IGREJA E A ESTRUTURA SOCIAL DO BRASIL NO PERÍODO COLONIAL
Por: kamys17 • 27/3/2018 • 3.643 Palavras (15 Páginas) • 485 Visualizações
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Porém, a ordem religiosa que teve maior influência na sociedade brasileira do período colonial foi a Companhia de Jesus, que veio ao Brasil logo após, com os padres jesuítas.
Os primeiros jesuítas vieram com Tomé de Souza em 29 de março de 1549, chefiados pelo Padre Manuel da Nóbrega, o qual solicitou a inauguração do primeiro bispado, que se realizou em 1551 em Salvador. Havia sido firmado um acordo entre os jesuítas e a Coroa portuguesa para a dominação dos territórios desconhecidos. Os jesuítas poderiam ocupá-los em troca do pagamento dos impostos para a Coroa, que era colhido através do dízimo dos fiéis. Tomé de Souza em carta mandou que os jesuítas fossem ajudados no que fosse preciso, e o governador deu a cada um 5.600 réis de auxílio real (CASTRO, 1962).
A Companhia de Jesus influenciou fortemente em dois campos: na formação das aldeias indígenas e na formação da cultura colonial, através dos colégios. Como eles defendiam a proibição da escravidão dos índios, tiveram muitos conflitos, o que inclusive levou à sua expulsão das terras brasileiras. Houve um grande reforço para a Companhia de Jesus entre de 1549 até 1604, pois chegaram ao Brasil mais 28 expedições missionárias (HOLANDA, 2003).
As maiores missões jesuíticas foram a dos sete povos das missões, localizada no Rio Grande do Sul, que foi aniquilada pelos bandeirantes, que faziam suas expedições muitas vezes atrás de índios para serem escravizados, e como havia uma alta concentração deles nas aldeias, e ainda por cima educados nos costumes portugueses, o caminho ficava mais fácil do que caçá-los na mata. A segunda maior foi na Amazônia, e esses jesuítas foram os banidos pelo Marquês de Pombal (HOLANDA, 2003).
O sistema educacional foi o que houve de estruturado na fase colonial. Apenas os estudos universitários não foram permitidos aqui no Brasil, pois esse era um vínculo que a colônia tinha com a metrópole, se tornava dependente de certa forma por conta disso:
Coube à igreja, afinal, na formação da nacionalidade, o aspecto mais nobre da colonização. Quase tudo o que se fez em matéria de educação, cultura, de catequese e de assistência social ocorreu por conta de sua hierarquia, de seu clero secular, das ordens religiosas e das corporações de leigos (irmandades e ordens terceiras)[...] As irmandades chamadas da Misericórdia, com uma série de regalias e isenções, tiveram importantíssimo papel no setor da assistência hospitalar. Foi através delas e indiretamente que o Estado tomou as primeiras medidas nesse setor.[...] Não há dúvida de que, para a decifração do mistério histórico de nossa unidade, o fator religioso apresenta uma contribuição singularmente validosa.(HOLANDA, 2003, p......)
Os principais propósitos da Companhia de Jesus eram barrar o avanço do Protestantismo, que vinha aumentando seus fiéis após a reforma Protestante, e conseguirem mais fiéis para a igreja católica. Eles foram os que mais contribuíram com a imposição da cultura religiosa portuguesa, sendo a catequese dos índios de sua responsabilidade. Construíram as primeiras escolas e seminários, e foram os responsáveis pela unificação linguística, religiosa e cultural da América portuguesa. Ajudaram também na conquista do território brasileiro, com a construção das aldeias, em diferentes áreas do Brasil, e também com a educação.
O primeiro Bispo do Brasil foi D. Pero Fernandes Sardinha. Ao chegar ao Brasil, tratou de entrar em conflito com os jesuítas, pela forma que os índios estavam sendo catequizados, pois achava que os padres deveriam ser mais enérgicos. Quis impor que os índios fossem vestidos às celebrações religiosas, porém o padre Manuel da Nóbrega tratou de provar que não havia tecido suficiente para realizar tal pedido (CASTRO, 1962).
Estabeleceu também que os índios se tornassem cidadãos e falantes da língua portuguesa, antes de serem catequizados. Crianças também não poderiam ser catequizadas, e proibiu os índios de manterem seus costumes de rituais como suas danças e demais hábitos. Com essas ideias estabelecidas pelo Bispo Sardinha, o padre Manuel da Nóbrega ficou descontente e deixou a Capitania, evitando conflitos, e foi para a Capitania de São Vicente (CASTRO, 1962).
Esse não foi o único conflito por ele criado, o segundo foi com o governador, gerado por conta do filho deste. Tudo terminou com o Rei convocando o bispo Sardinha para voltar para Portugal. O Navio em que saiu do Brasil tinha por volta de 100 pessoas, mas naufragou e muitos foram os sobreviventes, que infelizmente foram capturados por uma tribo de índios caetés, que eram canibais e acabaram com eles. Tirando esses conflitos, o convívio foi tranquilo com a Companhia de Jesus. Vieram para o Brasil apenas 183 padres jesuítas. O primeiro jesuíta a dominar o idioma indígena foi João de Aspicuelta Navarra, o qual imitava pajés quando passava os sermões nas missas para a tribo. Esse tipo de interação ajudava os índios a assimilarem o novo idioma (CASTRO, 1962).
Na literatura, a influência religiosa ocorreu até a segunda metade do século XVIII:
Aquela foi a grande diretriz ideológica, justificando a conquista, a catequese, a defesa contra o estrangeiro, a própria cultura intelectual. Era ideia e princípio político, era forma de vida e padrão administrativo; não espanta que fosse, igualmente, princípio estético e filosófico. À sua luz se abriga toda a obra de José de Anchieta (1533-1597), desde as admiráveis cartas-relatórios, descrevendo o quadro natural e social em que se travam as lutas da fé, até os autos didáticos, os cantos piedosos em que as suas verdades eram postas ao alcance do catecúmeno. As crônicas do jesuíta português Simão de Vasconcelos obedecem a princípio, declaradamente religioso, de informar e edificar(HOLANDA, 2003, p.....)
O Pe. Antônio Vieira se destacou por sua boa oratória sagrada, o qual se beneficiou com isso visto a realidade do período colonial, em que poucos eram os que sabiam ler. Com isso, quem tinha boa oratória rapidamente se beneficiava, com a propaganda ideológica e o recurso mais fácil na época (HOLANDA, 2003).
Nas questões arquitetônicas, em Olinda, por exemplo, no sentido de decorações internas, havia a realização do modelo português, vindo de fora a maior parte de esculturas e pinturas, embora nesse período tenha se iniciado a produção local de obras por volta de 1560 (HOLANDA, 2003).
As construções das igrejas também, seguiram o padrão arquitetônico português, baseado no estilo barroco. Em relação à proibição da escravidão dos índios, os jesuítas tiveram
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