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BREVE ESTUDO SOBRE A TEOLOGIA REFORMADA E A TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA MACAPÁ-AP

Por:   •  21/10/2018  •  1.976 Palavras (8 Páginas)  •  442 Visualizações

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No início houve certa tolerância com o pensamento propagado por Lutero, contudo com o passar do tempo a Igreja Católica mudou de postura com relação à conduta de Lutero e seus apoiadores, e em 1529 os líderes luteranos organizaram um protesto formal de apoio a Lutero, assim teve origem o termo “protestantes”. Depois de quase uma década (1546-1555) de guerras político-religiosas entre católicos e protestantes, veio o tratado de Paz de Augsburgo que terminou com os confrontos e reconheceu a legalidade do luteranismo, garantindo-a como religião oficial nos estados onde fosse adotada como tal. Com isso o protestantismo se espalhou pela Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia. Foram definidos princípios básicos para a nova doutrina, com convicções e práticas, nesse sentido, organizaram os chamados cinco Solas: Sola Scriptura (somente as Escrituras), solus Christo (salvação somente em Cristo), sola gratia (salvação somente pela graça divina), sola fides (salvação somente pela fé), soli Deo gloria (glória dada somente a Deus). Esses movimentos pré-reforma, bem como o reflexo da atitude de Lutero prepararam o terreno para as ideias de outro grande vulto, Calvino.

O grande reformador do século XVI foi o francês João Calvino (1509-1564), estudou teologia e Direito, entre tantas outras coisas. Esteve em Genebra por duas vezes, pois aquela cidade era o grande centro do protestantismo e também matriz de líderes para toda a Europa, Genebra também era abrigo de muitos refugiados das guerras religiosas. O calvinismo foi o mais completo sistema teológico protestante e possibilitou o fundamento das chamadas igrejas reformadas na Europa continental e presbiterianas Ilhas britânicas.

A Reforma Protestante ocorreu na Inglaterra em decorrência de um conjunto complexo de fatores tais como: a atuação de refugiados que voltaram de Genebra, os ensinamentos desenvolvidos por Lutero e propagado pelos luteranos desde 1520, a tradução da Bíblia para o idioma inglês, e um grande fator determinante foi à decisão de Eduardo VI (1547-1553) e seus tutores de implementarem a Reforma no país e cessarem as perseguições, bem como a fusão das doutrinas luteranas e calvinistas, em face de todos esses eventos, durante o reinado de Elisabeth I, a Inglaterra tornou-se oficialmente protestante, fundando a Igreja Anglicana.

De fato, esses pensadores protestantes não queriam inovar, mas regressar para as antigas verdades bíblicas que a Igreja havia esquecido. Valorizaram as Sagradas Escrituras, a salvação pela graça divina através e somente da fé, e que esta salvação é sem obras. Em apertada síntese estes foram os fatos que caracterizaram do ponto de vista histórico a chamada Teologia Reformada, que era tanto um movimento religioso protestante, quanto ideologia sociocultural com raízes na Reforma Protestante iniciada por João Calvino, em Genebra.

O PENSAMENTO DE KARL BARTH E A TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA

É necessário registrar de pronto que, a teologia contemporânea é considerada a teologia do século XX, período histórico de grandes transformações que impactaram na economia, política e cultura, e é nesta amálgama que encontramos a gênese do pensamento de Karl Barth sem dúvida um dos mais destacados teólogos protestantes. Barth nasceu na Basiléia, Suíça, em 10 de maio de 1886, filho de Fritz Barth um pastor protestante e professor na Universidade de Berna, sua mãe Anna Sartorius cuidava do lar. Apesar de não gostar de ir à escola¹ Barth recebeu educação de base na Igreja Reformada da Suíça e sem dúvida essa base educacional moldou e marcou o seu pensamento. Estudou nas universidades de Berna, Berlim, Tübingen e Marburg, tendo recebido o título de bacharel em 1909. Após sua formação atuou em várias igrejas suíças e em uma dessas ocasiões deparou-se com a triste realidade social do campo, os conflitos entre operários e patrões influenciavam a vida de toda a comunidade, Barth passou então a envolver-se com questões sociais, chegou a filiar-se ao Partido Social Democrata, mas com o início da I Guerra Mundial, Barth muda sua concepção de pensamento a respeito da teologia liberal protestante do início do século, bem como sua filiação aos ideais socialistas.

Durante o período em que atuou Barth observou que a teologia liberal em nada colaborava com a tarefa de pregar para as comunidades, foi então que Barth conheceu o também teólogo e pastor Eduard Thurneysen (1888-1977), juntos decidiram buscar uma solução para o desafio da pregação, isto é, como compatibilizar o conteúdo da pregação com a realidade social do povo, assim, durante quatro anos empreenderam em leituras e estudos, Thurneysen estudou Dostoievsky, e Barth debruçou-se sobre Kierkegaard, filósofo e teólogo dinamarquês, um dos fundadores do pensamento filosófico existencialista, que causara fortes marcas no pensamento de Barth. Ambos estudaram durante esse período os escritos de Martinho Lutero e João Calvino, Barth ainda visitou o pregador Christoph Blumhardt (1843-1919), oportunidade em foi convencido da ressurreição de Cristo. Sabemos que Blumhardt era um convicto pietista, isto é, filiava-se a movimento que surgiu no século XVII no seio da igreja luterana alemã que basicamente professava uma renovação da fé cristã através da experiência da religiosidade fortalecendo a fé, fazendo por isso um contra ponto a teologia racionalista que predominava no fim do século XIX e início do XX, nesse sentido, a busca de Deus deve ser pela fé e não através da razão.

Como resultado Barth em 1919 publicou a Carta aos Romanos que é considerada a obra mais representativa da chamada teologia dialética, com fortes características de crítica ao pensamento de análise histórica e também a leitura e interpretação alegórica da Bíblia. Na Carta aos Romanos são lançadas as premissas da transcendência divina e a distinção entre Deus e o homem (criador e criatura). A teologia passou a ser o estudo da Palavra de Deus, deixando de ser o estudo da filosofia ou experiência religiosa, nessa perspectiva a Bíblia deixa de ser meramente uma coleção de escritos antigos que devem ser analisados criticamente de modo histórico, figurado ou alegórico, ou seja, a palavra de Deus está inserta no texto sagrado segundo Barth, por isso a revelação é transcendente e não imanente do homem. Barth ainda publicou outros trabalhos como, por exemplo, o Die Christliche Dogmatik (Dogmática Cristã), mais foi criticado por esta ser arrimada na filosofia existencialista, provavelmente reflexos dos anos de estudo de Kierkegaard e sua visão filosófica.

Barth desejava produzir uma teologia “limpa” de influências filosóficas, mas também queria formular um critério

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