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É POSSÍVEL A EDUCAÇÃO DO CARÁTER

Por:   •  2/12/2018  •  2.747 Palavras (11 Páginas)  •  276 Visualizações

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Mesmo diante de tantas adversidades, a família precisa estar atenta para exercer sua responsabilidade na formação de cidadãos comprometidos com o meio em que vivem. É na família que a criança aprende a ser tolerante e a desenvolver ações de cidadania, de solidariedade, de fraternidade, de companheirismo, amizade e senso de justiça. No ambiente familiar é que devem ser abolidas atitudes de repressão e violência.

A Bíblia, o livro mais vendido do mundo, orienta o ensino no lar de valores éticos desde a infância:

“... estas palavras... Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver assentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal... Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões” Deuteronômio 6:5-9.

O psiquiatra brasileiro Augusto Cury (2003), autor da teoria de desenvolvimento do pensamento Inteligência Multifocal, mostra em seu livro Pai Brilhantes Professores Fascinantes, como o mundo contemporâneo tem produzido jovens despreparados para lidar com decepções, os quais conhecem cada vez mais o mundo em que vivem, mas quase nada sobre o mundo que são. Estes raramente sabem pedir perdão, reconhecer seus limites, se colocar no lugar dos outros. Por quê? Porque o seu caráter ainda não foi educado completamente. Muitos pais trabalham para dar o mundo aos filhos, mas se esquecem de que estão ensinando com suas próprias vidas. Têm péssimas reações na frente delas, são intolerantes, agressivos, parciais, dissimulados. Com o tempo cria-se um abismo emocional entre eles. E então, pouco afeto, mas muitos atritos e críticas.

O psicólogo Cesar Coll Salvador, do Departamento de Psicologia da Universidade de Barcelona diz que:

“As crianças e jovens observam no seu meio o comportamento dos outros, especialmente das figuras que lhes inspiram amor, respeito ou admiração, imitando-os e interiorizando crenças e atitudes que reproduzem” (COLL, 2000, p. 326).

A individualidade do ser deve ser desenvolvida, pois ela é o alicerce da identidade da personalidade: aprender a compartilhar-se com os outros, desenvolvendo a compaixão e amor pelo outro, interagindo com o outro, conservando sua individualidade, pois não há homogeneidade no processo de aprender e no desenvolvimento das crianças (VIGOTSKY, 1987).

“Para mudar esse episódio os pais precisam preparar seus filhos para sobreviver nas águas turbulentas da emoção e desenvolverem capacidade crítica, ou seja, educar o caráter deles para enfrentar um futuro que eles terão pela frente. A personalidade das crianças deve ser alimentada com sabedoria e tranqüilidade. O “eu”, que representa a vontade de decidir, tem de ser treinado para tornar-se líder e não um fantoche” (CURY, 2003)

Segundo Augusto Cury, pais preocupados com o desenvolvimento de seus filhos devem buscar conhecer o funcionamento da mente para educar a inteligência emocional dos filhos com elogios e atitudes afetuosas (GOLEMAN, 1996), os quais registrarão na memória estas atitudes verdadeiramente educativas, que influirão principalmente na formação do caráter.

“Quando os filhos estão desesperados, com medo do amanhã, com receio de enfrentar um problema, os pais entram em cena e criam histórias que transformam a emoção ansiosa numa fonte de motivação. Contar histórias amplia o mundo das idéias, areja a emoção, dilui as tensões.

Em relação aos alunos acontecem os mesmos processos, pois os professores não estão atuando como professores fascinantes, e sim, apenas bons professores. Assim, não conseguem trabalhar a educação do caráter, transformando-os em educadores passivos. Alguns jovens, nesse processo, se tornam arrogantes e insensíveis, adquirindo ansiedade e traços de psicopatia, pois estão se alimentando intelectualmente de verdades absolutas. Elas não duvidam, não questionam seus comportamentos inumanos. Para que eles se libertem desses sintomas, precisarão aprender a arte da dúvida, para saber se repensarem e se colocarem no lugar dos outros.

Educar a auto-estima é elogiar antes de criticar. O elogio alivia as feridas da alma, educa a emoção e a auto-estima. Elogiar é encorajar e realçar as características positivas. Estimula o prazer e o prazer abre as janelas da memória. Criticar sem antes elogiar obstrui a inteligência, leva o jovem a reagir por instinto, como um animal ameaçado. Não há jovens problemáticos, mas jovens que estão passando por problemas. Devemos elogiar os jovens tímidos, obesos, discriminados, difíceis, agressivos. O nosso dever é ensina-los com palavras e, sobretudo atitudes, amar a espécie humana. Acima de sermos brasileiros, americanos, árabes, judeus, brancos, negros, ricos e pobres, somos uma espécie fascinante. Nos bastidores da nossa inteligência somos mais iguais do que imaginamos”. (CURY, 2003)

O desenvolvimento da personalidade, da individualidade, do caráter, acontece no processo de ensino-aprendizagem, dentro da escola. Os professores devem ensinar que se o “eu” que representa a vontade consciente não for líder dos pensamentos, ele será comandado. Eles precisam ensinar às crianças e os adolescentes a criticar suas próprias idéias negativas, seus medos, a enfrentar as suas mágoas e timidez. Já é tempo da educação produzir autores de si mesmos de caráter completamente transformados e não vítimas da própria história, para poderem atuar num mundo de conflitos, desafios e descobertas.

O grande desafio da educação é formar crianças e adolescentes sociáveis, felizes, livres e empreendedores, de bom caráter; “é transformar o ser humano em líder de si mesmo, líder de seus pensamentos e emoções” (CURY, 2003).

No processo de ensino é preciso coerência de ideias, palavras e atitudes no desenvolvimento da autonomia e auto-responsabilidade das crianças e jovens, pois o caráter não é hereditário, é construído, é educável.

Na educação do caráter para o bem cultivar virtudes é essencial. As escolas não podem pensar apenas em formar a inteligência, ensinar habilidades e conseguir boas médias e aprovação. É preciso educar os jovens para que saibam diferenciar o que está certo do que está errado. Ensiná-los a praticar virtudes e a não burlar as regras do jogo. Uma pesquisa de Michael Resnick, publicada no Journal os the American Medical Association, em 1997, demonstrou que crianças educadas segundo princípios morais tinham menos riscos de se envolver com drogas, álcool e/ou promiscuidade sexual. E quanto menores as crianças melhor elas recebem

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