-homem” pelo centros de poder (FLORES, 1991 – p. 9). É isso que acontece com o ribeirinho, este não tem vez e não tem voz e para amenizar o “problema”, simplesmente, passam a não existir para o grupo que está no poder.

Portanto, a criação do Estado do Tapajós poderá sim amenizar o sofrimento de alguns varjeiros, mas não resolverá, pois a questão das enchentes é um fenômeno natural e quanto

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