O desperdício de alimentos no Brasil no final do século XXI
Por: Lidieisa • 3/11/2018 • 3.452 Palavras (14 Páginas) • 383 Visualizações
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e valor de perdas....................................................10
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1. INTRODUÇÃO
O ser humano foi o animal que melhor se adaptou ao meio através dos séculos, isso se deu pelo fato deste conseguir manipular a natureza, chegando ao ponto de até intervir nos processos biológicos a partir do advento da engenharia genética, mudanças estas que podem ser feitas conforme o seu interesse. A sustentação destas manipulações era suprir a necessidade de sobrevivência. O homem passou a produzir alimentos em maiores quantidades e de superior qualidade, de forma que mais pessoas tivessem acesso a uma alimentação básica. Surge a terceira revolução agrícola neste ponto, nascida sob a diretriz de diminuir a fome do mundo (HAZELL, 1995). Porém as coisas não aconteceram como o esperado e os números mostravam que o ser humano passava a produzir a maior quantidade de alimentos de toda história e, de outro lado, o número de pessoas que sofriam com a fome também alcançou números jamais vistos.
Países não desenvolvidos são os mais atingidos pela fome e miséria tornando-se alvos de discursos humanitários das organizações internacionais. No fim do século XX, três ares sustentavam uma maior produção de alimentos: a) uma maior área de plantio; b) uma maior área produtiva; c) um número maior de colheitas no período da sazonalidade. A escassez de alimento fazia parte do cronograma de qualquer tomada de decisão na época. Mas subestimando a expectativa dada como óbvia pela maior parte da comunidade, tanto cientifica quanto de organizações internacionais, que tratavam da fome em escala global, o aumento na produção não se tornou eficiente no combate da fome (ABROMOVAY, 1996).
A partir de então, o problema da fome passou a ser encarado com outros olhos, passando a ser considerado um problema de logística, onde a distribuição deveria ser feita de forma melhor e mais responsável, garantindo que o consumidor final fosse saciado. Porém, a cadeia produtiva necessitaria passar a ser monitorada para que, deste modo, houvesse um número mínimo de desperdício durante as várias etapas de deslocamento, para que desta forma um número mínimo de perdas ocorra.
A temática reveste-se de importância pelo fato de haver um número enorme de pessoas que sofrem com a falta de alimentos, ameaçando a existência de povoados, causando sofrimento demasiado em parte da população mundial.
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2. OBJETIVOS
? GERAL: Pesquisar e elaborar um projeto de pesquisa que possa definir as causas e os números correspondentes ao desperdício de alimentos no âmbito agrícola, defendendo o pensamento que o real causador deste são problemas de logística na transição de etapas.
? ESPICÍFICOS:
a) Definir de forma clara e sucinta o desperdício de alimentos.
b) Quantificar números que comprovem a fome no mundo, com foco no Brasil.
c) Elaborar estatísticas que enumerem a quantidade de perdas que ocorrem ainda na primeira etapa de produção.
d) Sugerir intervenção como forma de se reaproveitar o que se fica para trás durante a produção agrícola, aumentando, desta forma, o aproveitamento de alimentos.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fome faz parte da vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, uma a cada nove passam fome (FAO, 2004). Mas, não é mistério que, atualmente, o mundo produz alimentos suficientes para atender a todos. Em 1996, a quantidade de alimentos produzida seria capaz de proporcionar uma dieta considerada ideal, 2.700calorias/pessoa/dia, para a população mundial. Em 1996, aconteceu a Cúpula Mundial de Alimentação, onde foi-se estabelecido como meta reduzir pela metade o número de pessoas famintas, os níveis referenciais datam de 1992, onde 815 milhões de pessoas passavam fome (BBC, 2002).
Estes números levaram a conclusão de que o real problema era a distribuição feita de modo desregular e desigual, descartando a necessidade de criação de novas tecnologias. A má distribuição de alimentos trazia outro problema alarmante, o desperdício entre os processos. Problema este que se torna ainda mais delicado quando se trata de alimentos, visto que, estes são perecíveis.
3.1. DESPERDICIO NO BRASIL
A realidade do desperdício de alimentos afeta diretamente a economia de países, para se ter noção da dimensão deste, as perdas somente com produtos agrícolas equivalem a cerca
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de 8% do produto interno bruto do brasileiro. Esta quantia equivale a cerca de R$ 10 bilhões (JARDINE 2002). Com esta cifra seria possível manter o Instituto Federal do Ceará, campus Cedro por 138 anos1. Segundo a CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), seria possível doar a quantia de R$ 120,00 expandindo programas sociais como o bolsa família, por exemplo, para 7 milhões de famílias (1999).
No âmbito dos grãos, no ano de 2001, durante as colheitas de milho houve uma perda de 53 milhões de sacas, o que custou US$ 344 milhões. Caso não houvesse tamanho desperdício, a compra de cerca de 4.000 colheitadeiras de médio porte seria possível. No mesmo ano, o pais comercializou 4,1 mil máquinas. A média de desperdício quando se trata de um alimento comumente presente na alimentação do brasileiro, o arroz, é de R$ 179,93 milhões/ano. Valores estes que reajustados pela inflação somam R$ 532 milhões para o arroz, R$ 1 bilhão para o milho e, no quesito geral de desperdício, tem-se a cifra alarmante de R$ 30 bilhões2 (JARDINE, 2002). Com valores reajustados conforme a variação da inflação, o preço anual do desperdício seria suficiente para manter esta instituição de ensino por 414 anos.
Não é possível estimar de forma precisa as perdas, mas para o Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada de Santa Catarina (CEPA/SC), em torno de 20% dos grãos produzidos acabam por perder-se. Com hortaliças e frutas os números são ainda mais chocantes, chegando a níveis de até 40%, isto deve-se à sua pouca durabilidade, por tratar-se de produtos extremamente perecíveis. Entre os responsáveis por estes números, estão o uso de máquinas desreguladas, descuidado na colheita, má armazenagem e transporte feito de forma irresponsável. Trata-se de uma cadeia produtiva e as perdas de cada uma delas resulta na soma anteriormente citada. Para o entreposto dos hortifrutigranjeiros do Rio Grande do Sul, de cada 1,5 mil tonadas comercializados por dia, o desperdício total é de 40 toneladas. Porém, uma ideia
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