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O Protagonismo Infantil

Por:   •  5/11/2018  •  2.244 Palavras (9 Páginas)  •  378 Visualizações

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criança tem inúmeras formas de pensar, de se exprimir, de entender e de se relacionar. Impulsionado pelas teorias psicopedagógicas inovadoras da Europa nos anos 50 e 60, como Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky (1896-1934), e John Dewey (1859-1952); e também de pedagogos italianos, como Maria Montessori, irmãs Agazzi, Bruno Ciari, o jovem Malaguzzi estava certo de que o processo pedagógico deveria ter como centro o desenvolvimento intelectual, emocional, social e moral das crianças. Ele concebeu uma proposta que usa a linguagem gráfica para explorar as formas de aprender das crianças. Desenhando, elas analisam o tema de estudo e comunicam suas ideias, mesmo antes de estarem alfabetizadas.

O pedagogo e educador de Régio-Itália, Loris Malaguzzi, foi o criador da ideia de Reggio Emília, sendo até hoje seu incentivador primordial. Foi este educador quem constituiu um princípio de ensino em que não existem as disciplinas formais e que todas as atividades pedagógicas se desenvolvem por meio de projetos. Estes projetos, no entanto, não são antecipadamente planejados pelos professores, mas, surgem através das ideias dos próprios alunos, e são desenvolvidos por meio de diferentes linguagens. O ensinamento que sustenta todo esse princípio, é a “Pedagogia da Escuta”, que foi sistematizada pelo educador italiano. Esta abordagem de Reggio Emilia se vincula a tudo o que a linguagem visual pode apresentar.

As propostas incluem pesquisa, produções artísticas e de textos, observação, discussão, entrevistas, explorações de números e o que mais for necessário para as crianças experimentarem e, com isso, avançarem. A rotina é semelhante à de nossas escolas, mas alguns pontos chamam atenção, como o fato de os pais entrarem na sala e brincarem com os filhos em vez de deixá-los na porta e a ausência de um tempo predeterminado para o encerramento de um projeto: o importante são as explorações. Os espaços contribuem para o sucesso do trabalho. As salas são amplas e interligadas, a cozinha é envidraçada para que crianças e funcionários interajam, o pátio tem áreas ao ar livre que favorecem a exploração e a curiosidade.

As lições de Loris Malaguzzi têm três grandes princípios:

A- As crianças podem compartilhar seus conhecimentos e saberes, sua criatividade e imaginação por meio de múltiplas linguagens, sem enfatizar nenhuma. As múltiplas linguagens se evidenciam através do desenho, do canto, da dança, da pintura, da interpretação, enfim, divulgadas por distintas passagens que se somam na execução do projeto e nos saberes que são construídos. Anotar, fotografar, gravar e filmar são partes principais da rotina.

B- O mundo de conhecimentos não está dividido em assuntos escolares, mas é um grupo único, onde certas áreas são sugeridas por meio de projetos com uma matéria de trabalho.

C- A interação entre o adulto e a criança deve ser uma parceria, na qual interesses e envolvimentos recíprocos devem permanecer e interagir para que um objetivo comum seja alcançado: o saber.

As escolas em Reggio Emilia têm na arte a ferramenta para o pensamento. São escolas feitas de espaços, onde as mãos e mentes das crianças se entrelaçam em uma alegria criativa e libertadora, através de uma aprendizagem real. Assim é possível constatar como a criança argumenta e se expressa, o que produz com suas mãos, como brinca, como debate ideias, como sua investigação funciona.

O plano é inserido como um desafio e envolve conhecimento de exploração e discussão em grupo. Após esta primeira fase, há representação e expressão, através do uso de meios peculiares: desenho, movimento, jogos, construção com materiais que abrangem a Arte e a estética, que são partes essenciais da maneira como a criança compreende e concebe o mundo. Há um respeito muito grande pelas idéias das crianças nas suas variadas demonstrações, identificando esse trabalho na perspectiva de um pesquisador.

Partindo do pressuposto de que a criança nasce com as suas “cem linguagens”, segundo o texto escrito por Malaguzzi, a pedagogia da Reggio Emilia assume que os adultos têm como tarefa prioritária, a escuta e o reconhecimento das múltiplas potencialidades de cada criança, observada e atendida em sua individualidade.

Para tanto, as escolas criam espécie de “laboratórios do fazer”, que combinam as tradicionais linguagens gráficas, pictóricas e de manipulação (modelos e maquetes), mas também as do corpo, ligadas ao movimento, as da comunicação verbal e não-verbal, as linguagens icônicas, o pensamento lógico, científico, natural, discussões éticas, e manejo de ferramentas multimídia, sempre objetivando que a criança aprende “com todo corpo”, de forma fluída e permanentemente integrada.

As palavras comuns entre os professores de Reggio Emilia, são “cívico” e “civil”. Dizem e acreditam que a criança tem direito à civilidade, à civilização e à vida cívica. Afirmam que uma criança habilidosa produz transformação nos sistemas em que está vinculada e torna-se uma elaboradora de cultura, valores e direitos. Os educadores promovem os processos de aprendizagem cooperativos e o trabalho em conjunto. Na comunidade de aprendizes, todos os partícipes são ativos: ninguém possui responsabilidade total. A finalidade é interdependência em lugar de independência, e o pensar “com os outros” em lugar de “por si mesmo”, isso envolve cidadania e significa basicamente compartilhar e tornar-se protagonista na sociedade. O conceito de protagonismo infantil envolve uma concepção distinta da infância e de sua participação como atores sociais. Reconhecer as crianças como atores sociais, tanto em suas próprias vidas como a escala social, exige que os reconheçamos como pessoas com direitos, indivíduos com critérios, capacidades e valores próprios, participantes de seu próprio processo de crescimento e desenvolvimento pessoal e social.

O protagonismo, definitivamente, não é só uma proposta conceitual, senão que possui de modo inerente um caráter político, social, cultural, ético, espiritual, que, portanto, reclama uma pedagogia e convida a repropor o ‘status’ social da infância e do adulto, de seus papéis na sociedade local e no conceito dos povos”. Protagonismo significa também assumir responsabilidades, contribuir e construir conjuntamente, em tal sentido o considera como ponto de união, de encontro, não compatível com nenhuma forma de separação ou dispersão. Implica interação e interrelação com o seu ambiente, com os outros. Não é um eu protagonista, é um nós; o protagonismo,

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