Notas sobre o Marxismo e Serviço Social, suas relações no Brasil e a questão do seu ensino
Por: Hugo.bassi • 25/4/2018 • 1.540 Palavras (7 Páginas) • 472 Visualizações
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Situa então que nos últimos 30 anos (referência da produção do texto – em 1989) muda-se substantivamente o panorama do profissão no Brasil:
- da crise do SS tradicional – já emergente na entrada dos anos 60 é precipitada pela “modernização conservadora” instaurada com a ditadura bergues (1964), quando tem início o desenvolvimento de políticas sociais favorecedoras ao grande capital. O Serviço social redimensionará sua ação frente aos “novos” espaços abertos para o SS, reprimindo outras tendências profissionais. “(...) a ditadura acabará por laicizar o SS”(p.86)
- nesse sentido a profissão se renovará no Brasil, implicando em uma “diferenciação interna” - como resposta à “modernização conservadora” – essa tendência fundamenta-se na instrumentalização operativa embasada no lastro neopositivista– onde as principais questões voltavam-se ao planejamento e à administração de recursos(base tecnicista)»Vertente que se firma no seminário de Araxá (1967) e se consolida no Seminário de Teresópolis (1970)
*Netto (1991) indica que como esse perspectiva se desenhou colada a imagem da ditadura, com a crise da mesma (ditadura), essa mesma perspectiva perde ressonância na categoria profissional;
- O contraponto feito então ao tecnicismo – apresenta-se na segunda metade dos anos 70 (como uma vertente alternativa) – vertente então inspirada na fenomenologia (mas que originalmente marcada por valores católicos convencionais – que se opõe a emergente “teologia da Libertação”) – corrente que procurará resgatar traços tradicionais da profissão, mas dissolvidos em elaborações que buscavam ampliar as referências teóricas da profissão;
- Essa posição criticava o ranço positivista do perfil profissional, como também criticava as interferências marxistas;
- Nesse período (concorrendo com as duas posturas anteriores) emerge a tendência vinculada a tradição marxista. Vertente com as mesmas posições mais avançadas do chamado processo de reconceituação latino-americano quebuscará a ruptura com a herança conservadora (teórico-ideológica e prático-profissional)
Vetores que impulsionaram esse movimento:
1- relação com o movimento estudantil dos anos 60 (mais objetivamente entre 61/ 68 – até o AI5) hegemonizado por forças progressistas e de esquerda;
2- visível deslocamento de setores da Igreja Católica para posições contestatórias ao conservadorismo e à ditadura. Esse movimento expressa a crescente gravitação dos interesses dos trabalhadores. Essa vertente que estabelecerá o relacionamento do SS com a tradição marxista (porém com inúmeros problemas);
A primeira experiência emerge sob essas condições, no período de 72-75 na PUC-MG, como um projeto global de formação intervenção e extensão = chamado método BH; experiência que logo fica isolada
- A partir da metade do anos 70 entra na cena política movimentos pela retomada da democracia e os movimentos de trabalhadores - movimentos que invadem o espaço acadêmico e toma forças notadamente nas pesquisas realizadas em âmbito da pós- graduação. O que vai caracterizar a passagem dos anos 70 para anos 80; essa vertente é que ganhará maturidade teórica; consolida-se no espaço acadêmico e penetra em amplo debate da categoria.
- A vinculação destas tendências com a tradição marxista – nesses dois momentos não ocorreram com os originais:
a) a experiência de BH fundamentava-se em Althusser;
b) quando da afirmação acadêmica – privilegiava abordagem epistemológica. É somente na fase da “consolidação” que se faz um retorno ao “clássicos” – recuperando-se a natureza ontológica do pensamento marxiano. Por isso não é raro encontrar formulações mecanicistas e de perspectiva eclética. A partir de meados dos anos 80 – com o retorno dos exilados, os interlocutores se ampliaram e/ou diversificaram;
Síntese:a vertente que estabeleceu relações com a tradição marxista forneceu ao SS no Brasil um saldo positivo e inequívoco. Sua contribuição (p.90):
- Ampliação do universo temático do debate profissional, com a introdução de discussões acerca da natureza do Estado, das classes e dos movimentos sociais, das políticas e dos serviços sociais, da assistência;
- O desvelamento crítico do lastro conservador (teórico e prático) do Serviço Social;
- O reconhecimento da necessidade de explicitar, com a máxima clareza, as determinações sócio-políticas das práticas profissionais;
- A ênfase na análise histórico-crítica da evolução do Serviço Social no país;
Marxismo na formação profissional
-Esse movimento comporta a definitiva inserção das questões típicas da tradição marxista na formação profissional;
- Indica que várias razões fundamentam essa perspectiva: - algumas estão ligadas ao próprio desenvolvimento já alcançado no interior do SS;
Outras: - o nível de explicitação das lutas de classe na nossa sociedade, o protagonismo social que o movimento de trabalhadores passa a assumir; e, aqueles vinculados às exigências da crítica social no Brasil - patamar atingido pela própria cultura de esquerda da tradição marxista;
- Por outro lado – como compatibilizar essa direção indicada, com a crise que a tradição marxista experimenta naquele momento, potencializada pela falência do “socialismo real” – vivida no bloco leste europeu (onde foram construídos regimes nos moldes autocrático-stalinista) e que fecha com a queda do muro de Berlim, com a reentronização de mecanismos de mercado - movimento que fortalece o discurso (pela mídia brasileira) da “morte do marxismo”.
- Chama atenção provavelmente
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