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Projeto de pesquisa sobre o Espiritismo Kardecista

Por:   •  7/7/2018  •  2.801 Palavras (12 Páginas)  •  458 Visualizações

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

- Compreender o porquê de muitos adeptos do espiritismo terem receio em expressar sua religiosidade − conforme lhes é garantido como direito constitucional − em meio a sociedade[f], que no caso é a cidade de Cristópolis na Bahia. Será buscado entender com base na história da intolerância religiosa e em relatos pessoais de frequentadores do Centro Espírita local porque isso acontece e se possível, apontar caminhos para solucionar o impasse.

2.2 Objetivos Específicos

- Buscar na história da intolerância religiosa explicações para o preconceito contra a doutrina Espírita Kardecista

- Analisar por meio de entrevistas a atual dificuldade que os Espíritas enfrentam para expressar sua crença nessa cidade

- Comparar os argumentos de pessoas que afirmam sofrer preconceito por praticar ou ter simpatia pela Doutrina Espírita, com os de pessoas que não conseguem tolerar a expressão dessa crença no meio social

- Entender quais fatores proporcionam a existência da intolerância religiosa na cidade de Cristópolis

- Absorver o máximo de informações possível nas entrevistas para depois analisá-las e então confirmar ou rejeitar a hipótese inicial

- Encontrar e apontar caminhos que possibilitem que adeptos da Doutrina Espírita possam se expressar no meio social sem temer a intolerância de outros religiosos

3 JUSTIFICATIVA

As motivações para a realização desse projeto de pesquisa, partem da necessidade de expor o problema da intolerância religiosa sofrida pelos adeptos da Doutrina Espírita Kardecista. Na cidade de Cristópolis, há uma hegemonia no meio social, cultural e religioso das Igrejas Católicas e das variadas denominações e vertentes do Protestantismo. Adeptos de outras religiões, como por exemplo a Espírita − que será o objeto desse estudo – se sentem socialmente encurralados e então optam por não expressar sua crença. Alguns Espíritas se mantêm muitas vezes ligados a essas igrejas e têm que ser ainda mais cuidadosos para não serem excluídos desse grupo religioso.

Historicamente a intolerância sempre esteve presente nas relações humanas, e é explicada por quem a pratica como "a vontade de Deus". Contemporaneamente, ela em boa parte dos casos se mascara, tornando-se imperceptível. Isso provoca uma ideia de que ela não mais existe no cenário religioso brasileiro. Todavia, é possível − e até com certa facilidade − encontrar inúmeros casos explícitos de intolerância religiosa em nossa sociedade. Comunidades pequenas muitas vezes são um ambiente mais propício para existência de fundamentalismo religioso. O local que será estudado nessa pesquisa, tem atualmente cerca de 15 mil habitantes e tenho convivido ao longo de 12 anos com pessoas simpatizantes do espiritismo na cidade. Com isso, pude observar e testemunhar a existência de um fundamentalismo que se encontra enraizado na regiãoem . [g]

Por tanto, há uma urgente necessidade de se estudar as causas deste impasse. É preciso encontrar meios de se combater essa intolerância contra o Espiritismo Kardecista presente na cidade de Cristópolis. Assim, ao final desta pesquisa, as informações nela contidas poderão ser utilizadas como material para compreender a intolerância religiosa em outras comunidades com características interioranas ou rurais, semelhantes a do local escolhido para se fazer essa pesquisa.

4 REVISÃO DE LITERATURA

Alguns conselhos presentes na Carta Acerca da Tolerância de John Locke e no Tratado Sobre a Tolerância de Voltarie (1763), podem ser revisitados com o intuito de encontrar soluções para intolerância religiosa existente na contemporaneidade. Diferente do que muitos intelectuais humanistas afirmaram no século XVIII, a intolerância religiosa não deixou de ser um problema até o século XXI. Atualmente, a perseguição contra islã em muitos países ocidentais e sua intensificação no governo Trump, a violência sofrida por cristãos em alguns locais da África e do Oriente Médio e também o preconceito contra populações ligadas às religiões de matriz africana, nos mostram de modo explícito, que a intolerância religiosa ainda é um grande impasse a ser superado pela humanidade.

[h]Atualmente, as últimas pesquisas do The Pew Forum of Religion and Public Life, nos mostram que ter uma religião diferente da crença da maioria é perigoso em 40% dos países do mundo. Revelam também, que apesar da maioria dos governos pesquisados terem iniciativas para reduzir a intolerância religiosa em seus territórios, ela aumentou 11% no período de 2007 à 2011. Tendo essas pesquisas sido realizadas em 198 países, é possível concluir que cerca de 5,1 bilhões de pessoas no mundo não têm plena liberdade de crença.

Sendo um dos nomes mais importantes do Iluminismo e tendo vivido entre 1632 e 1704, John Lucke em a Carta Acerca da Tolerância se debruça sobre a necessidade de existir tolerância entre as inúmeras religiões existentes e direito de seus adeptos a expressarem livremente.

Pois se houvesse apenas uma religião verdadeira, uma única via para o céu, que esperança haveria que a maioria dos homens a alcançasse, se os mortais fossem obrigados a ignorar os ditames de sua própria razão e consciência, e cegamente aceitarem as doutrinas impostas por seu príncipe, e cultuar Deus na maneira formulada pelas leis de seu país? Dentre as várias opiniões que os diferentes príncipes sustentam acerca da religião, o caminho mais estreito e o portão apertado que levam ao céu estariam inevitavelmente abertos a poucos, pertencentes a um único país: o que salientaria o absurdo e a inadequada noção de Deus, pois os homens deveriam sua felicidade eterna ou miséria simplesmente ao acidente de seu nascimento. (Locke, 1667, p. 4).[i]

Seus pensamentos expressos nessa carta foram e continuam sendo um marco importantíssimo para o tema da intolerância religiosa e a busca para sua solução. Em suas palavras finais neste documento ele explica porque é tão necessário a discussão desse problema:

Em fim, para concluirmos, o que visamos são os mesmos direitos concedidos aos outros cidadãos. É permitido cultuar Deus pela forma romana (católica)? Que seja também permitido fazê-lo pela maneira de Gênova. É permitido falar latim na praça do mercado? Os que assim o desejarem poderão igualmente falá-lo na Igreja. É legítimo

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