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FAMÍLIA E ESCOLA: PARCERIA NECESSÁRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por:   •  19/11/2018  •  13.915 Palavras (56 Páginas)  •  276 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Tratar da educação infantil é um fato que deve ser delineado de maneiro cautelosa, ainda mais quando se direciona ao papel da família e da escola, isso tudo porque temos contatado uma ambiguidade na relação entre profissionais de Educação Infantil e famílias. Ao mesmo tempo em que admitem a importância da relação família/instituição para o trabalho pedagógico, já que o espaço familiar constitui-se, em geral, no primeiro ambiente no qual a criança convive, costumam ter dificuldades para lidar com os pais ou responsáveis. Ora se sentem desconfortáveis com sua presença nas instituições, ora sua ausência é tida como uma transferência de papéis da família para os educadores.

Diversas situações são motivos de queixas por parte dos profissionais: pais que não leem os bilhetes enviados pela instituição, que não mandam os pertences da criança em ordem, que não aparecem nas reuniões, que atrasam para buscar a criança, que não atualizam números de telefone e assim por diante. Para os profissionais se constrói a imagem de uma família que vê a instituição como “depósito de crianças” - expressão utilizada por muitos educadores.

Por outro lado, observa-se que as famílias também têm questões mal resolvidas com a instituição, manifestadas por comportamentos que passam de demonstrações de desconfiança, disputa, a receio em apresentar suas insatisfações por acreditar que seu filho possa não ser bem tratado pelos profissionais.

Comumente pais têm queixas quanto à mordida que seu filho recebeu de outra criança, os pertences desaparecidos, o ensino que está “fraco”, enfim, são diversas as situações envolvendo descontentamento por parte das famílias com relação à instituição - e vice-versa. Sendo assim, um quadro de desencontro tem se instalado e sugerido que a instituição (re)pense formas de trabalhar com as famílias – eis o problema desta pesquisa, o que depende das concepções que possui acerca da criança, da família, da Educação Infantil e de seus profissionais, segundo nossa hipótese.

Vários estudos têm demonstrado o papel da relação entre família e instituições de Educação Infantil para o desenvolvimento a criança. Corroborando tais estudos, os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (2006), documento do Ministério da Educação e Cultura – MEC aponta a relação estabelecida com as famílias das crianças como um dos aspectos relevantes para a melhoria da qualidade na Educação Infantil. Em se tratando da Educação Infantil, a importância da relação com as famílias se intensifica, pois “...quando as crianças estão iniciando a vida escolar, é fundamental que os pais conheçam, conheçam a nossa proposta e nos deixem conhecer.” (SANTOS, 2001, p.110), daí a relevância desta pesquisa nesta modalidade de ensino. A discussão presente neste texto assume a ideia de que criança, família e instituição de Educação Infantil mantêm relações entre si, resultado de determinações históricas, sociais, por isso, a importância de se pensar a criança considerando o conjunto desses fatores que se inter-relacionam.

Acreditamos ser necessário refletir sobre a concepção de família considerando-a como uma construção histórica e social e, que, portanto, está em permanente mudança, desfazendo-nos da concepção de família como algo natural e atrelado a um modelo pré-estabelecido. Diversas práticas apontam para um modelo de família idealizada, porque se acredita que há um modelo de ser família e de educar os filhos e tudo o que se desvia desse padrão deve ser “corrigido”, sob o risco de a família tornar-se uma ameaça ao desenvolvimento da criança.

Também é defendida neste trabalho a ideia de que “cada criança é valorizada como criança, não somente pelo que os adultos querem que ela venha a se tornar no futuro”. Nessa concepção “ela é tida como ativa e participativa, como um aprendiz mais do que como um alvo de ensino”. (GANDINI e EDWARDS, 2002). Assumir tal concepção implica numa postura perante a realização de trabalhos voltados às famílias que, além de considerar as crianças como pessoas que têm direito a um ambiente favorável de aprendizagem marcado pelo diálogo entre instituição e família, também as entende como participantes ativas desse processo.

O artigo 21, inciso I da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº. 9.394/96 define a Educação Infantil como “primeira etapa da educação básica”. No artigo 29 aborda a finalidade da Educação Infantil: “O desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Além disso, a lei exige que as creches e pré-escola devam integrar-se aos sistemas de ensino. A partir de então, evidencia-se o caráter educativo a ser assumido pelas instituições destinadas à primeira infância, já que historicamente estas possuíam um caráter basicamente assistencial, voltadas às crianças geralmente carentes, cujas mães necessitavam trabalhar e não tinham com quem deixar seus filhos, recorrendo, portanto, às instituições.

A concepção defendida é de que, além de se constituir um local para todas as crianças, sem o estigma de um lugar para a criança pobre ou de preparação para a aprendizagem escolar, como historicamente é vista, a instituição de Educação Infantil possui sua especificidade, diferenciando-se da família. Em razão disso, os profissionais de Educação Infantil também não podem ser considerados como pais e mães substitutos, segundo Dahlberg (2003). Se o profissional de Educação Infantil não deve ser um substituto da família, entendemos que este deve, de fato, assumir o papel de profissional, possuindo competência para realizar seu trabalho, superando a ideia de que para ser educador de crianças basta ser mãe ou “ter jeito”.

No lugar de substituição e inversão de papéis, o papel do profissional consiste em desenvolver práticas de aproximação entre pais e educadores, construindo uma parceria. (TIRIBA, 2001). Assim, os profissionais assumem um papel importante na relação entre instituição de Educação Infantil e famílias. “Os professores parecem ser os primeiros artesãos, até mesmo os responsáveis pelo que a escola faz às famílias.” (PERRENOUD, 2000, p. 112).

Magalhães (2007) afirma que as realidades americana e portuguesa apontam a falta de formação dos profissionais como uma das grandes barreiras ao envolvimento

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