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A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE E SUA INFLUÊNCIA NA IGREJA CRISTÃ CONTEMPORÂNEA

Por:   •  2/11/2017  •  7.636 Palavras (31 Páginas)  •  487 Visualizações

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A partir da arquitetura, móveis, decoração, aos instrumentos musicais, as letras dos hinos, a abordagem dos sermões, etc. Tudo completamente mudado. Vale salientar que estas mudanças não foram causadas apenas pelo processo do desenvolvimento humano, da evolução cultural, do progresso, do crescimento econômico, da inovação tecnológica; uma vez que este tipo de mudança é uma consequência natural em qualquer grupo social.

Por exemplo, a transformação do estilo arquitetônico das antigas catedrais góticas, cedendo lugar para os modernos templos climatizados, ou mesmo o simples salão alugado na esquina. Os instrumentos musicais também, uma vez que, com tanta tecnologia, não mais é possível manter no templo o velho “harmônio de fole” ou o imenso piano de cauda. Até as tradicionais bancadas de madeira, principalmente por questões ambientais, torna-se plausível a sua substituição por modernas cadeiras plásticas.

Porém até que ponto é salutar, espiritualmente falando, substituir a música sacra, os hinos do Cantor e do Hinário Cristão; e as composições de autores inspirados, baseadas nas Escrituras, pela atual “Música Gospel”, que “embala” atualmente os cultos; com a introdução inclusive de grupos de danças, de coreografias, importando todos os ritmos lançados pelo mundo secular, como axé, swing, funk, etc.?

Será que é aceitável a introdução dos “artistas gospel” no culto, os quais, muitas vezes sobem ao altar (palco) apenas para dar o seu “show” de interpretação, recebendo tratamento de “pop star”, e vultosos cachês?

E quanto ao sermão, qual a mensagem que emana dos púlpitos da igreja cristã contemporânea?

Será que ainda é encontrado pelo menos um esboço, uma linha teológica, ao menos um texto bíblico para embasar os sermões? Será que são pastores que estão ocupando os púlpitos, ou são, também, apenas apresentadores, “showman”, empenhados em agradar, a qualquer custo, uma plateia cada vez mais exigente, consumista?

Ao adentrar-se em muitos lugares com placas de templos evangélicos, tem-se a sensação que se trata duma reunião de grupos de “autoajuda”, onde são forjados jargões, chavões e bordões, induzindo os ouvintes a mudar a forma de pensar, a fazer uma “declaração positiva”, orientando-os que “a realidade pode ser mudada pela força do pensamento”, afirmando que “todo poder está em suas mãos”, que basta “determinar” e Deus terá que cumprir o que foi determinado. Afinal “é para isto que Ele existe”.

As máximas são: “pare de sofrer”; “você é o cara”, “você pode tudo”, “você já tem”, “já é seu”, “conquiste”, “declare”, “determine”.

O impressionante é que até denominações centenárias, que antes seguiam a linha do protestantismo histórico, para não perder os seus fiéis, vem aderindo a estas mudanças impostas pelo modernismo, consumismo, materialismo e mundanismo. O pior de tudo é que, quando a totalidade dos membros de uma determinada denominação não aceita a imposição das mudanças, surge então mais uma cisão, mais uma divisão, geralmente com a criação de uma nova denominação, formada por um grupo de pessoas que decidiram romper com conceitos que outrora defendia.

Diante desse quadro, este trabalho pretende levantar algumas questões intrínsecas a esse contexto, como por exemplo: Qual a verdadeira origem do Protestantismo? Como aconteceram estas mudanças? O que elas têm causado na Igreja cristã contemporânea? Para onde caminha esta Igreja?

Assim, através da pesquisa, dando um breve mergulho na história da Igreja através dos tempos, partindo do protestantismo histórico, passando pelo pentecostalismo, chegando até o neopentecostalismo e a Teologia da Prosperidade, expondo as transformações provocadas pela mesma.

2.O PROTESTANTISMO HISTÓRICO

Historicamente o Protestantismo tem sua origem no movimento religioso do século XVI, no qual, parte dos alemães, sob a liderança de Martinho Lutero, opôs-se aos atos praticados pela Igreja Católica Romana.

A data que os historiadores estabelecem para o início da grande reforma protestante foi o dia 31 de outubro de 1517, na manhã do qual, Martinho Lutero afixou na porta da Catedral de Winttenberg um pergaminho contento as suas noventa e cinco teses em oposição ao então Papa Leão X, especificamente contra a venda de indulgências praticadas pelo mesmo, nas quais seu enviado especial João Tetzel percorria desesperadamente toda a Alemanha vendendo bulas papais, que garantiam a absolvição instantânea dos pecados para todos quantos estivessem dispostos a pagar pelo documento, inclusive em nome de seus parentes e amigos já falecidos; garantindo que tão logo o dinheiro chegasse aos cofres de Roma, “a alma do ente querido passaria do purgatório ao céu”; tudo com o objetivo de angariar fundos para a obra do suntuoso templo de São Pedro, em Roma.

Nas teses, Lutero também rompe com a autoridade papal e ataca o modelo romano de sacerdócio.

Na verdade o movimento da reforma nasceu um pouco antes, com o despertar da Europa, com o surgimento da Renascença, ou Renascentismo, cujos interesses estavam voltados para as artes, literatura e para a ciência, rompendo com a visão e o pensamento medieval, substituindo-os por métodos modernos.

Essa ruptura tornou-se um marco bastante importante uma vez que até a idade média, toda ciência estava atrelada ao pensamento religioso, inclusive a filosofia era voltada para religião, pois praticamente todos os grandes estudiosos e pensadores pertenciam ao clero.

Outro fator que grandemente contribuiu com a reforma, foi a invenção da imprensa, por Gutemberg, em 1459, em Mogúncia, no Reno. Para melhor transmitir a importância desse invento, basta citar que na idade média uma Bíblia copiada a mão custava o equivalente a um ano de trabalho de um operário.

O primeiro livro impresso por Gutemberg foi justamente a Bíblia, fato que tornou comum o uso das escrituras, incentivou sua tradução para vários idiomas e sua circulação em toda Europa.

Nessa época começou também a surgir na Europa um espírito nacionalista, através do qual a população, juntamente com os reis, imbuídos do patriotismo, passou a questionar a nomeação de suas autoridades eclesiásticas (bispos, abades e dignitários), por um papa residente em um país distante.

Outro fator que gerava revolta entre o povo era a contribuição do “óbolo de São Pedro”, arrecadada pela Igreja Católica,

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