Função Social da Escola
Por: kamys17 • 31/5/2018 • 1.711 Palavras (7 Páginas) • 505 Visualizações
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Está em estudo a implantação da Base Nacional Comum Curricular que vai definir “os conhecimentos e habilidades essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória da Educação Básica, ano a ano, desde a educação infantil até o ensino médio” (5). De acordo com a pesquisa “Conselho de Classe – A visão dos professores sobre a educação no Brasil”, encomendada ao IBOPE Inteligência pela Fundação Lemann e com o apoio do Instituto Paulo Montenegro, realizada no segundo semestre do 2014 aponta que 93% dos professores concordam “que saber o que é esperado que o aluno aprenda a cada ano escolar facilita o trabalho do professor” (6)
É neste cenário, nesta conjuntura política que está inserida a nossa escola, tal qual na Belíndia. Temos escolas que representam ilhas de excelência destinadas a classe dominante e escolas destinadas a uma grande massa, vitimas do processo de seletividade. Neste meio encontramos uma classe média itinerante que na base da superação consegue concluir o ensino superior para suprir a elite de mão-de-obra qualificada.
Mas como mudar esta realidade se a escola da sociedade capitalista tem caráter antidemocrático. Como construir uma escola que propicie “acesso à cultura socialmente valorizada, de formação do cidadão e de constituição do sujeito social”? Como superar os entraves financeiros se investimentos necessários à educação não são disponibilizados, ora por questões ideológicas, ora por problemas econômicos?
Para romper este quadro instável em relação as verbas destinadas a educação é necessário leis inflexíveis. A sociedade deverá eleger representantes comprometidos com a educação que rompam com a elite e que promovam um salto de qualidade na educação para esta revolucionar o Brasil. Conforme o Senador Cristovam Buarque é um desafio político. “É preciso aceitar que a educação é a grande necessidade nacional e que é possível mudar, superando uma crise estrutural com planejamento para as próximas décadas” destaca o ex-ministro da Educação que defende proposta de federalizar o ensino (7).
Mas a resolução dos os problemas financeiros não é garantia de uma escola de qualidade, que além de eliminar tanto o analfabetismo absoluto como o analfabetismo funcional, deverá ser um ambiente democrático, transformador, libertador e de inclusão.
Para termos um projeto político pedagógico real conforme preconiza o Bueno (2001) é necessário, em princípio o rompimento com o paradigma positivista, é necessária a introdução de uma nova proposta que contemple a diversidade e possibilite uma mudança nos valores da escola.
O PPP deve explicitar as características que gestores, professores, funcionários, pais e alunos pretendem construir na unidade e qual formação querem para quem ali estuda. A elaboração do plano pode ajudar a equipe escolar e a comunidade a enxergar como transformar sua realidade cotidiana em algo melhor.
Também é comum que o plano seja feito somente para cumprir a legislação sem nenhuma consequência para a escola. Neste caso é necessário melhorar a gestão. É inaceitável que diretor de escola seja indicação política. Além de não proporcionar uma escolha democrática, o indicado geralmente não está preparado para o cargo ou está amarrado politicamente ao indicador.
Como fonte para elaboração deste trabalho fui pesquisar os projetos políticos pedagógicos as escolas públicas da minha região Florianópolis/SC. Das 22 escolas pesquisadas apenas uma tinha site, a maior escola pública de Santa Cataria, mas o PPP não estava disponível e outra escola tinha um blog com publicação do PPP. Os aplicativos muito pobres, extremamente mal feitos sem nenhuma interatividade. Nesta famigerada era digital desperdiçar este canal de comunicação e integração é inadmissível. Isto mostra que além de recursos é necessário postura, vontade e determinação para inovar, construir alternativas e melhorar a educação.
Considerações finais
A elaboração deste trabalho foi interessante. Aprendi muito nas pesquisas. PPP, BNCC, LDB, tudo novidade. Mas foi na relação nefasta entre concentração de renda e a educação que mais incomodou porque “o mecanismo pelo qual a educação e a concentração de renda se relacionam e retroalimentam é o seguinte: quanto maior a renda familiar de uma criança ou um jovem, maior é o número de anos de estudo que terá e melhor a qualidade da educação que receberá; de outro lado, quanto melhor a escolarização, maior será sua renda futura. A combinação desses dois efeitos forma um círculo vicioso que contribui para perenizar a atual desigualdade de renda no país” (8).
Mas também fiquei animado porque se há uma chance de modificar a realidade atual é através da educação. A construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e acolhedora da diversidade necessariamente passa pela escola e consequentemente pela mão do professor.
Transcrevo a experiência abaixo para ilustrar as possibilidades de transformação:
MUDANÇA À PORTUGUESA
Um grupo de professores bateu à porta do diretor da EM Pres. Campos Sales, na favela de Heliópolis, em São Paulo, com uma queixa: eles achavam que as salas de aula não funcionavam como espaço de aprendizagem. Insatisfeito em ver as crianças ociosas devido às faltas dos docentes, Braz Rodrigues Nogueira imediatamente concordou com a crítica e topou o desafio. A partir daí, todos começaram a discutir uma nova proposta pedagógica. "Até então, o que imperava era a 'pedagogia da maçaneta', em que a porta fechada impedia qualquer troca entre os professores e a melhoria daqueles que apresentavam deficiências", conta Nogueira. Assim, o grupo começou a se aproximar da experiência da Escola da Ponte, em Portugal, pesquisando soluções para a própria realidade. A proposta acordada pela equipe foi que professores e alunos se beneficiassem com trabalhos em grupo, o que culminou na reestruturação física da instituição. Agora, ela tem salas amplas para receber classes maiores e, assim como na escola portuguesa, as crianças contam com um roteiro de estudos, acompanhado de perto pelos professores. "A comunidade abraçou a proposta porque percebeu que seus filhos passaram a estudar mais", diz o diretor. "Mas encontramos dificuldade com os professores novos, que não estão acostumados a esse sistema." (9)
Referencias bibliográficas
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