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Indisciplina na Educação Infantil

Por:   •  12/3/2018  •  4.715 Palavras (19 Páginas)  •  374 Visualizações

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2 DA RIGIDEZ DA ESCOLA TRADICIONAL A INDISCIPLINA CONTEMPORÂNEA

Nos tempos da Escola Tradicional, praticamente não se ouvia falar em problemas de indisciplina escolar. A severidade e o tradicionalismo de aproximadamente 40 anos atrás, transformavam os estudos em um sistema de ensino muito rígido, onde o respeito pelo educador era tão elevado quanto, ou mais, que aos próprios pais. Conclui Mendonça (2010, p.10) “[...] antigamente havia um controle comportamental rígido sobre a conduta dos alunos. A disciplina era imposta à base de castigos, ameaças, medo, coação e subserviência”. Em análise crítica contemporânea, esse respeito era na verdade medo das punições e humilhações que sofriam, em um sistema que não se valorizava o conhecimento pessoal ou que fugisse ao conceito visto como correto pelo educador.

A Escola Tradicional passou então a ser criticada pelo Movimento Renovador por impor os conhecimentos aos educandos, quando sua função intelectual deve ser vista como uma necessidade de aperfeiçoar as pessoas para que se deem prosseguimento as suas ideias e conhecimentos. “Este estilo disciplinar começou a ser substituído [...]. Os procedimentos de punir e reprimir os alunos passaram a ser vistos como ruins para o desenvolvimento da criatividade e do espírito crítico” (MENDONÇA, 2010, p. 21).

No Brasil, o processo de urbanização expandiu-se rapidamente com a ampliação da cafeicultura e, sob grandes transformações políticas, sociais e econômicas trouxeram mudanças significativas no sentido intelectual brasileiro propagando-se a ideia de pensamento liberal que deveria inserir na sociedade uma educação escolarizada onde sustentaria um sujeito como cidadão atuante e democrático, sendo assim, respeitada sua individualidade.

Analisando as várias tendências pedagógicas brasileiras, percebemos que a mudança na inserção e permanência do educando no ambiente escolar foi se modificando com o tempo, o sujeito foi ganhando mais autonomia e liberdade de expressão, o que é uma grande conquista. Aos poucos, o educador deixa de impor um conhecimento pronto e acabado, para ajudar o educando a construir o seu próprio conhecimento. Conforme Saviani (1995):

[..] o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo (SAVIANI, 1995, p.17).

Historicamente, a escola vem procurando atingir seu objetivo de “propiciar a aquisição dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciência), bem como o próprio acesso aos rudimentos desse saber” (SAVIANI, 2005, p. 14), isto porque ela foi instituída com o intuito de socializar o saber sistematizado.

Atualmente, porém, longe de propiciar tão somente a aquisição de conhecimentos, a escola vem mantendo-se voltada à resolução de problemas que dificultam o processo de ensino-aprendizagem e as relações interpessoais. Entre os problemas na escola que podem comprometê-los encontram-se a indisciplina escolar. (JESUS, 2010, p.2). Para Oliveira:

Além de a indisciplina causar danos ao professor e ao processo ensino-aprendizagem, o aluno também é prejudicado pelo seu próprio comportamento: ele não aproveitará que se nada dos conteúdos ministrados durante as aulas, pois o barulho e a movimentação impedem qualquer trabalho reprodutivo. (OLIVEIRA, 2005, p.21).

Por esta visão, em SILVA (2013), entende-se que a indisciplina causa graves problemas ao ensino-aprendizagem, pois dificulta a aquisição e transmissão do conhecimento. Em uma aula onde há muito barulho e movimentação, claramente o educador não conseguirá desenvolver um bom trabalho, devido à dificuldade enfrentada através de alguns alunos indisciplinados. E o problema da indisciplina torna-se mais agravante em salas superlotadas, sem espaço físico, em condições desfavorecidas pedagogicamente falando

Nota-se, também, que a indisciplina na escola tem se revelado desde a Educação Infantil, deixando de ser uma manifestação apenas do Ensino Fundamental e Médio, tornando-se um dos maiores obstáculos pedagógicos da Educação Básica. Por isso, é necessário que este problema seja investigado, discutido na escola, por educadores e comunidade escolar, buscando diferentes caminhos para solucioná-lo, auxiliando os docentes na construção de novos saberes, os quais lhe permitam superar este obstáculo em sala de aula.

3 DISCIPLINA

Ter uma boa disciplina notoriamente requer o cumprimento de regras impostas contra nossas primeiras vontades. Sendo assim, não seríamos livres, pois necessitamos obedecer determinadas normas. Porém, por um outro lado, uma vida totalmente desprovida de qualquer energia disciplinadora nos leva a uma espécie de anarquia dentre nossos desejos, onde assim todas as vontades e desejos ganham uma certa equivalência de possibilidades, onde tudo é possível, tudo podemos. Quando todas as escolhas são possíveis, todas de certa forma tendem a não terem valor de juízo, pois todas estariam por assim dizer corretas, já que possíveis.

La Taille (1996, p. 10), diz que a compreensão do conceito de indisciplina é decorrente da nossa conceituação do que vem a ser a disciplina, para o autor, se compreendermos a disciplina por:

[...] comportamentos regidos por um conjunto de normas, a indisciplina poderá ser traduzida de duas formas: 1) a revolta contra essas normas; 2) o desconhecimento delas. No primeiro caso, a indisciplina traduz-se por uma forma de desobediências insolente; no segundo, pelo caos dos comportamentos, pela desorganização das relações. (LA TAILLE, 1996. p. 10).

A indisciplina, como afirma Estrela (1992, p. 17), “relaciona-se intimamente com a disciplina e tende normalmente a ser definida pela sua negação ou privação, ou pela desordem proveniente da quebra de regras estabelecidas”. Todavia, a indisciplina pode caracterizar-se de diversas maneiras, em infinitas situações e de diferentes formas.

Os autores BOCK; FURTADO; TEIXEIRA (2008, p. 275) colocam que: “enfim, a indisciplina está relacionada ao não cumprimento das regras postas pela escola como necessárias ao seu bom funcionamento.” Contudo os autores lembram que um clima de participação e interesse em sala não pode ser confundido com indisciplina.

Para definir indisciplina, Antunes (2002) prefere conceituar o que seria uma classe indisciplinada que, segundo ele, apresenta três características relevantes

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