O Que é Educação - Carlos Rodrigues Brandão
Por: Salezio.Francisco • 5/3/2018 • 2.133 Palavras (9 Páginas) • 472 Visualizações
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a colheita ate o preparo da iguaria, aprende como executá-la desde o ralar ate o cozer.Outra atividade que podemos destacar é a fabricação de potes, com a extração do barro e observação da manipulação do mesmo para dar forma de potes e tigelas, que muitas vezes era aproveitada a sobra de barro não cozido para confeccionar brinquedos em forma de corpos e animais, mas as meninas não tinham muito tempo para o lúdico, pois sempre estava acompanhando suas mães nas diversas tarefas cotidianas como buscar água e lenha, ralar mandioca, preparar a farinha para cozer as tortas de mandioca e, até nas horas livres, imitar suas mães fazendo pequenas tecelagens.
Algumas brincadeiras também são muito comuns no cotidiano dos índios e servem também de aprendizado para os mesmos, algumas delas são:
-Brincadeira do gavião: Essa brincadeira acontece na beira de uma lagoa ou de um rio. Quem propõe a brincadeira assume o papel de um gavião e será o “dono" da brincadeira. O "gavião" desenha na areia uma grande árvore, cheia de galhos, e as outras crianças fingem ser passarinhos. Cada "passarinho" escolhe um galho, monta o seu ninho e senta-se lá. O gavião sai à caça dos passarinhos, que saem dos seus ninhos e se reúnem num local bem próximo à “árvore”, batendo os pés no chão e provocando o gavião com uma graciosa cantoria.
O gavião avança lentamente na direção dos passarinhos. Já bem perto do grupo, dá um pulo e tenta pegar os passarinhos que começam a correr em todas as direções, fazendo muitas manobras para distrair o gavião. Para descansar, protegem-se nos seus ninhos. O gavião, quando consegue apanhar um dos passarinhos, prende-o no seu refúgio, que fica próximo ao pé da árvore. O último passarinho que conseguir escapar e não ser "caçado" pelo gavião, se transforma no novo “gavião” e "dono" da brincadeira, que recomeça. O jogo desenvolve diversas habilidades, tais como a concentração, a velocidade de movimento, a agilidade e a percepção de tempo.
-Brincadeira Vida: Jogo de bola semelhante à "queimada". Dois partidos, em seus campos. Uma criança lança a bola e tenta acertar em alguém do outro partido. Se conseguir acertar e a bola cair no solo, a criança "queimada" sai do jogo.
-Brincadeira Curupira: Uma criança fica com os olhos vendados. A outra vem e faz com que aquela dê três voltas girando. Depois, ela pergunta: "que que tu perdeu" E ela responde "perdi uma agulha; perdi um terçado; E todas as crianças fazem suas perguntas. Quando chega a vez da última criança, esta pergunta-lhe o que o Curupira quer comer. Quando o curupira tira a venda e vê que não tem a comida que ele pediu, sai correndo atrás das crianças e todos saem em disparada para não serem apanhados. Quem for apanhado passa a ser presa do curupira ou vai desempenhar o seu papel.
O aprendizado nas tribos, podemos dizer que é difuso, pois não existe uma única maneira de ensinar, as crianças aprendem no dia a dia com os adultos, com os mais velhos, não somente "copiando", mas participando e observando o modo como as práticas do cotidiano são elaboradas, desde cedo as crianças já são inseridas nas atividades da tribo. Todos que convivem na tribo aprendem da sabedoria do grupo, aprende do costume que tem que ser seguido nas histórias contadas, nas caçadas, nas idas a roça, nas brincadeiras, nas pinturas corporais, nos passeios na natureza e nas tarefas cotidianas. Por isso, podemos dizer que a educação na tribo ocorre na prática e diariamente, e não dentro de quatro paredes com lápis e caneta na mão, é o exercício de viver e conviver o que educa.
Essas atividades e brincadeiras contribuem muito, pois, as crianças aprendem desde cedo a valorizar sua cultura, elas são direcionadas ao tipo de educação da aldeia, onde tudo faz parte do aprendizado, adquirem resistência, habilidades e um saber grandioso. Elas vão levar para sempre cada detalhe aprendido, esse aprendizado faz parte da evolução de cada um, e para elas é muito satisfatório aprender as coisas que as pessoas que elas tanto admiravam lhes ensinaram. Esses meninos e meninas levarão para o resto de suas vidas as experiências adquiridas que os tornarão adultos competentes e íntegros, e, portanto aptos a interagirem na tribo e ensinarem a próxima geração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O livro “O que é educação?” de Carlos Rodrigues Brandão, nos ensina que não há um único padrão ou tipo de educação, e que a educação pode ocorrer nas trocas de conhecimentos com os mais velhos e até com outras crianças, o aprendizado pode ocorrer por meio da convivência e da imitação. Como podemos observar na citação abaixo:
“Nas aldeias dos grupos tribais mais simples, todas as relações entre a criança e a natureza, guiadas de mais longe ou mais perto pela presença de adultos conhecedores, são situações de aprendizagem. A criança vê, entende, imita e aprende com a sabedoria que existe no próprio gesto de fazer a coisa. São também situações de aprendizagem aquelas em que as pessoas do grupo trocam bens materiais entre si ou trocam serviços e significados: na turma de caçada, no barco de pesca, no canto da cozinha da palhoça, na lavoura familiar ou comunitária de mandioca, nos grupos de brincadeiras de meninos e meninas, nas cerimônias religiosas.” (BRANDAO, 2007.p.18).
O livro nos mostra como ocorre a educação nas tribos, isso pode ajudar na nossa formação como docentes, pois com os índios aprendemos que as crianças aprendem quando fazem atividades com os adultos como cozinhar com a mãe, arrumar o carro com o pai, costurar com a avó ou concertar coisas com o avô, nessas atividades com os mais velhos as crianças adquirem conhecimento, sabedoria e cultura. E conforme Brandão “nos grupos de brincadeiras de meninos e meninas” as crianças aprendem, pois durante uma brincadeira as crianças imitam os afazeres do adulto ou criam fantasias e usam a sua imaginação e muitas vezes em suas brincadeiras a criança cria uma relação com a natureza, por isso podemos afirmar que a brincadeira é essencial para o aprendizado da criança, e o professor deve saber explorar essa atividade em sala de aula.
Nas suas ultimas considerações, Brandão ajuda o docente a entender que é necessário renovar a forma de ensino, é necessário que ocorra uma mobilização geral de todos os docentes, pois o rumo e a velocidade das transformações do mundo moderno exigem cada vez mais, de todos os homens, uma constante reciclagem de conhecimentos e uma contínua readaptação a um mundo, conforme diz Pierre Furter:
“A Educação Permanente
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