Resenha Teologia Sisetmatica de Paul Tillich
Por: SonSolimar • 20/2/2018 • 2.686 Palavras (11 Páginas) • 486 Visualizações
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Em razão disto devemos nos resguardar da chamada indiferença última, pois esta tende nos fazer colocar a preocupação última no mesmo nível de preocupações secundarias, retirando assim sua ultimacidade.
Outro erro é a Idolatria que nada mais é do que a elevação de uma preocupação preliminar à ultimacidade. Significa dizer que algo basicamente condicionado é considerado como incondicional ou ainda algo basicamente parcial é elevado à universalidade ou ainda algo essencialmente finito é revestido de significado infinito.
Assim sendo o teólogo, enquanto teólogo, não é especialista em nenhum assunto de preocupação preliminar, assim como especialistas nesses assuntos não deveriam reivindicar que os são em teologia.
Nesse contexto surge agora o primeiro critério formal da teologia. Qual seria nossa preocupação última? Deve-se considerar que este deve ser formal e geral, não pode ser um objeto, nem mesmo Deus. Nossa preocupação última é aquilo que determina nosso ser ou não-ser. Esse é o segundo critério formal da teologia. O termo ser se refere a totalidade da realidade humana ou seja sua estrutura, sentido e finalidade de existência.
“O ser humano está infinitamente preocupado pelo infinito ao qual pertence, do qual está separado, e pelo qual anseia. O ser humano está totalmente preocupado pela totalidade, que é seu verdadeiro ser, e que está rompida no tempo e no espaço. O ser humano está incondicionalmente preocupado por aquilo que condiciona seu ser para além de todos os condicionamentos que existem nele e ao redor dele. O ser humano está preocupado de forma última por aquilo que determina seu destino último para além de todas as necessidades e acidentes preliminares”[1]
Teologia é a interpretação metodológica dos conteúdos da fé cristã. A teologia cristã reivindica que só existe teologia no cristianismo e sendo assim ela é plena e final. Cabe a teologia apologética provar que tal reivindicação cristã tem validez também do ponto de vista daqueles que estão fora do círculo teológico. Para tal deve provar que todas as tendências das demais religiões e culturas caminham em direção as repostas cristãs.
“A teologia cristã é teologia, na medida em que se baseia na tensão entre o absolutamente concreto e o absolutamente universal. Teologias sacerdotais e proféticas podem ser muito concretas, mas carecem de universalidade. Teologias místicas e metafísicas podem ser muito universais, mas carecem de concretude”[2]
Existe uma relação entre a teologia e filosofia que se funde com a relação entre teologia e as ciências humanas. Na realidade o ponto de contato entre elas são os elementos filosóficos. Não existe uma definição de filosofia aceita de forma universal, visto que o teólogo pode defini-la de forma que seja suficientemente ampla para abarcar a maioria das filosofias importantes que se fação presentes na “história da filosofia”. A sugestão feita pelo autor é de chamar filosofia de: aquela abordagem cognitiva da realidade, na qual a realidade como tal é o objeto.
O labor filosófico de Aristóteles, Leibniz, Hegel, Wundt tornaram evidentes “os limites da mente humana e a finitude que impede compreender o todo. Só ficaram os princípios gerais, sempre discutidos, questionados, mudados, mas nunca destruídos. Brilham através dos séculos, reinterpretados por cada geração, nunca são antiquados ou obsoletos. Estes princípios são o material da filosofia.
A filosofia pergunta pela realidade como um todo, pela estrutura do ser. E responde em termos de categorias, leis estruturais e conceitos universais. A teologia, ao lidar com nossa preocupação última, pressupõe em toda sentença a estrutura do ser, suas categorias, leis e conceitos. A teologia, portanto, não pode evitar a questão do ser com mais facilidade do que o pode a filosofia. Em síntese temos que a filosofia lida com a estrutura do ser em si mesma e a teologia lida com o sentido do ser para nós.
Assim como todas as ciências têm sua origem na filosofia, assim também elas contribuem por sua vez à filosofia.
A teologia é necessariamente existencial, e nenhuma teologia pode evitar o círculo teológico. Já a filosofia contempla a totalidade da realidade para descobrir dentro dela a estrutura da realidade como um todo. O filosofo tem como fonte de seu conhecimento o logos universal mas o teólogo tem o Logos ‘que se tornou carne’, isto é, o logos manifestando-se num evento histórico particular. O logos concreto que é recebido através de um comprometimento de fé. Não é como o logos universal, ao qual o filósofo olha, através de um distanciamento racional.
A teologia é a explanação metódica dos conteúdos da fé cristã. O critério de qualquer disciplina teológica é se ela lida com a mensagem cristã como sendo questão de preocupação última ou não.
E a igreja está baseada num fundamento, cuja formulação protetora está dada nos credos. A teologia prática pode se tornar conexão entre a mensagem cristã e a situação humana. Tem como objetivo preservar a igreja do tradicionalismo e do dogmatismo.
Temos como a principal fonte da teologia a Bíblia, pois é nela que está baseado o cristianismo. Porém não podemos limitar a palavra de Deus apenas a um livro, mesmo sendo este a fonte básica da teologia visto que existem fontes adicionais como os materiais da história da religião e da cultura. A teologia sistemática necessita de uma teologia bíblica que seja histórico-crítica sem quaisquer restrições.
Temos na experiência o meio através do qual as fontes ‘falam’ a nós, ou seja, a forma pela qual podemos recebê-las. Alguns teólogos tentaram aplicar o método da experiência científica à teologia. Mas eles nunca tiveram bons resultados e nem poderiam, pois, o objeto da teologia - a preocupação última - não é um objeto dentro da totalidade da experiência científica. Não pode ser descoberto por observação distanciada ou por conclusões derivadas de tal observação. Só pode ser encontrado em atos de entrega e participação. Ressalta-se que não pode ser testado por métodos científicos de verificação. Nestes casos o sujeito que testa se mantém fora da situação de teste. O objeto da teologia só pode ser verificado por uma participação na qual o teólogo que testa se arrisca a si mesmo no sentido último de ser ou não ser.
A teologia cristã se baseia no evento único Jesus o Cristo. E, apesar do sentido infinito deste evento, permanece só este evento. Como tal, ele é o critério de toda experiência religiosa. Este evento está dado à
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